Intercâmbio cultural durante a adolescência contribui para o amadurecimento
Conforme especialista, as responsabilidades resultantes dessa experiência permitem ao jovem outra visão acerca da própria vida
Você pode ler a respeito de Londres. Pode fazer uma maratona de filmes britânicos sem sequer recorrer a legenda ou mesmo montar uma playlist com clássicos ingleses para praticar a pronúncia. Mas dificilmente esses exercícios farão com que sinta a pequeneza em estar diante do Big Ben e sua imponência ou com que compreenda os diferentes sotaques de uma terra cosmopolita. Participar da cultura de outro país, qualquer que seja o período, significa retornar com uma bagagem distinta daquela da ida. Além de aprimorar o idioma, vivenciar outros hábitos amplia os horizontes da própria vida.
Aos 16 anos e matriculada na Cultura Inglesa de Curitiba desde os 10, a estudante Isabela Forlim, concretizou o sonho de conhecer o Reino Unido em julho de 2016. Ao longo de três semanas na cidade litorânea de Bournemouth – situada ao sul da Inglaterra e a duas horas de ônibus de Londres -, ela pôde aperfeiçoar o domínio da língua em uma escola consagrada há seis décadas. “Estava com um pouco de receio da viagem, mas logo que cheguei percebi que conseguia me comunicar bem”, conta.
A possibilidade de viajar com a escola foi encarada pela família de Isabela como um test drive para o desejo de anos da jovem em mergulhar em um intercâmbio mais longo. “Eu sempre quis ser médica e meus pais veem o inglês como algo muito básico, por isso a ideia era fazer o intercâmbio durante ou depois da graduação. A viagem da Cultura reforçou, ainda mais, a importância dessa experiência”, salienta.
Autonomia é ingrediente chave durante a experiência
Em Bournemouth – já considerada a cidade mais feliz do Reino Unido -, Isabela fez amigos e exercitou a independência ao interagir em outro idioma. “Dividi o quarto com uma francesa, o que me forçou a falar sempre em inglês. A professora também deixou a gente bem independente, tanto que, desde que voltei, consigo ler livros em inglês e assistir filmes sem legenda”, compara.
A exposição diária ao idioma é, conforme enfatiza a gerente da Cultura Inglesa da unidade Água Verde, Cleide Fiorucci, um dos princípios da escola. “O objetivo do intercâmbio é motivar o aluno a lidar por conta própria e em outro idioma com as situações que surgirem. Mesmo que esteja sempre disposto a auxiliá-lo, o professor manterá certa distância”, completa. A estadia em casas de família próximas ao centro de estudos é outra estratégia adotada para incentivar o intercambista a superar a timidez em falar com nativos da língua. “Os alunos têm a real dimensão da importância do inglês, que ultrapassa o que aprendem em sala de aula. A convivência com pessoas de todo canto do mundo também os enriquece em termos culturais”, salienta.
Embora não seja um pré-requisito para participar do programa, saber falar em inglês é, para Cleide, um facilitador. “Conhecer a língua dá autonomia à comunicação, mas essas interações também dependem da personalidade do aluno. Os mais expansivos não costumam se importar ao errar uma sentença como acontece com quem é mais introvertido”, especifica. Para sentir-se mais confiante para esse momento, o estudante pode se matricular em um curso de conversação avançada, cujo foco serão perguntas e respostas moldadas para os possíveis desafios encarados em viagens.
Intercâmbio: a nova festa de 15 anos
Como Isabela, a estudante Sofia Ignaszewski é aluna da Cultura Inglesa de Curitiba e compartilhou do mesmo roteiro, que intensificou ainda mais o desejo de estudar fora por mais tempo. “Eu pedi o intercâmbio como presente de 15 anos, que para mim é um dinheiro mais bem gasto do que uma festa, por exemplo. Sempre quis viajar sozinha para outro país e ver como era”, conta. Além do anseio em conhecer outras culturas, a jovem teve como exemplo o pai, que participou da primeira edição do programa da escola, há 29 anos. Logo ao retornar, Sofia nutre o sonho de fazer graduação em turismo e hotelaria fora do país. “O professor com o qual tive aula esse ano é da Inglaterra e na primeira aula depois da viagem ele notou minha melhora”, conclui.
De acordo com a psicóloga e professora do UniBrasil Centro Universitário, Ana Suy Sesarino, a adolescência é um tempo em que, naturalmente, o jovem busca mecanismos de ruptura com os pais para encontrar a si mesmo e, nesse sentido, o intercâmbio pode ser uma experiência muito proveitosa. “Na medida em que convoca o jovem para uma responsabilidade que dificilmente se faz presente quando se está sob o mesmo teto dos pais, ele pode permitir o amadurecimento em diversos aspectos. A distância física, o controle do próprio dinheiro e a experiência de conhecer de perto outra família e outra cultura podem ser situações muito produtivas”, analisa.
A psicóloga salienta ainda que, ao sair da zona a que está habituado – geralmente a casa dos pais – o jovem é percebe a realidade por outras nuances. “O adolescente precisa de um afastamento para poder questionar-se a respeito de si mesmo, para poder elaborar o luto da infância, no qual acreditava que os pais eram os melhores pais do mundo, que sua família era a mais incrível do mundo”, completa.
Sobre a Cultura Inglesa de Curitiba
Há mais de sete décadas em território nacional, a Cultura Inglesa de Curitiba divide suas atividades em cinco unidades, sendo uma delas localizada em São José dos Pinhais. A renda obtida por cada unidade é revertida para melhorias dentro das próprias sedes, o que as caracteriza como entidades sem fins lucrativos. O compromisso em manter o alto nível de ensino da língua inglesa, além de aspectos culturais da Grã-Bretanha, é um dos pilares da escola, que busca respaldo na qualificação elevada do quadro de professores, constantemente desenvolvida por meio de workshops, seminários e treinamentos. O teor vanguardista da escola é ainda reforçado por parcerias com grandes entidades, como é o caso do apoio do British Council – organização britânica que promove oportunidades culturais e educacionais entre Brasil e Reino Unido.
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