Exposição ‘Nos Braços do Violeiro’ reúne viola, HQ e arte contemporânea no Museu Tião Carreiro, em Pardinho
Mostra de Yuri Garfunkel ficará no Centro Max Feffer até dia 25/08 e tem entrada gratuita
A exposição multidisciplinar “Nos Braços do Violeiro”, do desenhista e músico Yuri Garfunkel, com curadoria de João Carlos Villela, estará aberta ao público de quarta a domingo, até o dia 25 de agosto, no Museu Tião Carreiro, localizado no Centro Max Feffer, em Pardinho. A entrada é gratuita.
A inauguração da mostra foi no domingo (28/07), às 9 horas, com uma roda de viola com participações especiais, incluindo o próprio Garfunkel, acompanhado por Lula Fidalgo, além de Karoline Violeira, Wilson Teixeira e Arnaldo Silva em mais uma edição do Café e Viola. Foi uma manhã especial marcada pela celebração da cultura popular, com interpretações de canções clássicas, acompanhadas pelo público.
Para Karoline Violeira, a exposição nos “Braços do Violeiro” é um verdadeiro presente para o Museu Tião Careiro, pois é fruto de mais uma inspiração pelo mestre. “Um trabalho que nasceu a partir da admiração de um violeiro artista pelas obras do Tião, suas modas, seu tocar viola e sua própria viola! A exposição “Tião Carreiro” com a exposição “Nos Braços do Violeiro” possuem uma ligação tão forte e autêntica, que parecem ser a mesma. É o legado de Tião representado em formato de belíssimos desenhos!”, declara Karoline.
Para a curadora do Museu Tião Carreiro, as histórias, por diversas vezes, representam a viola nos braços do violeiro, e a exposição dentro do museu, sem sombra de dúvida traz a imagem do mestre Tião com a viola nos braços. “Também é importante ressaltar o quanto é inovador e marcante para música caipira essa exposição, mais de 80 músicas representadas em lindos traços desenhados em papel, onde a partir da visualização é possível termos agora uma imagem da história que era apenas cantada, mas agora pode ser gravada por imagens em nossas mentes!Tião Carreiro fez história, inspirou lindos trabalhos e projetos, o Livro “Viola Encarnada” e a exposição “Nos Braços do Violeiro” tem seus traços inspirados no legado de Tião e também está fazendo história em nosso universo musical”, afirma a violeira.
Yuri Garfunkel celebrou a alegria de participar da reabertura do Museu do Tião Carreiro, considerado um templo à memória do mestre violeiro, em uma cidade tão importante para a música caipira.“Tivemos um acontecimento emocionante: o encontro da viola Encarnada, construída pelo lutiê Luiz Armando para a exposição, com a lendária Viola Vermelha que pertenceu ao violeiro Florêncio, da dupla com Raul Torres, e depois ao Tião, que compôs uma moda de viola em homenagem ao instrumento. Foram justamente essa moda e essa viola que inspiraram a criação da HQ A Viola Encarnada, cujas páginas originais compõe a expo, junto com esboços, painéis interativos, acesso digital à trilha sonora e recursos de acessibilidade”, declara o artista.
Na mostra “Nos Braços do Violeiro”, o público tem a oportunidade de apreciar as páginas originais da HQ “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos”, um romance gráfico inspirado em mais de 80 canções do repertório caipira, com roteiro e artes visuais Yuri Garfunkel. O visitante poderá apreciar também o instrumento inspirado na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando, da Luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto, e até montar sua própria história em um quadro interativo.
Premiada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) 2019 e com introdução escrita pelo violeiro, professor e pesquisador Ivan Vilela, a HQ “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos” foi indicada ao prêmio HQ MIX na categoria Melhor Adaptação em 2020. Umas das propostas da exposição, contemplada pelo ProAC Circulação, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, é promover a interação do público com os processos criativos do artista.
Programação da circulação
A circulação da Exposição ‘Nos Braços do Violeiro’ estreou dia 24/02/24 na Casa Lebre, em Bragança Paulista. Seguiu para o Museu do Folclore, em São José dos Campos (26/04 – 26/05) e depois foi para Campinas (31/05 – 20/06) e no Museu MAGMA, em Botucuatu, ficou até 26/07. No Centro Max Feffer, em Pardinho, ficará até 25/08 e depois seguirá para o Instituto Elpídio dos Santos, em São Luís Paraitinga (31/08 a 21/09).
