Por que aprender sobre Carnaval é importante para a formação dos estudantes?
Festa estimula competências artísticas e criatividade, explicam especialistas
Desfilar fantasiados em carros alegóricos e tocar bateria são algumas atividades que os estudantes podem fazer nas escolas para festejarem o Carnaval (13 de fevereiro). E também para desenvolverem autonomia cultural e pessoal, afirmam educadores das escolas Lourenço Castanho, Lumiar e Colégio Progresso.
“As escolas podem ampliar as possibilidades dos estudantes com a criação de um bloco de carnaval próprio, confecção de uma fantasia autoral e leitura de mundo sobre as diferentes festas”, reforça Karla Lacerda, diretora pedagógica da Escola Lumiar Santos. Mas estudar o Carnaval como registro cultural do Brasil é o que de melhor pode ser feito com a comunidade escolar, pois ela acrescenta que a festa é “resultado genuíno da atividade humana, em que a criatividade é o convite para criar e recriar as relações humanas”.
O estudo do Carnaval enquanto manifestação cultural é recomendado para desenvolver competências criativas que serão exigidas no mundo do trabalho, conforme pesquisa de 2023 ‘Artes e Esportes: Relação com desenvolvimento humano integral’, do Instituto Itaú Social. “O ensino das artes desenvolve competências mais adequadas não somente para lidar com os desafios pedagógicos atuais, mas para a promoção de competências que serão econômica e socialmente importantes nas sociedades futuras”, segundo o levantamento.
Aprendendo cultura e identidade
Enquanto ferramenta de aprendizado, o Carnaval incentiva a colaboração e a criatividade, exemplifica Darlene Bocalini, coordenadora pedagógica do Colégio Progresso Santos. “Como boa prática, temos a construção de protótipos de carro alegórico das escolas de samba. Os alunos estudam as características da composição de um desfile, escolhem um enredo e desenvolvem a sua proposta artística. A finalização é um grande desfile desses carros.”
Na Escola Lourenço Castanho, os alunos terão aulas introdutórias sobre a história do Carnaval e os que se interessarem farão aulas de bateria, disse Paulo Dalcheco, orientador educacional e membro do cordão carnavalesco Kolombolo Diá Piratininga. “O Carnaval é uma manifestação cultural e, ao mesmo tempo, dá o pontapé inicial para formarmos uma bateria de alunos.” O cordão de Paulo vai tocar na escola na quinta pré-Carnaval (dia 8).
Criatividade é o que importa
Criar histórias animadas sobre o Carnaval também faz parte do leque de atividades escolares, acrescenta Vitor Azambuja, cofundador do De Criança Para Criança (DCPC), metodologia de educação infantil que incentiva o aprendizado por meio da produção de animações a partir de histórias criadas, desenhadas e narradas por crianças.
“O que fazemos com o DCPC é abrir a mente das crianças, fazer com que elas transformem o que elas já entendem em uma coisa surpreendente. Podem ser novos enredos de Carnaval, fantasias e músicas dentro de histórias contadas por elas mesmas. A imaginação vai muito longe”, disse.
Para Giba Barroso, cofundador do DCPC e sócio de Vitor, uma criança que aprende a usar a imaginação terá repertório mais amplo para planejar sua vida. “O fato de criar histórias vai permanecer dentro da memória afetiva dos alunos, e isso vai acompanhá-los para o resto da vida.”
Um dos vídeos, “Carnaval na Escola” (https://www.youtube.com/watch?v=PQEhgYTKTb0), foi feito por alunos da 4ª série do Ensino Fundamental do Colégio Progresso Bilíngue Vinhedo. A história é sobre um grupo de alunos que querem pular Carnaval na escola e precisam convencer a diretora a aceitar a ideia.
Para Karla, os aprendizados que o Carnaval proporciona são vários, mas eles devem se relacionar com o desenvolvimento da identidade cultural e autonomia. “Reconhecer e entender a sua identidade cultural pode ser um primeiro passo para a construção da autonomia.”
Por Bartira Betin
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