JORNAL FOLHA DA MULHER – COLUNA KATIA VELO
DOSE DUPLA – Coluna Katia Velo no Jornal Folha da Mulher – janeiro de 2015
RITUAIS DE ANO NOVO
Celebrações fazem parte da natureza humana Nesta época do ano, como frequentemente acontece, há dois grupos de pessoas: as que fazem diversas simpatias, promessas, reflexões e as que acham que tudo isto é uma grande bobagem. Eu pessoalmente não me enquadro completamente nem de um lado nem do outro. Longe de ficar em cima do muro, certamente acredito que rituais são essenciais para que possamos sentir o tempo passar com mais sentido e significado. Acredito também, que estes rituais façam parte na natureza humana. Desde os primórdios, quando o homem ainda vivia em cavernas e fazia desenhos de animais como forma de imaginar o êxito na futura caçada, ou as festas para celebrar a colheita, entre outros inúmeros rituais como fazemos até hoje. Portanto, mesmo vivendo em um mundo contemporâneo, ainda temos a necessidade de criar, manter, vivenciar e festejar rituais que vão do nascimento até a morte.
Alguns destes rituais perderam-se com o tempo, ou mesmo não têm mais sentido, outros foram resgatados e mudaram seu perfil. Os bailes de debutantes é um deles, afinal quem hoje faz um destes (caríssimos por sinal) para apresentar a mocinha de quinze anos para a sociedade? Os motivos são inúmeros, exceto este. Outro ritual em que ocorreu uma grande mudança é o ritual do casamento, hoje mais do que uma celebração da mudança do estado civil, o que pontua um casamento é o evento. E geralmente ele tem que ser grande, às vezes, maior do que o amor dos noivos. Mas, voltando aos rituais, agora de Ano Novo, acredito que o equilíbrio é sempre um bom caminho, ou seja, nem depositar todas as esperanças em lentilhas, romãs ou pulos em ondas do mar; nem ignorar absolutamente tudo isto e começar o ano como se fosse um livro com páginas em branco. Por outro lado, é inevitável que neste momento, quando os sentimentos de esperança e renovação estão tão pungentes, façamos planos, projetos e, principalmente, possamos acreditar que sempre podemos fazer mais e melhor! Isto não quer dizer trabalhar mais, ganhar mais, gastar mais, pode ser exatamente o oposto disto. Agora encontrar o que está do outro lado do arco-íris, é você quem decide, só você. Afinal, somos o autor, diretor e artista do grande teatro que é a vida. E o show deve continuar! Escolha uma tela, selecione as cores, pinte o sete, faça Arte!
Feliz Vida Nova, Feliz 2015!
EDUCAR É PRECISO!
Esta frase comparada a de Camões “Navegar é preciso, viver não é preciso”, leva-nos a refletir sobre o significado de descobrir novos horizontes no caminho da educação. Navegar é preciso, mesmo sem saber ao certo onde se pode chegar. Viver não é preciso, não há como traçarmos metas e rotas, sem desvios. Portanto, educar, de fato, é preciso, pois este desejo incessante de aventura em descobrir novos horizontes é inerente ao ser humano. Talvez, seja um desejo inconsciente, um desejo de preservar-se. É preciso cautela, pois não há regra, uma “precisão” de como fazer isto. Há um provérbio chinês que diz “O grande mestre é aquele que é superado pelo seu discípulo”. Na verdade, não há uma divisão tão clara entre quem aprende e quem ensina. Existe um processo permanente de aprendizagem. O que é essencial para ser ensinado, conteúdos específicos… Ou deve-se cooperar para que o aluno tenha um processo de construção de identidade para que ele possa conquistar primeiramente os anseios pessoais, depois, os sociais e posteriormente os profissionais através de realizações produtivas. Num mundo bombardeado de informações, uma das grandes dificuldades é “separar o joio do trigo”. O que de fato é importante do que não é. Poderíamos nos basear nos grandes mestres como Sócrates, Platão, Aristóteles, etc. cujos conceitos encontram-se atuais e atuantes ainda hoje. Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. A relação entre professor e aluno é única e intransferível. Somente neste contato singular é que a “magia” pode funcionar. Mas um dado significativo e relevante é que o professor acima de conhecimentos teóricos ele possa relacionar-se, trocar informações e ter prazer em passar os conhecimentos adquiridos. Diversificar as aulas é uma epopeia moderna, pois vivemos em um mundo com tantos recursos tecnológicos, mas não há nada que supere um bom relacionamento e um brilho no olhar de quem aprendeu algo e de quem percebe que conseguiu ensinar algo. A paixão, sim, a paixão, que pode parecer tão piegas é o ingrediente principal para que possa aflorar o desejo de navegar (aprender). Ensinar torna-se então uma Arte! O elemento artístico não tem uma utilidade prática, mas é essencial à vida. O homem das cavernas antes mesmo de falar já criava formas tiradas da sua imaginação. O desejo de criar é inato ao ser humano “necessitamos expressar-nos e, cada um de nós, escolhe o melhor meio para fazê-lo, através de uma linguagem visual, gestual, musical ou verbal; representamos e descrevemos nossos desejos, sonhos e devaneios.” Trata-se de uma catarse de si próprio, pois o anseio de qualquer ser humano é eternizar suas aspirações que lhe vão à alma. Portanto, ensinar e aprender torna-se quase um pacto que só pode ser estabelecido através da confiança. Como dizia Aristóteles “A amizade perfeita não pode existir senão entre bons”.
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