Muralista Eduardo Kobra é o convidado desta semana do podcast ONU News

O programa vai ao ar a partir da 0h do dia 26 de maio, em Nova York (1h no horário de Brasília). Pode ser acessado pela Internet, Twitter e YouTube.

            O conhecido muralista brasileiro Eduardo Kobra é o entrevistado desta semana do podcast ONU News. O programa, de cerca de 20 minutos, vai ao ar na sexta-feira, 26 de maio, a partir da 0h em Nova York e 1h em Brasília, para um público de milhões de pessoas em todos os países de língua portuguesa e nas “diásporas” nas Américas, Ásia, África, Europa e Oceania. Kobra foi entrevistado nos estúdios da organização em Nova York pela editora-chefe da ONU News, Monica Grayley, e pelo redator do canal, Felipe de Carvalho.

            Kobra, que finalizou no início do mês de maio, em Benin, na África, um mural sobre tolerância religiosa e coexistência, conversou sobre o painel “The Future is Now!”, com a temática da sustentabilidade, que pintou na fachada da Organização das Nações Unidas, em setembro de 2022, durante o debate de líderes internacionais na Assembleia Geral.

            Apesar das viagens a cinco continentes e da fama mundial (tem cerca de 3.000 murais em 35 países), o glamour da vida artística jamais seduziu o muralista. Ele está cada vez mais, através de suas obras e do Instituto Kobra, envolvido com temas de justiça sociais, paz, esperança, coexistência, amor ao próximo e, como já destacado, sustentabilidade. Segundo o muralista, o que mais importa agora é transmitir uma mensagem de transformação.

            Entre os vários temas abordados, Kobra falou sobre a fé em Deus, que, segundo ele, é mais do que um ensinamentoé uma forma de vida. E foi justamente ela que o tirou de um “lugar difícil, de depressão profunda”, após a morte da Catarina, filha dele e da esposa, Andressa Munin, dez horas depois de nascer, durante o período da Pandemia.

            O artista urbano também contou sobre os problemas de saúde que tem, devido à intoxicação pelos materiais pesados presentes em tintas e solventes (doença que matou vários artistas, como o pintor brasileiro Cândido Portinari), já que no começo de carreira trabalhava sem materiais de proteção. Mesmo se tratando há muitos anos e hoje sem correr risco de morte, Kobra tem muitas sequelas, como insônia e intolerância alimentar. “Mas eu não me acovardo”, diz o muralista, que segue pintando e levando a mensagem de que para vencer é preciso não desistir.

            O podcast da ONU News, o canal oficial de notícias das Nações Unidas, estreou recentemente, em 5 de maio, com a entrevista do secretário-geral António Guterres. A atração também entrevistou o influenciador digital Felipe Neto e a blogueira e designer de moda Camila

Coutinho.

           As entrevistas tratam de temas relevantes para a Organização, como o combate ao discurso de ódio e à desinformação, a parceria da ONU com empresas e instituições por meio do Pacto Global para responsabilidade corporativa e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS. Pode ser acessado na internet (ONU News | Perspectiva Global Reportagens Humanas ), Twitter (www.twitter.com/onunews) e YouTube (ONU News – YouTube):

Veja a seguir, alguns trechos, em transcrições não literais, da conversa de Eduardo Kobra com Monica Grayley e Felipe de Carvalho, da “ONU News”:

Painel “The Future is Now”, na fachada da ONU em 2022:

Mural “The Future is Now!”, de Eduardo Kobra na ONU, em Nova York Ben Lau/Divulgação

“Foi um dos trabalhos mais desafiadores da minha história, sem dúvida nenhuma.  É realmente muito complexa a questão das permissões. Quanto se trata de Nova York, já é muito complicado. (…) Poder ter o meu trabalho aqui, na fachada da ONU, fez todo o sentido para mim (…) imagina alguém que vem da periferia, como eu, autodidata, de repente receber um convite desta magnitude! (…) No caso da ONU, foi uma inspiração mesmo. Imaginei essa cena: como, nós, hoje, estamos tratando o planeta e como vamos entregá-lo para as próximas gerações.”

Mais de 3 mil obras em cerca de 35 países

“Nos Estados Unidos são mais de 50 murais. Em muitos desses países eu volto algumas vezes. Acho que tudo agrega valor e conhecimento ao meu trabalho. Já fui a lugares incríveis, pintei em Mumbai, na Índia, e duas vezes na África. Pude caminhar e entender mais da história. São experiências de vida que a arte está me proporcionando.” 

