ENTREVISTA COM FERNANDA GÓSS BRAGA, presidente da associação Dando Voz ao Coração.

A presidente da associação Dando Voz ao Coração, Fernanda Góss Braga e a autora-mirim Maria Fernanda. Crédito Areté Fotografias

Fernanda Góss Braga ou Fer como carinhosamente é chamada pelos amigos é bióloga, mãe da Maria Fernanda e da Gabriela, fundadora da associação Dando Voz ao Coração.

1. O que a motivou a criar a associação Dando Voz ao Coração?

Quando passamos por uma experiência de ter um filho lutando pela vida com poucas chances de sobreviver, nos transformamos. Foi a intensidade dessa vivência que nos motivou a criarmos uma associação para apoiar mães e pais que terão que passar também por este enfrentamento da UTI ao lado dos seus filhos.

2. Qual o momento mais difícil que você vivenciou no ambiente de UTI?

Depois de quase três meses de UTI, minha filha Gabi finalmente pôde ir para o quarto. Porém, houve uma complicação… ela ficou febril, os batimentos cardíacos aumentaram muito, passaram dos 270bpm… ela precisou ser levada às pressas para a UTI novamente. Ao pegá-la no colo para colocá-la na maca, ela “amoleceu” nos meus braços. Os corredores daquele hospital nunca tinham sido tão longos… ao entrar na UTI ela foi novamente entubada e estabilizada. Havia sido apenas mais um susto!

3. Quais são suas sugestões para parentes e amigos sobre o que falar e como agir com os pais que se encontram neste momento tão difícil e, principalmente, quando a criança morre.

O importante nesses momentos é se fazer presente. Pais e mães reagem de formas distintas… há os que querem muito falar – e para estes é preciso um ouvido atento, que ouça sem julgamento, sem frases prontas… e há os que preferem o silêncio. Mesmo no silêncio um abraço é bem-vindo. A certeza de que aquela pessoa está ali, presente, disposta a acolher a dor do outro. A emoção vem mesmo, e não podemos ter medo dela. Ela faz parte do processo do adoecimento de quem amamos.

4. A morte é algo natural e inevitável, mas, não falamos sobre isto e culturalmente temos este tema como tabu. Precisamos falar mais sobre isto com as crianças? Como podemos fazer sem perder a naturalidade?

As crianças em geral veêm tudo com muita naturalidade. Somos nós que começamos a criar barreiras quando falamos que “isso não é assunto pra conversar”. Na minha casa falamos naturalmente sobre isso, pois é um processo natural e todos nós passaremos por isso, sem exceção.

5. Mudanças nos ambientes hospitalares sobretudo nas UTIS poderiam minimizar o sofrimento e a dor?

Existe uma grande tendência à humanização, que não diz respeito apenas à postura dos profissionais, mas também à apresentação do ambiente, às rotinas, e etc. Mas estar sendo atendido por profissionais que demonstram se importar, faz toda a diferença.

6. Quais as principais ações realizadas pela associação Dando Voz ao Coração?

Nós trabalhamos em algumas frentes distintas, mas temos como principal objetivo acolher e informar famílias dos seus direitos, levando conhecimento técnico e compartilhando histórias de vida. Também trabalhamos na busca por políticas públicas que possam beneficiar famílias em seus enfrentamentos. Assim, já recebemos o Título de Utilidade Pública municipal, que reconhece a validade das nossas iniciativas, e agora que completamos dois anos, iniciaremos o processo para o recebimento do Título de Utilidade Pública Estadual.

7. Como colaborar com a associação?

A colaboração com a associação pode acontecer de diferentes formas: seja se associando (nossa mensalidade equivale a uma passagem de ônibus no município de Curitiba), adquirindo nossos produtos sociais, curtindo e compartilhando conteúdos de nossas redes sociais, divulgando nosso trabalho, ou ainda fazendo uma doação direta, por meio de PIX.

5. Quais são os projetos futuros?

Estamos trabalhando no planejamento das ações para 2023. Em breve teremos novidades!

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@dandovozaocoração

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