Mostra “Leite de Pedra”, de Guta Galli, escancara relação entre o capitalismo e o corpo feminino no Canteiro – Campo de Produção em Arte Contemporânea, em São Paulo

Suas pesquisas feministas estudam as interseções entre gênero, poder e violência

Sugar Daddy Capitalism II. Divulgação

A artista visual Guta Galli apresenta a exposição “Leite de Pedra” até
sábado (06 de maio de 2023) no Canteiro – Campo de Produção em Arte
Contemporânea, na Vila Madalena, em São Paulo. Reunindo obras recentes –
desenhos, vídeo-performances, fotos, uma performance com instalação e
escultura sonora – entre 2019 e 2023, a mostra tem o acompanhamento do
processo e texto curatorial assinados por Jessica Fertonani Cooke (em
parceria com a própria Guta).

Em seu trabalho atual, ela – que viveu expatriada nos EUA durante 5,5
anos, investiga como os últimos estágios do capitalismo e suas ideias
radicais de liberdade impactaram o trabalho e o corpo humano, usando
diferentes suportes, como a performance, o vídeo, a instalação e a
fotografia.

Serão apresentados 4 vídeos (sendo 3 vídeo-performances de durações
variadas), 13 desenhos (série “Puérperas”), 4 fotografias de uma foto
performance, 1 performance de longa duração 4h (que dá título à mostra),
com 8 mulheres lactantes, e uma instalação sonora no Canteiro.

Em “Matrescência” (2021-2023), as artistas visuais Guta Galli e Jessica
Fertonani Cooke estão presas em um malha branca, caminhando montanha
acima, onde depois acontece um ritual fúnebre. A peça discute o luto
durante o processo de se tornar mãe. Já em “Sugar Daddy Capitalism”
(2020), Guta – então grávida, segura um senhor nos braços, como uma
referência a Pietà (tema da arte cristã em que é representada a Virgem
Maria com o corpo morte de Jesus Cristo nos braços), enquanto uma chuva
de açúcar cai sob a dupla vindo de funis de metais. A ação foi pensada
como uma performance e quando estava agendada, foi cancelada pois era o
primeiro dia de lockdown em São Francisco, nos Estados Unidos, em
março/2020.

“Ela (Guta) utiliza seu corpo e sua própria experiência para pesquisar
e elaborar as várias camadas em que o capitalismo neo-liberal se
utiliza da biologia e de construções do gênero feminino para girar a
roda da economia”, reforça Jessica no texto curadorial feito a quatro
mãos. Jessica também está trabalhando em colaboração no filme ‘As
Vacas Que Me Perdoem’, um longa-metragem onírico-épico sobre ciclos de
violência mantidos no inconsciente coletivo.

Sobre a artista
Atualmente residindo na cidade de São Paulo, Guta Galli é artista
interdisciplinar que trabalha com performance, vídeo, fotografia e
pintura, sempre usando o corpo como base e eixo em sua produção.

Possui Pós-graduação em Fotografia (FAAP – São Paulo) e Mestrado em
Artes com foco em Novos Gêneros da Arte Contemporânea na San Francisco
Art Institute – EUA.
Nos últimos anos, enquanto morava no Vale do Silício, nos Estados
Unidos, investigou como o neoliberalismo patriarcal e a informalidade
radical da ‘gig economy’ impactaram os corpos contemporâneos. Em 2020
tornou-se mãe, e desde então acrescentou aos temas que já explorava um
novo eixo: a matrescência.

