Igualdade entre homens e mulheres no mercado de TI cobre déficit de vagas e democratiza oportunidades
No Paraná, pela primeira vez em 40 anos, Assespro-PR/Acate tem mulher na presidência
As mulheres estão cada vez mais presentes em praticamente todas as áreas do mercado, inclusive as de contabilidade, administração, economia e engenharia, as quais, até pouco tempo atrás, eram soberanamente masculinas. Contudo, na tecnologia da informação há desigualdade salarial e de oportunidades. E engana-se quem pensa que esta situação é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa do National Girls Collaborative Project mostra que, enquanto as mulheres são maioria nos cursos de bacharelado em Psicologia, Biologia e Ciências Sociais, na área da Ciência da Computação só 20% dos diplomas são entregues a elas.
Para se ter uma ideia da profissão por lá, em nível de força de trabalho federal, um relatório da Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego (EEOC) afirmou que as mulheres ocupam apenas 29,3% dos cargos STEM (Science, Technology, Engineering and Math, ou Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português), indicando que o governo americano tem um longo caminho a percorrer na abordagem da remuneração, da participação e da liderança.
No Brasil, um estudo da Revelo, publicado em novembro de 2022, aponta que mais de 87,7% dos desenvolvedores são homens; enquanto o público feminino representa apenas 12,7% dos profissionais de tecnologia. Contudo, luzes no fim do túnel começam a se acender para reverter essa situação. Uma delas vem do Paraná, onde uma mulher acaba de assumir a presidência de uma entidade voltada para a área de TI & Inovação.
Essa instituição é a Assespro-PR (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação), que pela primeira vez, em toda a sua história de 40 anos, será presidida por uma mulher. O nome dela é Josefina Gonzalez, e no seu currículo — além de estar à frente hoje como sócia-fundadora da Credit On Inteligência em Crédito e da Smart N Consultoria em Tecnologia da Informação — acumula experiências de destaque em empresas como Becton & Dickinson, Electrolux, Celepar, ICI (Instituto das Cidades Inteligentes), Siemens, Paraná Banco; em vários projetos de TI internacionais, como Bilhetagem Eletrônica/Metrô de Medellín; e projetos com o governo, como Cartão-Qualidade e Bilhetagem Eletrônica junto à PM Curitiba.
Josefina ficará até 2024 na presidência da entidade, que mudou seu nome no fim do ano passado para Assespro-PR/Acate, depois de celebrar uma parceria inédita com a Associação Catarinense de Tecnologia. O objetivo do acordo é expandir a expertise de ambas as instituições em fomentar ecossistemas de tecnologia de informação e inovação, tanto no Paraná quanto em Santa Catarina, fortalecendo todos os stakeholders num movimento de intensa colaboração e geração de negócios, impactando a sociedade civil. “Este é um momento especial da minha carreira, em que eu posso colaborar de forma efetiva e evolutiva com o ecossistema de tecnologia e inovação, dando continuidade a tudo o que já foi construído até aqui”.
Entre seus principais propósitos, realce para a solidificação e conexão da TI & Inovação no Paraná. “Nós temos potencial para fazer desse segmento o principal pilar e vetor econômico da região, destacando-o e gerando negócios para nossas empresas em nível nacional e internacional”, explica Josefina.
Ao ser questionada sobre como ela fará para reverter a baixa demanda de mulheres na área de tecnologia da informação, Josefina é enfática: “Nossa missão como entidade é conectar e estimular o mercado de trabalho e fomentar o crescimento da participação das mulheres nesse setor; e o empreendedorismo, o que passará automaticamente pelas mulheres, que hoje ocupam menos de 20% dos postos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Há vários desafios e dificuldades enfrentados por este grupo, mas acredito que, quanto maior a geração de negócios, maior será a inserção. Uma coisa puxa a outra”.
Na verdade, segundo ela, há déficit mundial de profissionais nesse segmento — principalmente entre as mulheres —, que aos poucos está mudando e melhorando. Mas claro: há muito o que progredir. Ela acredita que a maior participação feminina e de outros grupos minoritários agrega e constrói o caminho de progresso.
Ela ainda destaca, parafraseando um estudo do IBGE, que o baixo percentual feminino não tem ligação alguma com o grau de educação, uma vez que a instrução em TI das mulheres é mais elevada, se comparada à dos homens. O problema é que elas ganham 34% a menos — e isso sim diz respeito à desigualdade.
Então, para dar conta desses obstáculos, uma das novidades é que a Assespro-PR/Acate já conta com uma diretoria específica para lidar com o assunto, denominada Mulheres na Tecnologia. A pasta, liderada por Mariana Medeiros Silva, tracionará agendas e ações robustas, parcerias e bons projetos, construindo as pontes necessárias para melhorar a representatividade feminina no setor e vencer, portanto, as maiores lacunas das empresas de TI & Inovação, para que as mulheres ocupem mais cargos, principalmente os de liderança. “Oportunidades reais de carreira, cultura e encorajamento para postos de destaque e desmistificação de que mulher não pode ser boa executiva são alguns dos desafios, ao lado de políticas de RH inclusivas e, principalmente, remuneração equalizada”, afirma Josefina.
Josefina Gonzalez é natural de Araucária (PR), graduada em Análise de Sistemas, pós-graduada em Engenharia de Software pela FAE Centro Universitário, com mestrado/MBA em Administração de Empresas pela Esade Business School.
Engenharia De Comunicação
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