Leite: vilão ou mocinho? Nutricionista fala sobre mitos e verdades
Professor de Nutrição do UniCuritiba desfaz dúvidas sobre o consumo de laticínios e reforça a importância do leite para a saúde
O Brasil é o maior produtor de leite da América Latina e o terceiro do mundo, mas o consumo no país fica abaixo da média mundial. Em 2023, os brasileiros consumiram 43,7 quilos de produtos lácteos, incluindo queijos, iogurtes, leite em pó e outros laticínios, segundo dados da Embrapa.
O leite lidera a preferência, representando 88% do consumo total de lácteos no Brasil. Queijos e iogurtes somam aproximadamente dois quilos per capita/ano. Enquanto a indústria leiteira trabalha para aumentar esses números, o produto aparece no centro de uma polêmica. Afinal, ele é ou não um alimento inflamatório?
“A resposta é não, o leite não é inflamatório. No entanto, deve ser evitado por pessoas com intolerância à lactose e excluído em casos de alergia”, diz o nutricionista Jhonathan Andrade.
De acordo com o professor do curso de Nutrição do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação – é preciso pensar na alimentação em um amplo espectro. “Alimentação é saúde, é afeto e envolve questões sociais e biológicas. Se você não é vegano e não tem restrições
alimentares, celebre o Dia Internacional do Leite com um bom queijo, doce de leite ou um café com leite fresco.”
No mês dedicado ao leite (dia 1º de junho foi o Dia Mundial do Leite e em 24 de junho comemorou-se o Dia Internacional do Leite), Jhonathan explica que embora algumas linhas de tratamento defendam a ideia de que o leite é inflamatório, existe literatura robusta mostrando que esse alimento possui propriedades anticatabólicas, contribui para o aumento da massa muscular e auxilia no emagrecimento.
“O leite é parte de uma dieta saudável e melhora a ingestão de cálcio, essencial para a prevenção de doenças ósseas. No caso dos veganos, intolerantes ou alérgicos, o leite de origem animal pode ser substituído por extratos vegetais”, ensina.
Alimentação saudável
As diretrizes da American Heart Association e American College of Cardiology reforçam as explicações do professor do UniCuritiba. Segundo as entidades americanas, lácteos como o leite desnatado, queijo e iogurte são excelentes para compor uma alimentação saudável.
Fonte de proteína, o leite é importante para a reparação e manutenção dos tecidos, formação de enzimas, hormônios e anticorpos. Também é rico em cálcio – mineral importante para a formação de ossos e dentes, prevenção da osteoporose e osteopenia, divisão celular, atividades enzimáticas e condução de impulsos nervosos.
Já as vitaminas A e B12 presentes no leite atuam em benefício da visão, cicatrização, desenvolvimento embrionário, defesa antioxidante e imunológica, formação das hemácias e prevenção da anemia.
Como identificar intolerância ou alergia
Os sintomas mais comuns da intolerância à lactose são diarreia ou prisão de ventre, flatulência, distensão e cólicas abdominais. A severidade depende da quantidade consumida e do limite que cada organismo suporta.
Já as alergias são mais intensas e podem causar reações gástricas, dermatológicas (urticária, dermatite) e respiratórias. A confirmação dos diagnósticos é feita por exames laboratoriais. Nesses casos é necessário substituir o leite de fonte animal por extratos vegetais (popularmente chamados de leite vegetal) associados a outras fontes de proteína para complementar a dieta.
Para quem tem restrições alimentares ou é adepto da dieta vegana (que exclui 100% dos alimentos de origem animal), existem opções. Quem tem intolerância pode experimentar leite sem lactose em pequena quantidade e observar se o desconforto gastrointestinal persiste. Já os alérgicos devem eliminar da dieta qualquer produto lácteo de origem animal.
Por Tania Jeferson
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