A exposição tem promovido uma série de encontros entre artistas e criadores de diferentes linguagens, relacionados à cultura caipira, como os violeiros/violonistas/compositores Tião Mineiro, Quinzinho Viola, Mel Moraes, Marina Ebbecke, Miriam Violera, Levi Ramiro, Jean Garfunkel, Rafael Schimidt, João Arruda, Fábio Miranda, Gabriel Souza, Camargo Rodí, Rafael Cardoso & Aniela Rovani, do Duo Música de Interior, Osni Ribeiro, Arnaldo Silva, Karoline Violeira, Wilson Teixeira; o chargista Carlos Ruas, os artistas visuais Zé Otávio e Bárbara Ipê, o roteirista Rogério Faria, os cineastas Mário de Almeida e Beatriz Seigner e o jornalista Sérgio Santa Rosa.
Os idealizadores contam que a proposta de montar a exposição surgiu durante a pandemia de COVID-19. Em outubro de 2021, “Nos Braços do Violeiro” foi apresentada na A7MA Galeria, na Vila Madalena, em São Paulo, com a realização de bate-papo com o curador e convidados como Xênia França, Lucas Cirillo, Shell Osmo e Renato Shimmi e roda de viola com a participação da cantora e violeira Adriana Farias e dos violeiros Gerson Curió e Inimar dos Reis. Em junho de 2022, integrou a Mostra ‘No Braço da Viola’ no Teatro do Sesc Rio Preto. Na ocasião, Yuri Garfunkel apresentou-se ao lado de grandes nomes da viola contemporânea e ministrou oficinas de criação de HQ a partir de modas de viola.
Universo da música caipira e artes visuais
Garfunkel conta que a ideia inicial da Viola Encarnada era traduzir o universo da música caipira para a linguagem dos quadrinhos e das artes visuais. “Criar um ponto de vista para diálogos contemporâneos com a nossa cultura. A circulação da exposição concretizou essa vontade. Tem sido um grande encontro de pessoas interessadas em participar desse diálogo e um primeiro passo muito especial para circulação que faremos durante esse ano”, declara Yuri.
Desta forma, além do contato com os originais da obra e seus esboços originais, o visitante da exposição “Nos Braços do Violeiro” terá acesso à viola física que foi inspirada na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando, da Luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto. Inspirado nesse universo, o público também poderá montar sua própria história em um painel com imãs das imagens da HQ. Oportunidade para soltar a criatividade e fazer parte da mostra.
Para propiciar uma imersão na HQ como um todo, a exposição disponibiliza áudios das mais de 80 músicas do repertório caipira. O material possui recursos de acessibilidade como audiodescrição, textos em braile e em alguns dos encontros promovidos com o público, como rodas de viola e bate-papo, terão tradução em Libras.
Por ser uma exposição multidisciplinar sobre um instrumento singular que marca a nossa história musical, um dos objetivos dos idealizadores é compartilhar o conteúdo com um público diverso, inclusive estudantes, universitários e grupos de idosos e outros interessados. “Essa é uma exposição que mescla Arte Contemporânea, História em Quadrinhos e Música Caipira, por isso a intenção em cada uma das 6 cidades por onde passaremos é dialogar, trocar e aprender com os agentes locais de cada um desses campos”, explica João Carlos Villela.
“A Viola Encarnada”
Em suas páginas, a obra “A Viola Encarnada’ conduz o leitor para uma viagem sonora afinada e cheia de história, a partir de uma viola avermelhada nas mãos de um violeiro e de um vaqueiro, numa jornada que percorre os sertões até chegar na cidade grande, testemunhando a história da música caipira desde suas origens rurais. Yuri Garfunkel detalha que a ideia da HQ se formou ao longo de muitos anos ouvindo música caipira.
De modo geral, e no gênero Moda de Viola principalmente, ele explica que as canções descrevem narrativas tão intensas que muitas músicas inspiraram filmes. “Mas até agora não conheço outra graphic novel feita a partir desse repertório. Entendi que era um trabalho que poucos poderiam pôr em prática, e mergulhei de cabeça. No final de 2017 eu já tinha clara a estrutura do roteiro, fui a uma palestra do Ivan Vilela e me apresentei a ele que se interessou imediatamente pelo projeto e começamos a trabalhar”, relembra.
