Bry Ortega. Crédito: Gabriel Gritten/Loiro

O músico Bry Ortega é hoje um dos destaques no cenário da música eletrônica. Desde pequeno sempre teve um gosto diferenciado para a música. Por influência do pai ouvia Soul, Jazz, Blues e R&B. Na infância participou de corais, teve aulas de flauta, na adolescência street dance, teclado e nas aulas de bateria decidiu que a música seria seu caminho. Aos 13 anos formou uma banda e depois de cinco álbuns, turnês internacionais e algumas centenas de shows Bry decidiu ingressar por outras sinfonias musicais. Um dos principais destaques do músico é o dinamismo, originalidade e uma expressão artística singular e carismática, interagindo com o público levando-o a uma viagem única por meio de variações musicais inusitadas. A seguir, um pouco mais sobre Bry Ortega.

Katia Velo – Você percorreu por vários caminhos até chegar a música eletrônica. Em sua opinião, estes caminhos trouxeram você a este lugar, ou seja, são responsáveis por sua singularidade e qualidade musical?

B.O.>: Com certeza toda a bagagem musical vinda desde as influências com meu pai me educando com Jazz e Acid Jazz desde pequeno até as bandas de rock e outros estilos no decorrer da carreira foram forjando bagagem para aprimorar tanto meu conhecimento quanto a forma de olhar minha arte com mais abrangência, ou seja, não se limitar a um pequeno padrão de arte mas sim estar pronto para receber e o melhor, criar algo novo com total identidade. 

KV – Há vários festivais famosos pelo mundo. Além da música, atrações de entretenimento e forte apelo visual chamam muito a atenção. Cite alguns destes Festivais que mais gosta e por quê?

B.O.>: Ao redor do mundo temos vários festivais interessantes com conceitos incríveis mas destacaria Tomorrowland, Ultra e Coachella que seriam alguns dos mais importantes e maiores na minha opinião, a experiência desses festivais é algo surreal por estarem todos conectados pela música em diversos estilos,  palcos com linguagens diferentes e a excelência na estrutura os tornando impecáveis. Temos os brasileiros que são reconhecidos no mundo todo também como o Universo Paralello, XXXperience, Tribaltech, Kaballah e Só Track Boa Festival, cada um com seu apelo musical e artístico porém criando uma energia brasileira que corre o mundo como algo incomparável a qualquer outro país. 

Além de festivais específicos de música eletrônica temos alguns que colocam a experiência cultural a frente da música com o foco em arte que vale a pena destacar e são festivais que eu particularmente tenho um carinho extra pela ideologia:

“Lightning in a Botlle” que além de de trazer a experiência musical dos palcos possui setores de palestras, workshops, cuidados com a saúde, ioga, teatro, partilhas de família, camping e uma infinidade de atividades.  http://lightninginabottle.org 

 “Burning Man” que é realizado no deserto de Nevada, com um apelo cultural e de desapego enorme juntamente com diversas culturas além do respeito e a experiência como um todo de estar em um deserto onde seu dinheiro não compra nada, apenas trocas do que você possui por aquilo que o outro pode lhe oferecer, desde água até presentes. Além disso todos podem além de fazer suas cartas, orações, pedidos e se concentrar em sua meditação em lugares específicos onde ao final do evento um grande homem de madeira é queimado representando o desapego pelas coisas materiais exaltando o seu motivo real de “ser e não o ter” , com certeza acredito que esse seria o ápice de uma experiência de um evento que envolve a musica eletrônica.  https://burningman.org/

KV – A música eletrônica está em plena ascensão, há também personalidades em destaque como o DJ Avicci que morreu recentemente. Além da comoção, há o interesse em se tornar famoso. Qual a dica que você daria para quem está iniciando?

B.O.>: Sim, a música eletrônica vem passando como uma linguagem universal a um bom tempo e com a amplitude que vem tomando é quase que uma cultura irreversível. 

A trajetória de Avicci foi um marco para nós, pois alcançou voos altíssimos bem cedo, mas o marco real foi o “legado” de um som autêntico, ousado e inovador. A dica que dou é ser “você” em plenitude com a sua arte, por a sua identidade a flor da pele pois é única e com propósito, vai muito além dos frutos materiais que ela nos traz dia após dia.  

 KV – No vídeo “Into the Wild” você diz que a música o aproxima de Deus.  Eu penso que se Deus criou uma linguagem universal entre os homens, ela está nas notas musicais. A música tem mesmo o poder de nos remeter a espiritualidade?

B.O.>: Com toda a certeza, a música é algo que nos conecta e principalmente tem o poder de nos conduzir aos “nossos estados de espírito”. Está totalmente ligada a nossa alma e a maneira de expressar, em passar uma mensagem e nos levar para o lugar a qual ela se propõem.  “A música tem alma e seus maestros, Deus faz parte disso.” 

KV – Há vários projetos sociais que envolvem música. Cito dois,  a Orquestra Sinfônica de Heliópolis em São Paulo e o El Sistema na Venezuela. Você acha que a música realmente pode ter um efeito transformador, principalmente nos jovens?

B.O.>: Não só o poder de transformar mas de união, de entrega e de certa forma evoluir para si mesmo, é quase impensável alguém não ter trilhas sonoras para suas conquistas, amores, momentos e principalmente sua descoberta particular dia após dia. 

KV – Quais são seus projetos para o futuro?

B.O.>: Em agosto estarei em Londres em uma das melhores universidades de música do mundo buscando novas experiências e mais aprendizado, o que será a realização de um sonho. Essa trajetória internacional também contará com Shows por Londres, Ibiza, Portugal, Califórnia e Amsterdam. Além disso está sendo preparado um Álbum  que levará o nome de “Mysterious Mind” com um formato totalmente diferente desvendando dois lados do “Bry Ortega”, será algo inusitado, porém muito pessoal. 

Felizmente realizando essas e muitas outras coisas que a arte vem me proporcionando, posso dizer que o futuro está sendo escrito por bons cultivos do presente, entregue de corpo e alma com o melhor de mim para os que queiram receber.