AÇÃO AFIRMATIVA BUSCA NATURALIZAR DIFERENÇAS POR MEIO DE LITERATURA E FOLCLORE

Projeto Sofia e o Saci destaca a deficiência física do Pererê e a negritude dos mitos brasileiros para sensibilizar desde a infância.

Pererê / Divulgação Lançamento

“Que patrocinador se interessa em imprimir um livro que valoriza uma menina preta, com deficiência, e os mitos brasileiros com essas mesmas características?”. A pergunta não é uma crítica e sim um convite, que está sendo lançado pela escritora Joanita Ramos e a ilustradora Márcia Széliga, ao mesmo tempo em que lançam, literalmente sem cerimônias, o livro digital “Cadê a Perna do Pererê?” – já disponível gratuitamente através do site https://www.containercultural.com/sofiaeosaci. A meta, segundo a escritora, é que o livro chegue sem custo algum a pelo menos 10 mil crianças e que possa, por meio de novo patrocínio, alcançar também aquelas que não têm acesso a meios digitais.

“A urgência ficou maior depois que promovemos um diálogo on-line sobre Literatura e Superação de Preconceitos, em que ouvi o presidente da Associação de Deficientes Físicos do Paraná e pessoas cujos passados eu não conhecia, falando de como o fato de ser vista como uma criança ‘fora de padrão’ impacta sobre a autoestima” – diz a escritora, que desde os anos de 1990 carrega o título Jornalista Amigo da Criança (Rede ANDI/Unicef). Os relatos a que se refere podem ser conferidos no link https://www.youtube.com/watch?v=zKUos8N9yVQ, que registra o encontro entre autora e ilustradora, e pessoas comuns que viveram na infância a experiência de crescer sendo apontadas e, frequentemente discriminadas, por suas características físicas diferentes das dos coleguinhas, ou do que é considerado “padrão” nos ambientes em que cresceram.

Cadê a Perna do Pererê? conta a história de uma garota preta que se sente desconfortável em ver o personagem mitológico Saci Pererê com uma perna só. Ela recorre à lenda de um outro personagem de pele escura – o Negrinho do Pastoreio – pedindo a ele que encontre uma perna para o Saci. Ao final do livro, o leitor se surpreende com o motivo por que a menina é tão sensível à deficiência física na figura lendária: queria para o Saci, a mesma tecnologia que a havia ajudado a substituir um membro perdido.

As ilustrações, a partir das imagens trazidas pelo texto, enfatizam o papel da garota como leitora sensível e inteligente, com a criação, por Széliga, de um livro dentro do livro.

De acordo com Ramos, uma das intenções do Projeto, é valorizar personagens afro-brasileiros, inclusive do nosso folclore, sem negacionismos a respeito da escravidão, dos sofrimentos e opressões do passado ou das características físicas, inclusive quando se tem um corpo muito diferente da maioria: “A intenção é ajudar na desconstrução de padrões culturais por meio da imaginação e da apresentação da mitologia brasileira livre de julgamentos, e valorizar também a espiritualidade cabocla”, diz. Ela destaca que confia na poesia contida no texto e imagens do livro, como uma contribuição sutil para novas gerações livres de preconceitos. O projeto foi realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

Contatos: podem ser feitos diretamente com a autora Joanita Ramos pelo whatsApp 41 991-519555.

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