Imagem: Convite
Púrpuras, de Regina Carmona
A série Púrpuras, composta por obras impressas digitalmente em voil, é o registro de uma trajetória artística e existencial da autora. Para Carmona uma “referência ao feminino, as transparências e a leveza …as cores violáceas – referente ao nobre, a realeza, ao sangue azul (em inglês Born in Purple) – daí o título Púrpuras.”; “A cor em tons vermelhos e púrpuras simboliza a vestimenta régia, a dignidade real, como também é a cor dos hematomas.”
De forma sensível, e pertinente ao tema abordado, que é o universo feminino e o transcorrer da vida, Regina Carmona conseguiu tratar essas questões de modo despojado e ao mesmo tempo profundo. Formalmente as transparências do delicado tecido escolhido como suporte das obras, os desenhos que registram um movimento contínuo e harmonioso, repetitivo, insistente e a visível e fugidia percepção desses signos na sutileza das obras remetem o observador ao amplo e complexo tema abordado.
A relação entre vida cotidiana e produção artística, as silhuetas de um corpo feminino, a atenção da artista para os pequenos detalhes, o tempo ilimitado utilizado para exercitar esse olhar, atento à contemplação da vida, compõem a consistente poética desta autora. Um olhar agudo no pessoal que transcende a identidade e se liga ao universal. Religioso em seu sentido amplo e original: do latim religare, significando religação com o divino, com o uno, com o universo. Em português arcaico e popular: “alumiando-se”. Nas palavras da artista “Uma arte sensitiva e sensorial referencia ao belo, ao humano e a natureza; …tendo o corpo como uma morada, forma e espaço sagrado que exige amor, alimento e respeito.”; “estórias que terminam de forma semelhante, todas elas gravadas no corpo, em luz.”
“… a ferida é o lugar por onde a luz entra dentro de ti”. Rumi, poeta sufi.
Christophe Quirino Spoto
Divisão de Educação e Cultura/Gerência de Cultura
Sesc PR
Sobre Regina Carmona:
Vive e trabalha em São Paulo. Graduação licenciatura em artes (94), mestrado em poéticas visuais (05) pela Escola de Comunicação e Artes ECA USP. Destaca-se no cenário contemporâneo a partir dos anos 90. Obteve bolsa CNPq pesquisa de arte sob orientação de Carmela Gross. Artista finalista do projeto Nascente III e IV (93/94) e projeto Heranças Contemporâneas (98) ambos do Museu de Arte Contemporânea da USP com curadoria de Katia Canton. Artista emergente no Painel ABCA apresentada por Anna Tereza Fabris, curadora da exposição Profano, individual no Centro Universitário Maria Antonia USP, esculturas e impressões modeladas em cavidades e buracos no solo. A partir de 1996 seu trabalho absorve expressões relativas a pessoas, memória e identidade. Criação do site specific Vulgo na galeria subterrânea da Passagem Consolação em São Paulo, inusitada série de gravuras com a identidade digital colhida de pessoas diversas impressas em grandes dimensões sobre adesivo, referencia ao alto fluxo de anônimos que circulam no local diariamente. Instalação “42” na Capela do Morumbi em São Paulo, painel suspenso sobre paredes de adobe, com fotos de pessoas captadas em seu cotidiano, ao acaso, nas ruas de Jerusalém, Israel, período de residência e pesquisa da artista. Instalação Faces, com a mesma série fotográfica impressa em técnica de fotogravura sobre ferro oxidado exposta no Museu de Arte Contemporânea de Curitiba (97) e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (98), destaque na publicação Novíssima Arte Contemporânea – a geração 90. Possui obras no acervo do MAC e outros acervos públicos. Obteve sala especial Brazilien Day na Trienal de Gravuras da Cracóvia, Polônia (00), com exposição em bienais coligadas por dois anos. Contemplada artista residente da Fundação Sanskriti, Índia (98), dá inicio a uma trajetória de viagens, residências e projetos realizados no exterior e no Brasil. Aprofunda-se numa arte de expansão relacionada ao seu percurso pessoal, pesquisa com poéticas e sensibilidades femininas concluída no mestrado, com exposição individual Inscritos no Museu de Arte Contemporânea da USP (05). Realiza o projeto Circulando em Outras Dimensões arte em co-autoria com mostras itinerantes. Entre 2010 e 2013 criação das instalações sensoriais Caminhas Brancas; A Casa da Mantide Religiosa, Alumiar-se, Daí_me Luz, apresentadas em eventos e festivais de arte e meio ambiente.
Sobre o Projeto Olhar Paraná
O Sesc Paraná iniciou em 2012 um novo circuito de exposições: o projeto Olhar Paraná, que pretende apresentar, valorizar e registrar a atual produção de artes visuais do estado. E para contribuir com o fortalecimento dessa cena o projeto, eventualmente, apresenta obras de artistas de outros estados brasileiros ou de outros países.Uma série de exposições itinerantes seguirá pelas unidades do Sesc, contemplando a produção de caráter clássico, moderno e contemporâneo. O projeto apresenta – de forma analítica e sistemática – obras do interior e da capital, de artistas consagrados e também da nova geração, aproximando o público da atual cena paranaense de arte e, ocasionalmente, de obras relevantes produzidas fora do estado. As exposições são acompanhadas de ações educativas como: palestras, encontros com artistas ou estudiosos de arte, cursos e visitas monitoradas para escolas e para o público em geral. Com um olhar democrático, aberto à riqueza cultural do Paraná, o circuito organiza e apresenta esse patrimônio cultural de forma clara e objetiva para o público em geral e para profissionais da área. O projeto contribui para ampliar os conhecimentos, assim como o público de artes visuais do estado, ampliando o capital cultural e a qualidade de vida de nossos cidadãos.
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