ENTREVISTA EXCLUSIVA PARA A COLUNA KV COM A JORNALISTA MAUREN LUC
A jornalista Mauren Luc recebeu, 25 de dezembro, o 37º Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia, na categoria Jornalismo Científico. Sua reportagem premiada abordou a inclusão e inovação no campo da tecnologia assistiva, traduzindo conteúdos científicos para o público geral e gerando impacto social significativo.
Minibiografia
Mauren Luc tem 25 anos de carreira no Jornalismo, atuando como repórter, pauteira e editora em diversos veículos de comunicação, como Folha de S.Paulo, UOL, Revista Crescer, Bem Paraná, Gazeta do Povo, O Paraná e Plural, além das editoras Globo e Companhia das Letras. Ela é formada em Jornalismo, especialista em Educação em Valores Humanos e mestranda em Estudos de Linguagens, na UTFPR. Recentemente, também foi destaque ao ser uma das vencedoras da Conexão Oceano de Comunicação Ambiental, com uma reportagem sobre a relação entre esportes e conservação marinha, publicada na Folha de S.Paulo.
A seguir, a jornalista conta um pouco de sua trajetória para a coluna KV.
Você sempre gostou de escrever? Quando percebeu este interesse e decidiu ser jornalista?
A escrita começou como uma espécie de terapia, com diários infantis e agendas adolescentes, expressando sentimentos e contando histórias reais. Achava bonito escrever. Coisa de gente inteligente, pensava eu aos 7 anos. Foi quando me apaixonei pelo Jornalismo. Olhava os repórteres na tevê e adorava a ideia de ter, todos os dias, algo diferente para saber e contar. Uma profissão que mostrava os problemas e cobrava as soluções; que tinha poder para melhorar o mundo. Nunca tive dúvidas, era no Jornalismo o meu lugar.
Quais são as principais dificuldades para exercer a profissão? E os prazeres?
O Jornalismo me permitiu viajar muito, conhecer diferentes pessoas e descobrir informações e histórias incríveis. Mas o melhor é poder compartilhar isso, mostrar inspirações e avanços, dar voz às pessoas, colaborar com pautas que traduzam realidades e soluções transformadoras. Saber que uma reportagem sua melhorou a vida de alguém, é muito gratificante.
Mas, claro, tem seus desafios, e o principal está na busca por informação verdadeira e de qualidade, com boas fontes e dados. É preciso ser minucioso, cauteloso, mas ágil, pois o tempo para o fechamento é muito curto, no caso do jornalismo diário, e o espaço também. São dias, meses, de apuração traduzidos em poucas linhas ou minutos. Mas o que mais dificulta para nós são as fake news. Provar que o trabalho de um jornalista diplomado é essencial na informação, vem sendo um desafio.
Durante a produção da reportagem para o prêmio de jornalismo científico, houve algum depoimento ou história que lhe marcou de forma especial?
O trabalho de produção das próteses faciais me encantou. Desde o uso da tecnologia 3D, desenvolvida na UTFPR, até o cuidado e o amor dedicados pela equipe do Hospital de Reabilitação na confecção dos materiais e no trato com o paciente. É algo que merece reconhecimento. Soube disso quando ouvi relatos de mutilados faciais após o câncer. Ninguém sai na rua sem nariz ou olho e passa despercebido. “Chegavam a abaixar o vidro do carro para tirar fotos e rir de mim”, disse um dos entrevistados. Com isso, os pacientes acabam se isolando em casa. Com as próteses faciais, no entanto, eles voltam a viver, a conviver socialmente. É a ciência transformando vidas.
Quais são os maiores desafios em traduzir informações científicas para o público em geral?
A linguagem utilizada é um deles. Na ciência, são comuns termos técnicos, incompreensíveis a quem não é da área. O papel do repórter é traduzir estes termos e descobertas de forma clara e objetiva, fazendo com que o leitor entenda a importância do tema e de que forma a ciência impacta na vida dele. Para isso, o desafio também está em encontrar pautas de pesquisas inovadoras, de preferência com exclusividade.
Como foi receber o prêmio na categoria Jornalismo Científico? O que esta conquista representa para você?
É uma honra imensa. Estar entre os melhores cientistas do Paraná, é incrível. A cerimônia foi linda, emocionante. Foram premiados trabalhos inovadores, que transformam vidas. Poder falar de alguns deles, é muito gratificante. Ser reconhecida por isso é mais do que especial, é inspirador.
Quais são seus objetivos para um futuro próximo?
Sou repórter colaboradora da Folha de S.Paulo e continuarei buscando pautas exclusivas para contar por lá, assim como por aqui, no jornal Bem Paraná. Também estarei nos bastidores da RIC/Record TV, cobrindo férias como pauteira nos programas da emissora. Em paralelo, sigo na ciência, com pesquisas sobre a linguagem do Jornalismo, tema de minha dissertação de mestrado na UTFPR. Por fim, prossigo na melhor profissão que assumi nos últimos 15 anos, a de ser mãe de duas encantadoras garotas.
Katia Velo – Arte, Cultura e Comunicação
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