Mostra “Arquipélago”, da artista visual Flavia Renault, reflete sobre deslocamentos e transitoriedade da vida no Centro Cultural Correios São Paulo
Mostra remete ao questionamento - tão inquietante quanto sem resposta - sobre o que se carrega quando se deixa tudo para trás
A artista visual Flavia Renault apresenta a mostra solo “Arquipélago”, a
partir do dia 01 de abril de 2023 (sábado), das 11h às 16h, no atrium do
Centro Cultural Correios São Paulo (CCCSP), no Vale do Anhangabaú, em
São Paulo. Com curadoria de Paula Braga, é a primeira vez em que a
artista apresenta “Arquipélago”, projeto que nasce da reflexão sobre os
deslocamentos forçados, o abandono das casas e da vida, a urgência da
sobrevivência vivida por refugiados no mundo.
No vernissage, acontece uma performance, às 15h. Nela, a artista costura
galhos de árvore nas suas vestimentas, criando uma simbiose entre
humano/natureza e cultura/comportamento, num jogo entre dor e força.
Mais de 50 malas, em tamanhos e tipos diversos, estão saturadas por
fotografias antigas, coleção de livros sobre a história do Brasil,
pedras e cristais, documentos pessoais, cúpulas de
lustres, enciclopédias, ex-votos, santos e imagens religiosas, bulbos de
plantas, dentre tantos outros pertences da artista. Dispostas no chão,
as malas endossam o sentido do deslocamento, da transitoriedade; e seu
conjunto, como obra basilar da exposição, chega à medida de 25 x 8
metros. Abertas, entreabertas e fechadas, as malas carregam e tentam dar
ordem ao que está desordenado, ao que se juntou ou ao que não se quer
desfazer.
Nas paredes, será exposta uma seleção especial de trabalhos, criados a
partir de documentos de família, com intervenção de colagens e desenhos,
que também integram memórias e coleções acumuladas ao longo de uma vida.
Apresentá-los como parte desse projeto simboliza a possibilidade
desses documentos receberem novos destinos, assim como nós.
“É coisa demais para ter dentro de si, e o mundo há de ser confiável
como parceiro de reparação de muitos horrores. Nas malas do
arquipélago montado no prédio dos correios há livros de história e,
se é possível narrar, é possível pensar sobre o trauma de uma
sociedade que vira e mexe recai nos mesmos erros. Ainda é tudo muito
presente e repetitivo”, afirma a curadora Paula Braga no texto
crítico.
Sobre a artista
Flavia Renault nasceu em 1971 no Rio de Janeiro/RJ. Vive e trabalha,
desde 1975, em São Paulo/SP. Graduou-se em Artes Plásticas pela
FAAP-Fundação Armando Álvares Penteado, em 2001. Neste mês de abril,
também participa da coletiva O que ancora, na Samba Contemporânea/RJ. Em fevereiro, participou da coletiva Origem, no Espaço La
Salvage/SP. Participou da coletiva “Ar: Acervo Rotativo” (Oficina
Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2021) e fez sua individual
“Territórios” (Atelier 284, São Paulo, 2022). A exposição de fotos do
seu “Projeto Contornos” (1996-1997) aconteceu no mezanino do Centro
Cultural Fiesp (São Paulo) e também na Casa Brasil (Santarém,
Portugal).
Durante os últimos anos, a artista vem se dedicando a entender o
universo da criatividade, tendo desenvolvido um método único que
mesclava arte, fenomenologia e antroposofia, tendo tido mais de 200
alunos de 2009 a 2019. Tem suas pesquisas dedicadas ao limiar e encontro
da vida /morte e renascimento; desenhos de anatomia se misturam com
morfologia de plantas e órgãos, formações geológicas, enfim,
metamorphoses, transformações. Restos de papéis, documentos são
recortados milimetricamente à mão tornando-se estalactites, mapas,
nuvens e paisagens, bordados tornam- se cicatrizes, limites, bordas;
objetos construídos de sobras, de gavetas vazias/velhas, de refugo
encontrado nas caçambas, o abandonado/descartado ganha novos contornos, possibilidades e territórios; Flavia também possui uma variedade de coleções que vão desde documentos antigos, à perucas, de bulbos secos à criação de cogumelos. Suas pesquisas são embasadas também pela Antroposofia e pela Fenomenologia de Goethe, observação e estudos da natureza, em especial, plantas, nuvens e aves. Além disso, estuda
profundamente a história do Brasil, tendo percorrido 58.000 km pelas
fronteiras deste enorme país continente, numa expedição, e publicado
dois livros a respeito desse percurso, num projeto conhecido como
Contornos (1996-1997).
Sobre a curadora
Professora da Universidade Federal do ABC, na área de Filosofia da Arte
e Estética, Paula Braga é bacharel em artes visuais e mestre em História
da Arte pela Universidade de Illinois, e doutora em Filosofia pela USP.
Sua pesquisa de pós-doutorado em Teoria da Arte, na UNICAMP, investigou
a arte da era das redes cibernéticas. Atualmente, seus projetos e
publicações concentram-se em arte contemporânea brasileira e na pesquisa
sobre arte e subjetividade, incluindo investigações no campo da
psicanálise. Dentre suas publicações destacam-se os livros “Arte
Contemporânea: modos de usar”, pela Editora Elefante, “Fios Soltos: a
arte de Hélio Oiticica” e “Hélio Oiticica: singularidade,
multiplicidade”, ambos publicados pela Editora Perspectiva.
Sobre o espaço
O Centro Cultural Correios de São Paulo (CCCSP) ocupa um grande terreno
no Vale do Anhangabaú, coração do centro antigo da cidade. Divide 15 mil
m² de área construída do Prédio Histórico dos Correios com a maior
agência de Correios do país e um centro de distribuição domiciliária. A
construção do Prédio foi iniciada em 1919 e a inauguração ocorreu três
anos depois. Tornou-se um ponto marcante na paisagem urbana da capital
paulista e fez com que a Praça Pedro Lessa ficasse mais conhecida como
“Praça do Correio” do que pelo seu nome original.
A agenda do CCCSP é diversificada, durante todo o ano. O público tem a
oportunidade de prestigiar, gratuitamente, tanto artistas em início de
carreira quanto os renomados, em local acessível e agradável no centro
da cidade.
SERVIÇO RÁPIDO
mostra solo “Arquipélago” da artista visual Flavia Renault
curadoria: Paula Braga
abertura: 01 de abril de 2023 (sábado), 11h às 16h
performance: 15h
visita: 03-30/04/2023 (seg a sáb, 10h às 17h)
local: Centro Cultural Correios São Paulo (atrium)
vale do anhangabaú – centro – são paulo – sp
01031-970
como chegar: Metrô – Estação São Bento, saída para o Vale do
Anhangabaú;
Automóveis – Embarque e desembarque são liberados no calçadão, com
acesso pela Rua Capitão Salomão. Há estacionamentos públicos em torno do
CCCSP
Acessibilidade: Rota acessível, elevador e banheiro adaptados.
site: www.correios.com.br/educacao-e-cultura/centros-e-espacos-culturais/centro-cultural-sao-paulo
valor: gratuito
faixa etária: livre
redes sociais
Flavia Renault: @flaviarenault_art
Paula Braga: @paula.p.braga
Centro Cultural Correios São Paulo: @correiosoficial
Erico Marmiroli – marmiroli comunicação, desde 2003