ENTREVISTA COM GIANA PUNDEK
Giana Pundek, itajaiense, publicitária e especialista em computação gráfica pela PUCPR, é artista visual e ilustradora com uma trajetória marcada pela pesquisa e o detalhamento de elementos naturais em suas obras. Se destaca por seu trabalho em aquarela, que combina precisão técnica com delicadeza e sensibilidade artística. Sua paixão pela fauna e flora brasileira reflete-se em todas as suas criações, buscando sempre promover a conexão entre arte e natureza. Em 2019 foi premiada no concurso nacional do Selo de Natal dos Correios, participou de exposições coletivas em prol de causas sociais e hoje também faz parte do Coletivo de Arte PulsArte que elabora projetos artísticos que promovem a inclusão da arte em espaços públicos e hospitalares, como o realizado no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em 2024.
Hoje, 22 de outubro, Giana Pundek abre a exposição “Passarinhar: A Arte de Contemplar os Pássaros”. A seguir, uma entrevista exclusiva para a Coluna KV.
Katia Velo – O que inspirou você a criar a exposição “Passarinhar: A Arte de
Contemplar os Pássaros”?
Giana Pundek – Quando estou no litoral, disponibilizamos frutas e sementes para os pássaros do quintal. Observá-los virou uma rotina agradável. Sempre gostei de animais desde criança, especialmente dos pássaros. Para mim, eles significam liberdade e independência. Pintá-los é uma escolha pessoal.
KV – Como foi o processo de unir os pássaros com a simbologia da geometria sagrada?
GP –Percebi a variedade de elementos geométricos utilizados nas artes grega, bizantina e islâmica e fui buscar ao razão desse uso. Encontrei textos sobre a geometria sagrada que utiliza princípios matemáticos produzindo infinitas formas , representando a eternidade e a natureza divina e criando muita beleza e harmonia.
Nessa mesma semana eu sonhei que deveria unir as minhas pinturas naturalistas com essa geometria, que apesar de serem visualmente muito diferentes, apresentam uma forte conexão entre si. Percebemos bastante a repetição geométrica nas penas das aves.
A geometria da natureza a gente encontra em tudo, na repetição das folhas, flores, flocos de neve ou uma concha. Foi assim que depois de vários esboços e rabiscos, finalizei as obras e você pode verificar o resultado elaborando sua própria reflexão.
KV – Você menciona “passarinhar” como um estado de espírito. Como essa filosofia reflete em suas obras e o que espera que o público sinta ao vivenciar esse universo?
GP – Observar os pássaros me traz paz de espírito. São delicados e livres. Eles nos encantam com suas cores e o seu canto. Minha intenção é chamar o observador para prestar mais atenção ao que há de divino na natureza, deixando que a alegria, o bem-estar e outras sensações boas façam parte do seu dia.
KV – A representação dos pássaros em seu habitat natural demonstra respeito pela natureza. Como você vê a relação entre sua arte e o meio ambiente brasileiro? De onde vem essa forte inspiração pela fauna e flora?
GP – Ocupamos o habitat natural dos animais e não pedimos licença. Com a falta de alimento e abrigo, eles acabam ‘invadindo’ o espaço que agora ‘é nosso’ ” Acho que é um dever respeitá-los e preservá-los.
KV – Suas obras também passam uma forte mensagem ambiental, com a escolha de materiais sustentáveis como a madeira de demolição. Qual é o papel da sustentabilidade na arte para você e como isso se reflete na sua trajetória?
GP – O uso da madeira de demolição é uma forma de reduzir o impacto ambiental. Evitar o desperdício de materiais é uma maneira simples e efetiva de preservar o meio ambiente.
KV – Você participou de ações colaborativas como no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie. Como essas experiências impactaram sua visão sobre o papel do artista na sociedade?
GP – Quando a gente pinta entra no “estado de arte” como diz minha amiga AnaCamargo, da Profícia Maria. Você entra nesse estado e seus problemas simplesmente desaparecem. Quando a gente se entrega, é uma porta para outra dimensão. Partindo desse pressuposto, levar a pintura para o Mackenzie foi levar a própria alegria para dentro da instituição. É um espaço para refletir escolhas e fazer planos para o futuro.
KV – A Orquidária Rosita é um espaço encantador. Como você se sente em ver sua exposição compondo esse cenário?
GP – Quando visitei o orquidário eu me encantei com a beleza do lugar. A arquitetura, a estufa de orquídeas e o jardim agradável e aconchegante. Tudo inspira a contemplação da natureza. Ali a gente ainda pode juntar tudo isso à companhia dos amigos e o café da Prestinaria. Zilda tem um espaço perfeito para expor arte.
KV – Para finalizar, que recado você deixaria para convidar o público a visitar a exposição?
GP – Venha passarinhar!
Katia Velo – Arte, Cultura e Comunicação
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