Theatro Municipal apresenta O Contractador de Diamantes, ópera do brasileiro Francisco Mignone, que ganha versão inédita em português
Importante obra nacionalista é repatriada em seu idioma e destaca entre seus momentos mais celebrados a Congada, marco para a presença negra no palco do Municipal de São Paulo no século XX. Com quatro récitas, nos dias 28, 29, 30 de junho e 2 de julho, o espetáculo que foi montado no ano passado no Teatro Amazonas terá direção cênica de William Pereira e direção musical de Alessandro Sangiorgi.
Um século após sua estreia no palco do Theatro Municipal de São Paulo, a ópera brasileira O Contractador de Diamantes retorna à casa. Terceira obra da temporada lírica e primeira de autoria nacional, nos dias 28, 29, 30 de junho e 2 de julho, a criação do paulistano Francisco Mignone será apresentada com direção cênica de William Pereira, direção musical de Alessandro Sangiorgi, que fará a regência da Orquestra Sinfônica Municipal, e participação do Coro Lírico Municipal, sob a regência de Érica Hindrikson. Em uma coprodução do Festival Amazonas de Ópera (FAO), essa montagem de O Contractador de Diamantes será cantada em português pela primeira vez na história.
O elenco de solistas contará com Lício Bruno, Felisberto Caldeira; Lidia Schaffer, Dona Branca Caldeira; Rosana Lamosa, Cotinha Caldeira; Giovanni Tristacci, Camacho; Douglas Hahn, Magistrado; e Mar Oliveira, Maestro Vicente. Os ingressos variam de R$12 a R$165 (inteira), com classificação indicativa não recomendada para menores de 10 anos e duração total de aproximadamente 180 minutos, com intervalo.
A ópera O Contratador de Diamantes, de Francisco Mignone, voltou a ser apresentada no 25º Festival Amazonas de Ópera, realizado no Teatro Amazonas, após anos perdida e fora dos repertórios. A obra, composta por três atos e originalmente com libreto em italiano de Gerolamo Bottoni, se baseia no drama homônimo escrito por Affonso Arinos.
“O resgate de O Contratador de Diamantes foi por iniciativa do maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor do Festival Amazonas de Ópera, que coproduziu essa montagem. Sabia-se que o primeiro e segundo atos estavam intactos, mas o terceiro havia se perdido, restando apenas uma redução para piano. A Academia Brasileira de Música incumbiu o maestro Roberto Duarte de resgatar o terceiro ato, dado seu conhecimento em música brasileira”, explica William Pereira, diretor da ópera.
Ambientada no século XVIII, em Minas Gerais, mais especificamente na atual cidade de Diamantina, a história narra a vida de Felisberto Caldeira, o terceiro contratador de diamantes do Brasil. Caldeira é um aristocrata que possuía um contrato para a exploração de ouro e diamantes, vislumbrando a emancipação da colônia. A ópera também trabalha a relação entre sua filha e Camacho. O cenário é inspirado na plateia da Casa da Ópera de Ouro Preto, espaço que também é um marco para a música no Brasil, construído de 1746 a 1770, sendo o mais antigo teatro do continente.
Dessa maneira, O Contractador de Diamantes trata de temas caros aos mitos nacionais e como uma forma de reapresentá-la ao público brasileiro, para a nova montagem foi tomada a decisão de seu texto ser em português, algo que é inédito. “Existem questões históricas, pois Mignone era um jovem estudante na Itália e O Contractador de Diamantes fazia parte de seu processo de aprendizado durante sua temporada de estudos. A ideia é criar a obra e resgatar a peça, acreditando que uma ópera com discurso nacionalista brasileiro não faria sentido em italiano. Por isso, decidiu-se repatriar essa ópera”, pontua o diretor.
A peça original, de Arinos, foi encenada no Theatro Municipal em 1919 e causou grande impacto devido ao seu conteúdo nacionalista e pela inédita presença de artistas negros no palco do teatro. Este evento foi tão significativo que a cena da congada se destacou e se tornou um marco para a música brasileira e, é claro, na nova montagem, ela será reapresentada ao público por artistas de dança negros e negras.
