JORNAL FOLHA DA MULHER – COLUNA KATIA VELO

Somos extremamente influenciados pelo que vemos

Folha da Mulher, Coluna KV, novembro 2017

 

O PODER DAS IMAGENS
As imagens sempre exerceram poder sobre a nossa imaginação.
A figura de um anjo tem o poder de nos remeter ao divino, a algo superior a nós. Ao longo do tempo, segundo a literatura e as artes visuais, seres alados fizeram parte da iconografia do homem nas suas mais diversas formas. Somente por volta do século XVIII, os artistas começaram a pintar figuras com “visões pessoais”, antes disso, os artistas consideravam-se fieis à obra de Deus, então, dar um toque pessoal a um anjo seria uma heresia.
DESTRUIÇÃO DE IMAGENS
No dia 03 de março de 2008, Waldemar Cusmann de 46 anos, entrou na Catedral, na ocasião ainda Igreja Matriz, e destruiu 13 imagens. Houve uma enorme repercussão. A verdade é que ele não apenas destruiu imagens sacras ligadas ao catolicismo e sim objetos que faziam (e fazem) parte do Patrimônio da cidade. A religiosidade foge à razão ou à ciência, portanto tem um papel significativo, sendo interpretada e justificada de acordo com a crença de cada um.
IMAGENS EM EXPOSIÇÃO
O Museu Municipal Atílio Rocco exibe a exposição “Uma História de Amor e Fé: Padre Pedro Fuss“. A exposição apresenta objetos pessoais e usados em cerimônias religiosas. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a religião implica a ideia de que a sociedade é um todo organicamente integrada pelas suas relações. “Num contexto histórico em que a religião sempre fez parte dos nossos valores e da cultura brasileira, a atuação do Padre Pedro Fuss se fez de profunda importância na vida da comunidade de São José, tanto por suas obras sociais como por sua figura religiosa servindo como um alicerce na construção dos valores das famílias que a ele seguiam”, destaca o Professor de História Celso Rocha.
EXPOSIÇÃO “O SAGRADO”
A exposição “O Sagrado” acontece paralelamente a exposição “Uma História de Amor e Fé: Padre Pedro Fuss“. São 06 fotografias de minha autoria, da série “O Sagrado” registradas em 2007, quando a Catedral ainda era Matriz. O meu encantamento pela singularidade da arquitetura local e alguns rituais como a entrega das capelinhas de casa em casa, encantaram-me profundamente. O sagrado é inexplicável, extraordinário, imaculado. Na Idade Média, durante a inquisição, qualquer pessoa que não fosse aprovada pela Igreja Católica, tinha como destino inúmeros castigos e muitas vezes o seu fim era a fogueira. Felizmente muita coisa mudou, mas certamente os símbolos religiosos têm uma grande influência visual. As imagens de figuras como anjos e santos amplamente representados durante o Renascimento foi de fato relevante na história da arte e influenciaram e influenciam a vida do homem contemporâneo. Imagens sacras possuem ainda grande poder sobre nós, cristãos ou não. Em 1929, portanto há 88 anos, o artista belga René Magritte escreveu logo abaixo de uma imagem de um cachimbo “Ceci n´est pas une pipe”, ou seja, “Isto não é um cachimbo”. Imagem é uma representação, não a coisa em si. Temos que estar atentos para não vermos, ou dar significado demais, aquilo que é apenas uma representação.  Os anjos e demônios estão mais dentro de nós do que fora. Independente de crença ou religião, é inegável que amor deve ser o nosso Norte, nada, ninguém e nenhuma religião pode estar acima deste sentimento quando puro e verdadeiro.
Serviço:
Museu Municipal Atílio Rocco
Exposições “Uma História de Amor e Fé: Padre Pedro Fuss“ e “O Sagrado”
Período expositivo: De 03 de outubro a 16 de dezembro de 2017.
Horário de visitação:
De terça a sexta-feira, das 9h às 12h – 13h às 17h.
Sábados: das 9h às 12h.
Informações: (41) 3381-5900
Museu Atílio Rocco
Av. XV de Novembro, 1660

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*