Maria Marochi lança 7º livro em busca da identidade são-joseense
** Reprodução autorizada por Marcos Rosa (PautaSJP) **
Historiadora retrata a formação cultural de São José dos Pinhais na obra História & Memória, que foi apresentada (04) no Shopping São José
Desde 2003, com a edição intitulada “Câmara Municipal de São José dos Pinhais 150 anos – 1853-2003”, a professora e historiadora Maria Angélica Marochi escreve livros sobre a história da principal cidade metropolitana e um município fundamental na economia da capital Curitiba. Para fazer um retrato histórico da cultura são-joseense, presente também nos outros cinco títulos, Maria Angélica mais uma vez mergulhou nos registros sócio econômicos, incluindo levantamento em documentos antigos como de abertura de mercearias e compra de escravos no século 18. Na última quinta (04), às 18h30, no Espaço Cultural do Shopping São José, foi lançado o sétimo livro de Maria Angélica, denominado História & Memória – A busca pela construção de uma identidade de São José dos Pinhais.
“São José dos Pinhais tem uma diversidade cultural que já tratei em trabalhos anteriores como a colonização italiana e formação das famílias são-joseenses. A primeira parte de História & Memória traz a chegada dos colonizadores portugueses nos princípios do Brasil, porém, de um grupo de imigrantes de Portugal que vieram para esta região mais interessados em trabalhar e sobreviver do que para abrir negócios. Eles não tinham posses e precisavam alugar escravos dos fazendeiros e também fazer acordos com os índios guarani para ter mão de obra, ou seja, está formada a base do que seriam os arrendamentos de terras, do comércio e do empreendedorismo que deu origem à economia do Arraial Grande”, conta Maria Marochi, referindo-se aos moradores próximos da Serra do Mar, um pouco adiante da atual Borda do Campo. \”Depois foi formada a Freguesia de São José aqui no centro, região da Catedral da Rua XV de Novembro\”, acrescenta Maria.
A segunda parte de História & Memória conduz o leitor para a influência dos colonizadores no que ficou de legado cultural no processo da construção da economia por três séculos e a industrialização automotiva dos anos 90. “Eu tive acesso a documentos que mostram os sobrenomes de famílias portuguesas e o pedido, do que seria hoje, do alvará de funcionamento. Era a abertura das chamadas Casas de Comércio ou Secos e Molhados, registrados entre 1738 a 1926, nos ‘Termos de Vereanças de Curityba e Actos Diversos; Cartas Patentes, Provimentos e Ordens; Termos de Fianças e Tomadas de Contas e Alvarás de Licenças’”, relata a historiadora.
“Interessante ainda a formalização do trabalho de serviços, como do sapateiro José Morais Pinto, em 11 de janeiro de 1766. E as atividades econômicas já naquela época eram fiscalizadas com mão firme do reinado que não media esforços para lançar impostos e tributar os comerciantes, empresários, agricultores e fazendeiros”, diz a professora.
“A história continua praticamente na nossa porta, pois eu entrevistei uma moradora do centro da cidade que faleceu em 2013 e era neta de escravos. A Zélia Nogueira dos Santos tinha como avó a ex-escrava Josefina Cordeiro. Não foi coincidência que Zélia residia na Rua Voluntários da Pátria, ao lado do chamado Carioca. Onde, hoje, está a Capela Mortuária, havia uma pequena comunidade de ex-escravos que se utilizavam da fonte de água para lavar roupas, em meio a grande preconceito da sociedade. Apesar das visitas constantes da polícia, a diversão, que atraia também os brancos, eram as tamancadas de Fandango. A Zélia lembrou que seu pais trabalhavam cortando lenha onde hoje é o bairro Aristocrata e que da Carioca saíram muitas empregadas domésticas, como ela, para limpar as casas das famílias tradicionais.”
Sobre qual é a atual formação da identidade do são-joseense em décadas de pesquisas, tema presente em sete livros lançados, Angélica comenta que só o tempo dará esta resposta. “São José dos Pinhais necessita de um maior aprofundamento do conhecimento de sua história. São 300 anos de um processo de construção. Avaliar o presente sem conhecer esta construção ao longo dos anos é difícil. O que é o legado cultural da atual sociedade são-joseense? Talvez o tempo possa ajudar a encontrar esta resposta”, avalia Maria Angélica Marochi, que já planeja seu oitavo livro com foco nas relações de poder que conduziram a cidade por meio da Igreja Católica, Judiciário, Câmara Municipal e Prefeitura.
Contato aquisição História & Memória – A busca pela construção de uma identidade de São José dos Pinhais
Além de livrarias e pontos de venda, as outras obras também podem ser encomendadas no telefone 3282-0420: “Câmara Municipal de São José dos Pinhais 150 anos – 1853/2003”; “Imigrantes 1870/1950: os europeus em São José dos Pinhais”; “De Freguesia a Diocese – a trajetória da Igreja Católica em São José dos Pinhais 1690/2007; “Uma história de esperança: entre o nascer e o morrer – documentos oficiais e de memórias da religiosidade e da cultura em São José dos Pinhais”.
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