A paixão por motocicletas na visão de mulheres e homens
Em comemoração ao dia do motociclista, celebrado no último 27 de julho, conversamos com quem gosta da vida sobre duas rodas
A frota nacional de motos quase dobrou nos últimos 10 anos, de acordo com informações do boletim Dados do Setor, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Em 2009 ela totalizava 14.695.247 unidades, passando para 28.179.083 em 2019, um crescimento de 91,8%.
Os números reforçam não só a paixão nacional pelas motocicletas, mas também seu uso como importante instrumento de trabalho e lazer em que ela se transformou após 136 anos da invenção do primeiro modelo com motor movido à gasolina. Ainda em comemoração ao dia do motociclista, celebrado no último 27 de julho, vamos contar duas histórias de quem gosta da vida sobre duas rodas.
Para as mulheres, sinônimo de solidariedade
Heloise Monteiro tirou a sua primeira habilitação em 2009, mas conta que tinha medo de conduzir nas ruas. Em 2015 começou dando voltas na quadra, perto de sua casa, até se sentir segura para encarar o trânsito de verdade. Iniciou com um modelo virago 250cc e hoje pilota uma dragstar 650cc. “Eu uso para o lazer. Com a pandemia, os passeios e viagens diminuíram bastante, então sempre que tenho uma folga do trabalho pego a moto e ando pela cidade mesmo, muitas vezes sem destino certo. Só o fato de estar em cima dela já vale a pena”, conta. Para ela, ser motociclista é muito diferente do que ser motorista. “Nós gostamos uns dos outros, nos cumprimentamos quando paramos nos semáforos, nos ajudamos quando estamos em apuros, nos tratamos como irmãos mesmo sem nos conhecermos. Quando estou com minha moto, tenho a sensação de que tudo na vida é possível”, diz.
Para Heloise, pilotar é sinônimo de coletividade, amizade e parceria. “Faço parte da Confraria Filhas do Vento e da Liberdade, um grupo só de mulheres, espalhadas pelo Brasil todo, fundado e liderado pela curitibana Telma Crummenauer. Dentro deste grupo não há discriminação, seja por modelo de moto, idade ou tempo de habilitação. Um dos nossos lemas é “Seja uma mulher que levanta outras mulheres”; estamos sempre unidas, nos ajudando e envolvidas em projetos sociais”, relata.
A motociclista revela que a segurança está sempre em primeiro lugar. “Antes de sair verifico se as funções básicas da moto estão ok: setas, embreagem, freios, pneus. Além disso, visto equipamentos de segurança como bota de cano alto, jaqueta de cordura, luvas e capacete, é claro. No trânsito, me mantenho atenta ao que acontece ao redor e me faço ser vista pelos demais veículos. Como tenho uma moto grande, piloto como se estivesse em um carro, ocupando uma faixa de rolamento e respeitando as regras de boa convivência no trânsito. Porém, ainda sinto dificuldade em ganhar respeito dos motoristas dos demais veículos principalmente quando percebem que sou mulher em uma moto considerada forte e pesada”, comenta.
Para celebrar o dia do motociclista – e todos os outros dias -, ela dá alguns conselhos. “Compre equipamentos básicos de segurança (eles vão te proteger, e muito!), respeite as leis de trânsito, faça curso de pilotagem defensiva e, por fim, seja feliz com sua moto!”, completa.
Para os homens, o exemplo nos heróis da infância
Régis Eidi Nishimoto, atualmente tem uma moto Dual Sport, que pode ser utilizada na estrada e fora dela e também uma moto de trilha, que usa exclusivamente para o off-road. Ele conta que sempre foi fascinado pelas duas rodas. “Com 20 anos tinha juntado um dinheiro do estágio, cheguei para meu pai e disse: ‘vou comprar uma moto!’. Recebi como resposta: ‘somente quando o senhor não estiver morando nesta casa’. Aí acabei comprando um carro. Em 2006, logo após ter saído de casa para casar, comprei minha primeira moto”, lembra. Em geral, ele pilota para esporte e lazer. “Como tenho filhos pequenos e preciso levar e buscar na escola, acabo usando mais o carro durante a semana, mas não deixo de ir trabalhar de moto quando tenho vontade”, diz.
Sua paixão pelas motos é um grande sonho desde criança. “Lembro como ficava fascinado ao ver a motos nas estradas quando era pequeno. Os heróis pilotam motos. A sensação de pilotagem é muito prazerosa. Já fiz expedições para o mesmo lugar de carro e de moto e te digo: são viagens completamente diferentes. De moto, você sente os elementos (frio, chuva, calor, cheiros), além, é claro, de fazer parte da paisagem!”, completa.
Em termos de segurança ele relata sempre pilotar de capacete, luvas e jaqueta com protetor de coluna, ombros e cotovelos integrados. Em viagens e passeios também usa calçado especial e calça com protetores de quadril e joelhos. “Na trilha, além de protetores específicos para a prática do esporte, também coloco protetor cervical. Além disso, evito pilotar quando não estou bem física ou emocionalmente”, conta.
O diretor da Perkons, empresa especializada em mobilidade e segurança no trânsito, dá algumas dicas para quem conduz. “Pilote sempre equipado e com cautela. Tenha sempre uma postura de iniciante, por mais habilidade e experiência que possa ter. Andar de moto é uma das melhores coisas que se pode fazer nessa vida, mas é preciso estar ciente dos riscos. Aproveite!”.
Enviado por Paula Batista / Lide Multimídia
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