O DIVINO NA ÓPERA

Inauguração: A vista do Meu Ponto por Engelbert Schlögel.

Detalhe: Ópera de Graz, Áustria.
Arquivo Pessoal.
Ópera de Graz, Áustria.
Arquivo Pessoal.

Passando pelo MON, quando ainda estava em Curitiba, senti-me enaltecido pela obra  espetacular da artista portuguesa Joana Vasconcelos. Um trabalho tão único quanto único é o sentimento de leveza e poder que traz.

Ainda por lá, pensava, não por acaso, no quanto a arte brasileira contribui com a riqueza da cultura de seu povo. Neste mesmo Museu, Poty escancara a paranaensezice que carregamos em nosso íntimo – fonte, ora, de grandeza, ora de jacuzice.

Mas as minhas férias terminaram e uma nova visita ao MON, só no ano que vem…

Na verdade, vim aqui para contar que a Katia me presenteia com a oportunidade de compartilhar um pouco a respeito do que aprendo, diariamente, vivendo pras bandas de cá, na Áustria: minha segunda casa (a primeira será sempre o Brasil). 

Em termos de cultura, afirmo, quando se vive em um país europeu, vive-se um pouco de todos. E viver em torno de atividades culturais é fundamental para a alma. Docilidades aí, docilidades aqui. Cultura daí, cultura daqui. Sempre, todos e tudo, com seus valores e contribuições para um ambiente menos hostil; afinal, culturar é tornar o mundo mais leve.

Nestes anos todos, aqui, acrescentei um um sabor a mais ao cardápio de emoções que as artes têm me oportunizado, a ÓPERA. Defini-la passa pela ideia de ser (inicial maiúscula) a Obra, a Obra divina da arte das artes.  No latim, opus. E, para muitos artistas, a maior Obra de Deus.

Permita-me referir que, cada vez que frequento uma Ópera, sinto-me mais pobre, diante de tanta riqueza que cada espetáculo traz e tão pouco conheço. O desafio é constante e, por vezes, mesmo que estude – antecipadamente – a respeito do espetáculo que irei assistir, nem sempre compreendo, com exatidão, a mensagem de cada Obra. É unânime, por aqui, dizer que é preciso ter humildade para reconhecer que nenhuma Obra é Obra totalmente compreendida. Ou seja, o desafio é eterno.

E de forma prática e resumida, como é a estrutura desta Obra? Quando pessoas pensam em Ópera, muito provavelmente, imaginam uma cantora lírica entoando notas agudas e vestindo roupas cenográficas. Muitas vezes, isso é fato. Outras, não. Normalmente, uma Ópera (canto, interpretação, poesia e música) consta por atos… A abertura (executada pela orquestra no fosso), diversas árias, recitativos e coros.

O primeiro registro (europeu) diz que a Ópera nasceu na Itália e o formato era feito de diálogos acompanhados por orquestras, sofrendo influências de tragédias gregas e cantos carnavalescos.

Na história da música ocidentalDafne (de Jacopo Peri) deve ter sido a primeira Ópera. Refiro-me ao termo ocidental porque seria tolice acreditar que no Oriente esta arte não tenha tido sua própria caminhada.

A mais, cabe-me referir aos colaboradores para que uma Ópera seja executada: são os compositores, os libretistas, os correpetidores; tenores, barítonos, sopranos, contraltos; o diretor cênico e muitos outros. Em se tratando de estrutura, a abertura, os atos (árias e recitativos). O coro tem a função de comentar a história, os duetos, trios, quartetos e mais. Ainda, é preciso ter a clareza de que existe a Ópera Séria (mais dramática) e Ópera Buffa (cômica, mais ligeira – mais popular). Certamente, com o caminhar dos século, houve diferenças significativas dentre os períodos históricos: barroco, clássico, romântico…

A propósito, daqui a alguns dias terá início a abertura da temporada europeia de Óperas. No entanto, antecipando o ano operístico, há sempre um grande evento em que trechos brevíssimos de todas a Óperas da grande temporada são apresentados. Este dia é sempre muito aguardado e os ingressos concorridíssimos. O meu está garantido!

Não tenho dúvida da importância que a arte tem na Humanidade, mesmo que o homem nem sempre saiba reconhecer o seu valor.

No caso da Ópera, ao longo de sua história, a arte é a base mais sólida que reconstitui a vida deste mesmo homem: ele, sem saber, é o Divino da Obra.

Engelbert Schlögel em frente à Ópera de Graz, Áustria.
Arquivo Pessoal

Engelbert Schlögel

engelbertschlogel@gmail.com

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Algumas óperas mais conhecidas:

L’Orfeu de Cláudio Monteverdi (1607)
Armide de Jean-Baptiste Lully (1686)
Le Nozze di Figaro de W. A. Mozart (1786)
Flauta Mágica de W. A. Mozart (1791)
O Barbeiro de Sevilha de Gioacchino Rossini (1813)
La Traviatta de Giuseppe Verdi (1853)
Tristan und Isolde de Richard Wagner (1865)
Il Guarany de Carlos Gomes (1870)
Die Fledermaus [O Morcego] de Johann Strauss (1874)
Carmen de George Bizet (1875)
Parsifal de Richard Wagner (1882)
Salome de Richard Strauss (1905)
Porgy and Bess de George Gershwin (1935)
Candide de Leonard Bernstein (1956)

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