Eduardo Kobra exibe a paz, a diversidade e a tolerância em mostra na sede da ONU, em Nova York

A exposição traz 11 peças, entre murais e obras inéditas. “Escolhi murais e telas que têm conexão com a paz, a solidariedade, o desarmamento, a tolerância, o respeito e a diversidade”, afirma o artista.

Eduardo Kobra expõe telas com temas como diversidade, coexistência tolerância e desarmamento / Divulgação

O conhecido muralista brasileiro Eduardo Kobra faz uma exposição até 9 de setembro no hall da Assembleia Geral das Nações Unidas, com 11 telas que mostram alguns de seus murais, além de obras inéditas. O artista urbano foi convidado pela Missão Brasil na ONU.  No local, estão situadas as telas “Guerra” e “Paz”, do pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), doadas pelo Brasil à ONU e inauguradas em 6 de setembro de 1956. Ao lado de cada obra de Eduardo Kobra há uma placa com informações. No dia 7, em que se comemora o Bicentenário da Independência do País, haverá, das 18h às 21h, um coquetel oferecido pela Eden Gallery, quando o artista falará sobre as obras e sua trajetória. A exposição, que começou dia 25 de agosto, pode ser visitada apenas por agentes e funcionários da ONU. Depois, Kobra planeja levá-la a diferentes países, mas ainda não há nada definido.

“É uma honra mostrar meus trabalhos na ONU. Escolhi murais e telas que têm conexão com a paz, a solidariedade, o desarmamento, a tolerância, o respeito e a diversidade”, afirma o artista, que acrescenta: “É também uma honra expor minhas telas no local onde estão essas duas imensas e maravilhosas obras de Portinari, desde sempre uma das minhas grandes referências e paixões”.

Credenciamento

Os profissionais de mídia que desejam comparecer ao evento devem ser credenciados pela Unidade de Mídia da ONU, a MALU, para poderem entrar com equipamento na ONU. Profissionais de mídia ou de imagem (câmera/fotografia) que desejarem comparecer à recepção do dia 7 de setembro, devem enviar os dados abaixo, exigidos pela ONU, para o e-mail press.delbrasonu@itamaraty.gov.br, com a maior brevidade possível. O processo de credenciamento não é automático. Tem que ser autorizado, por isso, o fator tempo é essencial.

Dados pessoais: data de início e fim das filmagens; Nome completo; Telefone para contato; e-mail para contato; função/cargo; organização para qual trabalha; endereço com zip code; nome e telefone do contato de emergência.

Para entrevistas com o artista, escrever também para a Gontof Comunicação, que faz a assessoria de imprensa de Kobra, pelo e-mail airton@gontof.com.br ou chamar pelo WhatsApp 1199109-0688.

Veja aqui as 11 telas e os textos colocados ao lado de cada uma delas:   

Coexistência (1,8 m x 1,2 m) – Estamos vencendo juntos mais um momento de crise. A Covid-19 ainda está presente, mas os números de mortes estão finalmente caindo. A esperança venceu. Independentemente da nossa localização geográfica, de nossa etnia e de nossa religião, estamos unidos em uma mesma oração: que Deus inspire os cientistas para que encontrem a solução para esta pandemia e conforte nossos corações para que tenhamos forças e sigamos juntos como humanidade. Esta obra, 196m², foi pintada há cerca de dois anos no bairro de Pinheiros, em São Paulo. É um local importante para a trajetória profissional do Kobra, que desde o começo de sua carreira fez mais de 15 obras ali. É um exemplo de como a arte de rua se transforma.

I Have a Dream (1,8 m x 1,2 m) – Em 28 de agosto de 1963, o ativista norte-americano Martin Luther King (1929-1968) fez um histórico discurso para 200 mil pessoas em Washington, capital dos Estados Unidos. “Eu tenho um sonho”, dizia ele. Ao falar da necessidade de união e harmonia entre brancos e negros, Luther King deu um importante passo na luta pelo reconhecimento dos direitos civis dos afro-americanos. Kobra pintou o mural em Palm Beach, Estados Unidos, em 2007, com 270 metros quadrados.

Tolerância (1,7 m x 1,3 m) – Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) e Mahatma Gandhi (1869-1948) foram dois grandes religiosos pacifistas que dedicaram a vida à Índia em épocas diferentes do século 20. De um lado, uma líder católica. Do outro, um líder hindu que pregava a não-agressão e a não- violência. Kobra fez o mural em 2018, em Nova York. Retratá-los, frente a frente, é um exercício de fé na humanidade. É acreditar que as diferentes religiões não devem representar uma barreira, mas sim uma ponte – já que o objetivo é comum.

