Tributo a Liszt
Pela primeira vez na cidade de Curitiba serão interpretados os dois concertos para piano e orquestra de Liszt na mesma noite. Fazer isso é como subir o Himalaia sem tubo de oxigênio.
A produtora do pianista Álvaro Siviero, Amigo das Escolas da AEP, aprovou no Ministério da Cultura e viabilizou o patrocínio com a empresa Panco, a apresentação no Teatro Guaíra.
A AEP e a ASEC serão uma das entidades beneficiadas pela arrecadação oriunda da venda dos ingressos.
Os ingressos estão à venda na bilheteria do Teatro Guaíra.
Seguem algumas informações do evento:
Artistas:
Álvaro Siviero, solista (www.alvarosiviero.com)
Orquestra Filarmônica do Paraná
Paulo Torres, regente
Programa
Primeira Parte
Liszt – Concerto n.1 para piano e orquestra em mi bemol maior S.124
I. Allegro Maestoso
II. Quasi Adagio
III. Allegretto vivace – Allegro animato
IV. Allegro marziale animato
Intervalo
Segunda Parte
Liszt – Concerto n.2 para piano e orquestra em lá maior S.125
I. Adagio Sostenuto Assai
II. Allegro Agitato Assai
III. Allegro Moderato – Allegro Deciso
IV. Marziale un poco meno allegro – Allegro animato
Serviço:
O que significa Liszt?
Um mito, um dos maiores pianistas que o mundo conheceu. Técnica precisa, sonoridade perfeita, carisma absoluto, energia de palco contagiante e presença física marcante. Um artista completo que revolucionou o seu tempo, transformando o piano em pirotecnia. Foi, além disso, o criador do conceito de recitais e concertos tais como hoje conhecemos.
O que significa a obra de Liszt?
O pináculo do virtuosismo. O encontro de Liszt com o violinista italiano Nicolo Paganini, em Paris, foi decisivo na mudança de enfoque que Liszt imprimiu em suas composições. Paganini, afirma a lenda, tensionava ao limite as cordas do seu instrumento para que propositalmente estourassem durante a performance. A platéia, eletrizada, entrava em frenesi ao verificar que Paganini, mesmo com cordas estouradas, terminava sua execução de modo impecável. Chamavam-no encarnação do demônio. Pois bem, o que faz de Liszt um compositor temido é ter transferido esse conceito ao piano.
Fale algo sobre os Concertos n.1 e n.2 do autor.
As versões finais dessas obras surgiram após longo e intenso processo criativo. Foram intensamente revisadas pelo autor. O Concerto n.1, para se ter uma idéia, demorou 26 anos para nascer. Sua première ocorreu com o próprio Liszt, então com 45 anos, como solista e seu amigo Hector Berlioz como regente. Para a estréia do Concerto n.2, que ocorreu no ano seguinte, Liszt decidiu atuar como regente e seu aluno Hans Von Bronsart como solista. Mas foram 18 anos de gestação. Suas estréias ocorreram em Weimar.
Elas guardam algum tipo de semelhança?
Uma análise superficial diria que sim, dado que estes dois grandes concertos são interpretados sem pausa entre seus movimentos. Neles não há o perigo de aplausos em local errado (risos). Quando abandonamos esse olhar desprovido de conteúdo e adentramos no DNA das duas obras, descobrimos que elas são essencialmente distintas. O célebre Concerto n.1 transforma o piano em “showman”, onde o virtuosismo salta aos olhos de qualquer um que o escute. O Concerto n.2, não por isso menos difícil tecnicamente, transforma o solista em apoio e alicerce para criar todas as variações que o tema propõe, ora exposto pelos sopros, ora pelo violoncelo ou até mesmo por toda a orquestra, em ritmo marcial, onde o solista tem um papel rítmico fundamental, realçando a enorme originalidade deste formato. Mas chama a atenção o fato de Liszt não atribuir ao solista, em nenhum momento desta obra, a execução completa do tema. Sem dúvida, os dois concertos gozam de uma enorme estrutura orgânica, revelando a força de criação do mestre húngaro. Verdadeiros capolavoro.
O que significa para você interpretar Liszt?
Uma viagem no tempo e no espaço.
Por Carolina Corção
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