Comunidade Guarani participa de curso de Elaboração de Projetos Culturais, Arte e Educomunicação

Foto: Rafael Fonseca

Ação do MinC, por meio da Sefli, e da UFMT dialoga com membros da Aldeia Indígena Tekona Ocoy, no Paraná (PR)

Com o objetivo de dialogar e capacitar comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, o Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realizam até sexta-feira (06), na aldeia do povo Guarani Tekoha Ocoy, no município de São Miguel do Iguaçu (PR), a 9ª edição do curso Caminhos das Águas – fortalecendo fazeres e saberes artísticos e culturais.

O curso é gratuito e acontece de forma presencial, das 14h às 18h, com participação de mais de 20 pessoas, entre indígenas e estudantes. A ação, que está em sua penúltima atividade neste ano de 2024, tem a gestão da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), e auxílio local da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Dentre os assuntos da formação, destacam-se: arte como expressão de identidades, diversidade e acessibilidade; cultura de Infâncias; laboratório de contação de histórias; como a arte pode auxiliar na percepção do mundo; arte, educação e educomunicação para quê?; e o laboratório de elaboração de projetos culturais.

Cultura, informação e difusão

A coordenadora educativa, Amanda Cuesta, conta que o projeto Caminhos das Águas busca promover a democratização do acesso aos processos de produção e difusão de conhecimento em cultura e arte, com foco na formação em áreas artístico-culturais e na descentralização dos processos de formação no campo artístico-cultural no território nacional.

“O projeto Caminhos das Águas já circulou por sete das dez localidades previstas nos interiores do Brasil, com foco nas populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas. Ao chegarmos para a oitava formação, no município de São Miguel do Iguaçu, na aldeia Tekoha Ocoy, no território indígena do povo Guarani, reforçamos os compromissos firmados pelo projeto, com destaque para a democratização da formação em arte, cultura e educomunicação em localidades distantes dos grandes centros urbanos. Nossa equipe é multiétnica e multilingue, o que reforça a diversidade da produção artística e cultural na tríplice fronteira do sul do Brasil. Estamos muito contentes com a recepção do povo Guarani, que estará conosco em nossa jornada educativa ao longo desta semana.”, explicou.

No intuito de otimizar ações que já estão em andamento, Mário Ramão Villalva Filho Karai Ju, docente de Língua e Cultura Guarani na UNILA e coordenador do projeto de extensão/pesquisa Educomunicação e cultura Guarani, falou sobre a realização do curso na Aldeia Telona Ocoy.

“Essas ações vêm ao encontro do que estamos fazendo no Educom Guarani, um projeto que já tem mais de seis anos. O grupo tem cerca de cinco pessoas na área da Educomunicação. Eu sempre trabalhei e gostei de trabalhar com os povos originários aqui no Oeste do Paraná, uma população bastante sofrida. É um povo que sofreu muito e ainda continua sofrendo, tentando reconquistar seus espaços”.

Na nossa língua: diálogos, formação e confiança

Daniel Maraca Lopes, acadêmico do Serviço Social e vice-cacique da Aldeia indígena Tekoha Ocoy, destacou a urgência do estímulo à autonomia para essas frentes de atuação. “Sempre falamos dentro da comunidade sobre a importância de termos autonomia e, para isso, há a necessidade da capacitação. Precisamos ter conhecimento sobre projetos, desde a elaboração até a sua execução”.

“Agradecemos também pela oportunidade que o Ministério da Cultura está ofertando para a população indígena, porque todas as coisas necessárias para fortalecer a cultura sempre envolvem recursos. E, futuramente, esse pessoal capacitado poderá ajudar muito a comunidade, facilitando a comunicação ao falar na nossa língua”, pontuou Daniel Maraca Lopes, complementando que, atualmente, dentro da comunidade, já há muitos estudantes de nível superior, o que contribui ainda mais para esse avanço na produção e gestão cultural.

Ainda sobre a presença da ação em terras do Paraná, Mário Ramão finaliza: “Há regiões, por exemplo, onde existem mais de vinte e cinco aldeias, das quais somente três estão demarcadas, incluindo onde acontece o curso. Por isso, lá temos escola e um posto de saúde. Os demais territórios que não estão demarcados não têm posto de saúde, água, ou banheiro. Acredito que, de alguma forma, o projeto também está ajudando o povo a se encontrar a si mesmo, sentindo a alegria de saber que alguém se importa com ele. Toda essa terra é terra guarani”, explicou o entusiasta da região.

Nathalia Neves – Imprensa Ministério Da Cultura 

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