OriCUNmiv (1,8 m x 1,2 m) – Quantas vidas perdemos por causa do dinheiro? Quantas crianças, pais, mães e pessoas queridas morreram em decorrência da indústria das armas? Em um país em que o porte de armas é uma discussão frequente, Kobra ilustra nessa tela feita em 2016, sua visão pacifista ao expor como a ganância custa a vida do próximo.

Man On The Moon (1,44 m x 1,2 m) – Como disse Neil Armstrong em 1969, a conquista da Lua foi um grande passo para a humanidade. Mas ainda precisamos dar um passo maior ainda em direção à conquista da paz. Nessa releitura de um momento histórico, Kobra usa a pomba para representar essa necessidade de união. Em escala universal.

Liberty (1,8 m x 1,2 m) – Um dos mais conhecidos monumentos em todo o mundo, a Estátua da Liberdade passa um recado claro: os Estados Unidos, como terra da liberdade, devem acolher todos os imigrantes. A releitura feita no Soho, Nova York, em 2018, com 150,4 metros quadrados, é uma referência à crise imigratória mundial e ao fato de que os Estados Unidos são uma peça-chave nessa discussão. Para Kobra, os valores de liberdade e fraternidade devem persistir, acima de qualquer discurso de xenofobia ou guerras.

Gun Man (1,8 m x 1,2 m) – Kobra é um grande admirador do pintor Pablo Picasso (1881-1973). Mas ao propor uma releitura de icônica fotografia do artista, decidiu incluir uma crítica: deu um nó na ponta da arma carregada por ele. Isto porque, em seu entendimento, ao longo da história a arte também serviu para enaltecer com portamentos socialmente incorretos, glamourizando o envolvimento em crimes e enaltecendo o uso de drogas e uma vida desregrada. Ao dar um nó na arma de Picasso, Kobra então procurou alertar: esse tipo de postura não fica bem. Para o artista brasileiro, a arte é um veículo de transformação social.

The Braves of 9/11 (1,8 m x 1,2 m) – Onze de setembro de 2001 se tornou uma triste data na história da humanidade. Esta obra, mural feito em 2018, em Nova York, com 255 metros quadrados, representa todos que se foram e a coragem dos homens e mulheres que, trabalhando no resgate, deram suas vidas ou emprestaram suas saúdes física e mental para tentar remendar as cicatrizes deixadas pelo atentado. O retratado é Mike Bellatoni – um dos tantos heróis que sobreviveram ao fatídico dia. A bandeira americana foi estilizada por Kobra: as faixas brancas aludem às Torres Gêmeas, enquanto as estrelas no chão simbolizam os mortos da tragédia.

The Girl And The Tank (1,44 m x 1,2 m) – Infelizmente, o ser humano não aprendeu como fazer um cessar-fogo definitivo, global e total. Guerras continuam ocorrendo e a violência parece cada vez mais transcender os limites da própria imaginação.  Mas a criança conserva sua pureza – e, sim, a imaginação lúdica permanente. Aqui Kobra retratou um tanque de guerra abandonado que, encontrado pela criança, em sua inocência e simplicidade, acabou reinventado como um simples e divertido brinquedo: um balanço de parquinho.

União (1,44 m x 1,2 m) – O símbolo mais famoso da paz é aqui usado como base para pedir a união entre as pessoas e o combate ao racismo.

The Regugee’s Scream (1,44 m x 1,2 m) – Em um mundo constantemente abalado por conflitos de diversas naturezas, essa imagem resume de forma simples e impactante uma das principais causas defendidas por Kobra. De acordo com a ONU, atualmente temos mais de 26 milhões de refugiados no mundo: o maior número da história. São pessoas que precisaram abandonar seu país, suas famílias, suas vidas por conta de guerras, perseguições e violências. E, muitas vezes, não encontram acolhimento digno. Por isso, O Grito’ do século 21 é deles. Esta tela é releitura da famosa obra feita em 1893 por Edvard Munch.