“A congada acabou se tornando o momento mais famoso da ópera, tendo sido tocada até pela Filarmônica de Viena, regida por ninguém menos que Richard Strauss. Acredito que seja o elo mais importante para que, musicalmente falando, o nacionalismo brasileiro se faça presente nesta ópera, que musicalmente é mais ligada ao fim do século XVIII e início do XIX: as assonâncias com Puccini e Mascagni são evidentes. Evidentemente a congada traz um olhar musical para a cultura popular brasileira”, explica o maestro regente do espetáculo, Alessandro Sangiorgi.
Nesse sentido, Mignone é um importante representante do movimento conhecido como nacionalismo musical. Essa será uma oportunidade única para o público brasileiro ser reintroduzido a sua obra, a partir de novos paradigmas. O compositor buscava, por meio da música clássica, revelar a riqueza do folclore brasileiro, ao mesmo tempo em que incorporava influências de outras tradições musicais como a italiana, por exemplo, trazendo um olhar modernista e antropofágico que é tão vocacional do Theatro Municipal de São Paulo.
SERVIÇO
O Contractador de Diamantes
Ópera em três atos de Francisco Mignone com libreto em italiano de Gerolamo Bottoni.
28/06/2024, 20h
29/06/2024, 17h
30/06/2024, 17h
02/07/2024, 20h
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
CORO LÍRICO MUNICIPAL
Alessandro Sangiorgi, direção musical
Érica Hindrikson, regência do Coro Lírico Municipal
William Pereira, direção cênica
Giorgia Massetani, cenografia
Caetano Vilela, iluminação
Olintho Malaquias, figurino
Ângelo Madureira, coreografia
Malonna, visagismo
Ligiana Costa, dramaturgismo e versão em português
Ana Vanessa, assistente de direção cênica e direção de palco
Lício Bruno, Felisberto Caldeira
Lidia Schaffer, Dona Branca Caldeira
Rosana Lamosa, Cotinha Caldeira
Giovanni Tristacci, Camacho
Douglas Hahn, Magistrado
Mar Oliveira, Maestro Vicente
Andrey Mira, Taverneiro
Daniel Lee, Capitão Simone da Cunha
Sandro Bodilon, Chefe dos Mineradores
David Marcondes, Dom Cambraia
Rafael Thomas, Sampaio
Sérgio Sagica e Sebastião Teixeira, os Guias
Elayne Caser, Moça 1
Ludmila de Carvalho, Moça 2
Monica Martins, Moça 3
Keila de Moraes, Moça 4
Heloisa Junqueira, Moça 5
Laryssa Alvarazi, Moça 6
Duração aproximada: 180 minutos (com intervalo)
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 10 anos – Pode conter histórias com conteúdo violento e linguagem imprópria de nível leve.
Ingresso de R$12,00 a R$165,00 (inteira)
Assessoria de imprensa
André Santa Rosa – (82) 99329-6928
andre.lima@theatromunicipal.org.br
SOBRE O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras).
Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado. Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.
Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.
Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
Quem apoia institucionalmente nossos projetos, via Lei de Incentivo à Cultura: Nubank, Bradesco, IGC Partners, Lefosse, Banco Daycoval e Grupo Splice. Pessoas físicas também fortalecem nossas atividades através de doações incentivadas.
SOBRE A SUSTENIDOS
A Sustenidos é a organização responsável pela gestão do Conservatório Dramático e Musical de Tatuí, do Theatro Municipal de São Paulo e dos programas Musicou, Som na Estrada e MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange); e pelos festivais Ethno Brazil e Big Bang. Foi responsável pela gestão do Projeto Guri, programa de ensino musical, no litoral e no interior do Estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA, de 2004 a 2021. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos, eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm suporte fiscal da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir no site da Sustenidos.
Quem apoia nossos projetos: Nubank, CTG Brasil, VISA, Bradesco, IGC Partners, Lefosse, Banco Daycoval, Bayer, Cipatex, Sicoob, Grupo Splice, Lei Paulo Gustavo e Microsoft.
Por André Santa Rosa
Deixe um comentário