Desafios causados pela intoxicação com tintas

“A parte mais difícil da minha vida é essa. Até os dias de hoje. Nunca me acovardei com a questão das dificuldades, dos desafios (…).  Pintei muito, intensamente, de uma forma rebelde. Não usava máscara, não usava nenhum tipo de proteção e adquiri um problema de intoxicação de metais pesados, gravíssimo. Fiquei muitos anos doente. Adquiri uma depressão profunda, além de problemas de intolerância alimentar. Fiquei anos tomando inúmeros remédios.”

Importância da fé para o artista

“A fé tirou-me de um lugar muito difícil em que eu estava. Na pandemia, pintei um mural muito simbólico sobre isso, chamado “A Mão de Deus”. Foi em um prédio (em São Paulo), num momento muito difícil que eu estava passando, da morte da minha filha (…) Então, a fé em Deus me resgatou desse lugar de depressão, de angústia, de dificuldade…. Essa fé me sustenta…Sem ela, com certeza eu não estaria aqui, e não conseguiria seguir em frente, com tantos desafios. E eu gosto sempre de passar essas mensagens de esperança, de perseverança, de fé, de amor ao próximo, de tolerância, de respeito, de coexistência e de união dos povos, através das minhas obras.”

A arte é para todos

Você pode ter nascido numa comunidade, em uma favela, no lugar mais simples do mundo e ser um artista autodidata. Como a gente vê no Brasil, como a gente vê pelo mundo! (…) Há pessoas que nunca entraram numa galeria de arte. Algumas dessas  pessoas estão indo, talvez, pela primeira vez para visitar uma galeria, uma exposição ou um museu para ver uma obra que eu coloquei lá.  Que foi o que aconteceu com meu pai. Meu pai entrou, pela primeira numa galeria de arte, para visitar uma obra que eu estava expondo…”

Sobre Eduardo Kobra

Eduardo Kobra, 48 anos, tem 3.000 murais, em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, Brasil; “Oscar Niemeyer”, “Coexistência”, “Janelas Abertas para o Mundo” e “Ciência e Fé”, em São Paulo, Brasil; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis, Estados Unidos; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã, Holanda; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou, Rússia; “Fight For Street Art” (sobre Basquiat e Andy Warhol) e “Tolerância” (com Madre Teresa de Calcutá e Mahatma Gandhi), em Nova York, Estados Unidos; em Faetano, San Marino (ainda sem nome. sobre a história e a lenda do país e do Monte Titano); em Cotonou,  Benin (na África, ainda sem nome, sobre Coexistência e Tolerância); “Gandhi – Todos Somos Iguais”, em Mumbai, Índia; e “David”, nas montanhas de Carrara, na Itália.

Em todos os trabalhos, o artista busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto.  Entre os temas mais presentes na obra do artista estão a paz, a tolerância, a ecologia, a sustentabilidade e o respeito à diversidade. Dois desses murais entraram no Guinness Word Record como o “maior mural do mundo”. Primeiro “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, com cerca de 3.000 metros quadrados e, depois, o “Mural do Chocolate”, localizado na rodovia Castelo Branco, em Itapevi, em São Paulo, com 5.742 metros quadrados. Em setembro do ano passado, Kobra fez o mural “The Future is Now!”, de 24 metros de comprimento por 14 metros de altura (336 metros quadrados), em uma das fachadas da Organização das Nações Unidas, em Nova York, cidade onde podem ser vistas 22 de suas obras.

Novo mural de Kobra, em Benin, na África Arquivo de Eduardo Kobra. Divulgação
os angolanos Mafueni Delfina e Mabanza Victor James Henoe, no mural “Janelas Abertas para o Mundo”, em São Paulo Alan Teixeira/Divulgação
eema Bashar Hameed Aluqla, no mural “Janelas Abertas para o Mundo”, em São Paulo Alan Teixeira/Divulgação
Mural de Eduardo Kobra em San Marino Divulgação
Mural Tolerância, com com Madre Teresa de Calcutá e Mahatma Gandhi, em Nova York Arquivo pessoal de Eduardo Kobra/Divulgação
Let me be Myself, sobre Anne Frank, em Amsterdã Arquivo pessoal de Eduardo Kobra/Divulgação
Mural “The Future is Now!”, de Eduardo Kobra, na fachada da ONU, em Nova York, realizado em setembro do ano passado
Divulgação
David, em Carrara, na Itália Arquivo pessoal de Eduardo Kobra/Divulgação
Kobra em frente ao seu novo mural, onde destaca a tolerância e a diversidade, em Benin, na África Arquivo pessoal de Eduardo Kobra/Divulgação
A Mão de Deus, em São Paulo, a mais autobiográfica das obras. drone.cyrillo/divulgação

Gontof Comunicação
Jornalista responsável: Airton Gontow

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