Janelas abertas para o mundo – No dia 27 de agosto, Eduardo Kobra

lançou uma impactante obra no muro em frente à fachada do Museu da Imigração, no

bairro da Mooca, na Zona Leste de São Paulo. Com 736 metros quadrados (5,8 m de altura por 127 m de extensão), o mural “Janelas Abertas para o Mundo” mostra oito migrantes e refugiados, de diferentes origens, todos personagens reais retratados pelo artista urbano com as cores que caracterizam sua obra. Ao longo do mural, em janelas pintadas, estão Andres Samuel Peralta Guedez, 15 anos, da Venezuela; Mafueni Delfina, 9 anos, e Mabanza Victor James Henoe, 6 anos, de Angola; Noura Bader, 35 anos, Palestina; Priscília Mbuku Bazonga, 12 anos, da Líbia; Vijay Bavaskar, 52 anos, e Deepali Bavaskar, 49 anos, da Índia; e Seema Bashar Hameed Aluqla, 8 anos, do Iraque.  O Museu da Imigração – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – está situado à rua Visconde de Parnaíba, 1.316.

Para realizar a obra, Kobra contou com a parceria da organização humanitária IKMR (I Know My Rights), que indicou as pessoas retratadas. Kobra conversou com cada um dos refugiados para conhecer suas histórias e personalidades. No prédio em que o museu está situado, ficava originalmente uma hospedaria que recebia migrantes, muitos deles refugiados, que muitas vezes ficavam em suas janelas observando o movimento na nova cidade. Agora, quem está nos jardins do Museu poderá ver as janelas que existem no muro e, como se fossem portais, “conversar” com essas pessoas e talvez se interessar por suas histórias e pela questão dos milhões de refugiados no mundo inteiro. 

“Simbolicamente, o muro é um impedimento, aquilo que não precisamos no mundo. É o que separa, o que demarca as diferenças e o que impede o ir e vir.  Por isso, escolhi mostrar os personagens nas janelas abertas, olhando para fora, para as pessoas que passam, muitas vezes indiferentes”, diz Kobra.

De acordo com o artista, tão nociva quanto o ódio e o preconceito contra o migrante e o refugiado é a indiferença, é passar por seres humanos sem enxergá-los, como se não existissem. “Mais do que nunca as cores que utilizo nas obras têm um significado bem especial aqui. As pessoas, com suas origens, culturas e características diversas, tornam o País – e o mundo! – mais bonito. É preciso abrir as janelas, mas também as portas, os olhos e os corações para acolher essas pessoas que abdicaram de suas pátrias e precisaram, por diversas razões, se deslocar”, afirma Kobra, que complementa: “que sejam felizes e consigam reconstruir suas vidas no solo brasileiro”.

Até o final de setembro, Kobra fará uma peça exclusiva, com a imagem do mural e todo o recurso da sua venda em um leilão online (data ainda indefinida) será revertido para a IKMR. 

O novo mural segue a linha de temáticas utilizadas pelo artista ao longo de sua trajetória. Kobra é autor de projetos como “Greenpincel”, onde mostra imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya e Frida Kahlo.  

O artista também fez murais que celebram a diversidade, como o icônico “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro”, “A Linha da Vida, no km 44 da rod. Castelo Branco, São Paulo; e “Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19”, em São Paulo.

Em 2015, Kobra fez um incrível e intenso projeto “São Paulo: uma realidade aumentada”, com dez intervenções em dez dias. As ações tinham como base a temática social.  Em uma dela, o mural “Desaparecida”, estampou na av. Pedroso de Morais, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, o rosto da menina Ana Júlia Alves Tomás, então com cinco anos de idade, que estava desparecida desde 2013.  Diversas mães da ONG “Mães em Luta”, associação nacional de prevenção e busca a pessoas desaparecidas, compareceram à inauguração da obra para distribuir panfletos e conversar com as pessoas.

Em uma calçada da rua Helvétia, na região conhecida como Cracolândia, no Centro de São Paulo, Kobra expôs dez quadros. Além disso, usuários de drogas pintaram com o artista um quatro, que foi depois leiloado, com o valor integralmente revestido para o programa “De Braços Abertos”. Como parte do projeto “São Paulo: uma Realidade Aumentada”, Kobra pintou o mural “A Menina Bailarina”, como um presente para a comunidade de Paraisópolis. Na obra, retratou Daniela Oliveira de Sousa, jovem bailarina do Balé Paraisópolis, que mora na comunidade. 