Garfunkel conta que Vilela sugeriu uma que a história fosse além dos temas mais faroeste previstos inicialmente, com muito boi e bala. “Ampliamos o roteiro com a origem da viola, derivada de instrumentos mouros e vinda ao Brasil com as primeiras caravelas portuguesas, e com a construção da Viola Encarnada, protagonista da história. Para isso, busquei ajuda do Luiz Armando, da luthieria Trevo, que construiu efetivamente a viola em um mês! O Ivan também sugeriu outro desfecho para a HQ, que termina na cidade grande, completando todo o trajeto percorrido pela música caipira”, comenta Garfunkel.
Ficha Técnica ‘Nos Braços do Violeiro’:
-Yuri Garfunkel: Artista expositor, músico, coordenação geral
– João Carlos Villela: Curadoria e Produção Artística
– Cris Rangel: Produção Executiva
– Lula Fidalgo: Montagem e direção musical
– Ellen B. Fernandes: Assessoria de Imprensa
– Mário de Almeida: Registro Audiovisual
– Rodrigo Camargo: Consultoria Jurídica
Realização: ProAC Editais, Cult SP, Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo
Contato: garfunkelyuri@gmail.com // @yurisopa // facebook.com/yuri.sopa
SERVIÇO:
Exposição “Nos Braços do Violeiro”
Visitação: Quinta a domingo das 10h às 18h e quartas visitas escolares e grupos sob agendamento até 25/08.
Local: Museu Tião Carreiro, localizado no Centro Max Feffer de Cultura e Sustentabilidade Praça Ademir Rocha da Silva, s/nº, Pardinho/SP
Entrada gratuita
Os idealizadores
Yuri Garfunkel: Artista visual, músico e educador- Autor dos romances gráficos A Viola Encarnada: modas de viola em quadrinhos, indicado ao prêmio HQMIX 2020 na categoria Melhor Adaptação, e A Outra Anita, sobre a trajetória da pintora Anita Malfatti, lançada em 2022 para o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, ilustração e design, com mais de 10 anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura. Desenvolve seu trabalho a partir de pesquisas na união de linguagens artísticas, relacionando HQs com arte urbana, música e educação. Com quatro exposições criadas nesse conceito, circulou por galerias como Coletivo, Matilha Cultural e A7MA, parques e estações do Metrô de São Paulo, e expôs na Argentina, Itália e Espanha. Como músico, Yuri integra desde 2008 o grupo instrumental Kaoll, com o qual gravou 3 álbuns, realizou mais de 300 apresentações pelo Brasil e uma turnê europeia em 2014. Em 2015 Yuri passou a integrar o grupo Pequeno Sertão de música caipira autoral, com quem lançou dois álbuns, em 2016 e 2021. Como educador, Yuri cria e ministra cursos e oficinas de desenho e criação artística com propostas adequadas para diferentes públicos, de crianças e terceira idade à profissionalização, com circulação no Estado de São Paulo pela rede do Sistema S e centros culturais.
João Carlos Villela: Curador, art advisor e produtor – Atua há 12 anos no mercado de arte tendo trabalhado como produtor e diretor de vendas em galerias de arte contemporânea do mercado primário. Como produtor, foi responsável por mais de 30 exposições, em galerias e espaços institucionais como o Centro Universitário Maria Antônia e o Instituto Tomie Ohtake. Entre as exposições que produziu estão as de artistas como, Ana Prata, Claudio Mubarac, Elisa Bracher, Fabio Miguez, Oswaldo Goeldi, Paulo Monteiro e Sergio Lucena. Como pesquisador na Art Options, escritório de consultoria de arte, foi responsável pela aquisição de artistas para coleções privadas e para a coleção corporativa do escritório. Desde 2016, como art advisor e curador independente, assessora colecionadores privados e artistas em desenvolvimento de carreira. Curou a exposição coletiva Campo para o Exercício da Liberdade na FUNARTE-SP em 2018, a exposição individual do artista Lumumba no Matilha Cultural em 2018, a exposição Los Silencios sobre o filme homônimo da cineasta Beatriz Seigner no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca em 2019, e a exposição Nos Braços do Violeiro com obras de Yuri Garfunkel em 2021 na A7MA Galeria e em 2022 no Sesc-Rio Preto. Dirigiu e produziu em 2021 os shows Ao Vivo da Mooca e In Goma, do trio instrumental A Timeline, ambos com o respectivo patrocínio e apoio do ProAC SP e do Teatro Arthur Azevedo.
Por
Ellen Fernandes – EBF Comunicação
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