STILLE NACHT, NOITE FELIZ UM ETERNO APELO À PAZ, CANTADA POR MUITOS MILHÕES DE VOZES, EM TODO O MUNDO…

Foto arquivo pessoal Engelbert Schlögel

Viver o Advento e poder ir se prepando para a chegada do Natal, seja onde for, sempre terá muita luz se conseguirmos plantar ou manter, em nossos corações, a boa energia que ele nos traz e as significativas referências que alimentam o nosso espírito: uma delas, a canção Noite Feliz, originalmente Stille Nacht, aqui da Áustria.

Cada vez que vivencio alguma atividade neste período do ano, não posso deixar de pensar e sentir a importância que tem na vida de tanta gente. Revigoram-se  símbolos natalinos que nunca se perdem com o tempo – e que iluminam, acima de tudo, o verdadeiro espírito de Natal. É sobre um deles que quero compartilhar algumas palavras…

Em 24 de dezembro de 1818, o padre austríaco Joseph Mohr pediu a seu amigo organista Franz Xaver Gruber que compusesse a melodia para um poema escrito por ele. Nascia, assim, “Stille Nacht, heilige Nacht” (Noite Silenciosa, Noite Sagrada), uma das mais famosas canções natalinas, traduzida para mais de 300 idiomas e conhecida, em português, como Noite Feliz. Quem, no Brasil, nunca escutou esta música que é um verdadeiro hino natalino?

Naquela noite, Mohr e Gruber executaram a música, pela primeira vez, durante as celebrações natalinas da igreja de São Nicolau, em Oberndorf bei Salzburg.

Hoje, a canção é onipresente no Natal, figurando, desde 2011, na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Aqui na Áustria, o orgulho por ter a Stille Nacht como referência cultural natalina tão fervorosa no mundo, há mais de 200 anos, faz com que a noite de Natal seja ainda mais emocionante. E isso é realmente intenso!

Conta a história que “o Cristianismo levou a Stille Nacht para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela se transformou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global, sendo crescentemente cantada por mais de 2 bilhões de pessoas no mundo”.

Entretanto, com o tempo, houve diversificação da letra. No Brasil, por exemplo, a primeira estrofe que abriga a frase “pobrezinho nasceu em Belém” é  inexistente no poema austríaco. As chamadas traduções são poesias adaptadas que tentam manter a mensagem do texto, mas precisam levar em consideração o ritmo e as rimas (da língua).

Geralmente, as traduções buscam manter o sentido central da canção: o Natal como festa da redenção e sinal de paz. Mas nem sempre foi o caso, como prova a Weihnachtsringsendung, a versão nazista do cântico. O regime de Hitler (nascido austríaco) tinha um problema óbvio com Natal: Jesus era judeu. E o antissemitismo estava no centro da existência da ditadura nazista. Por isso,  tentaram remover todo o contexto religioso da celebração. Isso incluía reescrever canções natalinas sem referências a Deus, Cristo ou fé. Esse fato histórico é inegável, mas não passou de um curto período na história da canção, pois a Stille Nacht voltou com sua força total ao mundo logo após a II Guerra.

Particularmente, há alguns anos, quando eu participava no coro da igreja em minha paróquia (Graz-Mariahilf), podia viver a inesquecível e emocionante sensação de cantar Stille Nacht, na Missa do Galo, aqui em Graz. Há momentos na vida em que o conceito de exaltação é possível de ser vivido, como foi aquele para mim…

Acredito que cantarmos a Stille Nacht pelo mundo – seja por meio de quem, onde ou por que idioma for – possa unir milhões de pessoas, também neste nosso NATAL 2024, especialmente para rogarmos pelo fim das atuais guerras.

Música Stille Nacht

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Engelbert Schlögel

engelbertschlogel@gmail.com

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