Expôs individualmente em Rotterdam (Brazil Rotterdam Festival /
Holanda), São Francisco, Califórnia (Black & White Projects Gallery e
São Paulo (Matilha Cultural e Assembléia Legislativa de São Paulo), e
também participou de várias feiras de arte e exposições coletivas em São
Paulo (SP-ARTE, Galeria Lume e Museu Afro Brasil), Rio de Janeiro
(RIO-ARTE), Brasília, Santiago (Char.CO), Roma (Biennale) e nos Estados
Unidos, onde também teve exposições coletivas e individuais no San
Francisco Art Institute, SOMArts, SFMOMA, Contemporary Jewish Museum, De
Young Museum (SF), MUSEU BAMPFA (Berkeley), Berkeley Art Museum, Startup
Art Fair (SF e LA), Root Division (SF), Woman Made Gallery (Chicago)
,Amos Enos Gallery (NY), The Reece Museum (Tennessee), The Collective
(Denver) e outros.  https://www.gutagalli.art/

Sobre a colaboradora
Jessica Fertonani Cooke é uma artista multidisciplinar brasileira que
trabalha com performance, vídeo, pintura e instalações sonoras. Suas
obras estudam as identidades mestiças sob a ótica das teorias
Decoloniais, Feministas e Latinxs da América (Norte/Sul). Sua
experiência ativista com comunidades indígenas, principalmente Tohono
O’odham e Guarani, informa sua pesquisa, que orbita em torno de rituais,
traumas e histórias apagadas em territórios politicamente carregados.
Desde 2018, com seu trabalho na fronteira EUA/México, inaugurou-se uma
nova prática, que investiga técnicas psicomágicas como uma ferramenta
de cura entre comunidades interseccionais.

Participou de exposições seletas, como o San Francisco International
Art Festival (SFIAF), Discovery Art Fair em Frankfurt, The 55 Project em
Miami, Nars Foundation em Brooklyn, Backslash Performance Festival em
colaboração com Jorge Raka em Zurique, The Lab, em San Francisco, em
colaboração com os artistas chicanos Cristobal Martinez e Guillermo
Galindo, participou do festival Month of Performance Art em Berlim,
Alemanha, dirigiu a premiada performance de FIELD, projeto fundado pelo
Supermrin – Prêmio Franklin Furnace Fund em NYC- e co-dirigiu um
longa-metragem com Guillermo Gómez-Peña chamado ‘La Malinche, em
tempos de pandemia’. https://jessicafertonanicooke.com/

Sobre o Canteiro – Campo de Produção em Arte Contemporânea
Espaço multidisciplinar formado por ateliês coletivos, sala de
exposições, estúdio multimídia, residências artísticas e ações
formativas. Com o início das suas atividades em agosto de 2022, o
Canteiro tem sua atuação voltada para a ampliação de iniciativas
autônomas de produção e circulação de arte contemporânea na cidade de
São Paulo.

Seu espaço expositivo guarda uma forte identidade em função dos seus
elementos arquitetônicos e a materialidade da construção, provocando
respostas a este ambiente e promovendo projetos que fogem da passividade
de um cubo branco.
O Canteiro ainda conta com um estúdio acústico de setenta metros
quadrados, com um caráter muito particular que tem por finalidade sediar
ações multidisciplinares como instalações sonoras, audições e projeções
de vídeo.

O Canteiro abriga ateliês de artistas que lidam com as mais diversas
práticas e linguagens, desde a fotografia à performance, do desenho ao
vídeo, da pintura a instalações de grandes dimensões. Os artistas
residentes são: Fabiana Wolf, Guta Galli, Ivan Padovani, Mariana
Guardani, Paulo Assis, Thiago Navas.

SERVIÇO RÁPIDO
mostra “Leite de Pedra” de Guta Galli
o quê: Desenhos, vídeo-performances, fotos, uma performance com
instalação
e escultura sonora
acompanhamento do processo Jessica Fertonani Cooke
texto curatorial Jessica Fertonani Cooke e Guta Galli
visita até 06/05/2023 (terça a sexta-feira sob agendamento, sábado,
14h-19h)
local Canteiro – Campo de Produção em Arte Contemporânea
rua purpurina, 434
vila madalena – são paulo
05435-030
valor gratuito
faixa etária livre

redes sociais
Guta Galli: @gutagalli
Jessica Fertonani Cooke: @jessicafertonanicooke
Canteiro: @canteiro__

marmiroli comunicação, 20 ANOS
Erico Marmiroli

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