Uma das ações mais comentadas do projeto, quando abordou um dos problemas mais graves do País, Kobra fez o mural “Desemprego”. O muralista pintou em um muro da Praça Roosevelt, o currículo do então desempregado Adriano da Silva Pereira. Muitas pessoas interagiram com a obra e colocaram seus próprios currículos no muro. Também foi impactante e comentada a intervenção onde o artista urbano desenhou em uma calçada uma cama em 3D, para falar sobre a situação dos moradores de rua em São Paulo. Como um dos resultados da ação, muitas pessoas doaram agasalhos e vários objetos para a família da Dona Maria, que era moderadora de rua na região.

Na segunda quinzena de abril de 2017, Eduardo Kobra esteve em Blantyre, na África, a convite da cantora Madonna, para realizar dois murais em um hospital para crianças, que estava em construção pela Raising Malawi Foundation, instituição fundada em 2006 por Madonna e Michael Berg. A viagem surgiu depois que a cantora viu uma obra de Kobra (“Fight for Steet Art”), no Brooklyn, em Nova York, sobre Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol e convidou o muralista brasileiro. No hospital, obra pintou os murais “Nelson Mandela” e “Desmond Tutu”, dentro de sua série “Olhares da Paz”.

Em 2019 Kobra percorreu 12 bairros de São Paulo, dez deles na periferia da cidade, com o projeto “Galeria Circular”, em que transformou em galeria itinerante de arte um ônibus adaptado. Na exposição, o artista apresentou 14 de suas obras, que estiveram ou ainda estavam expostas em diversos locais pelo mundo. O artista idealizou e participou de todos os dias do projeto, interagindo intensamente com o público.

Obras de Eduardo Kobra realizadas no contexto da Pandemia

Em 2021, o artista urbano fez o mural “Seja Luz”, mais uma obra com o tema da pandemia do Covid-19. O mural de 30 m de altura por sete de largura fica na rua Oscar Freire, nos Jardins. Segundo o artista, que no mural pintou “O Pensador”, de Auguste Rodin (1840 a 1917), dentro de uma lâmpada, esse trágico momento de pandemia deve levar a humanidade a repensar valores. “Cada um precisa refletir sobre que tipo de entrega e atitude deve ter para ser luz na escuridão”, diz o muralista. “Acima de tudo é preciso ser luz na vida de alguém e fazer a diferença. É fundamental, mais que só ficar nas palavras e nas Redes Sociais, ouvir o outro, pensar no outro e fazer o bem”, afirmou.

Em maio do mesmo ano, Kobra lançou em São Paulo, na rua Henrique Schaumann, em frente à Igreja do Calvário, o mural “Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19”, onde retrata crianças de cinco religiões – Islamismo, Budismo, Cristianismo, Judaísmo e Hinduísmo. A obra traz uma mensagem de fé e de esperança, ao mesmo tempo em que lembra as vítimas do Covid-19 e destaca a importância da Ciência, simbolizada pelo fundamental uso de máscaras.

Pouco antes, no início de fevereiro de 2021, na primeira ação do então recém-criado Instituto Kobra, que tem como base a premissa de que a arte é um instrumento de transformação, o artista paulistano transformou um cilindro de oxigênio, em desuso, de 1m30, em uma obra de arte, exemplar único, chamada “Respirar”.  Kobra pintou o cilindro como se fosse um recipiente transparente, com uma árvore plantada dentro. “A mensagem central é a importância da vida. Que o sopro da minha arte ajude a levar um pouco de oxigênio para os hospitais mais necessitados e, ao mesmo tempo, provoque a reflexão sobre a importância de usar máscaras, lavar as mãos constantemente, manter o isolamento social e, claro, de preservar a natureza, que é um patrimônio de toda a humanidade”, disse.

A obra foi adquirida por 700 mil reais. Os recursos obtidos com a venda da peça foram aplicados integralmente na construção de duas usinas de oxigênio no Amazonas. Na prática, isso significou que 20 leitos de UTI’s beneficiados 24h por dia, numa ação perene, que ficaram como legado. Em um dia, a usina gera 480 horas de oxigênio. Em um mês, são 14.400 horas. “A título de comparação, um cilindro abastece um leito de UTI com oxigênio por até 10 horas. Ou seja, para fazer uma entrega equivalente à usina, seriam necessários mais de 1.400 cilindros por mês. Com 700 mil seria possível comprar 350 cilindros, o que equivaleria a 3.500 horas”, contou o muralista.

No final de fevereiro do mesmo ano, o muralista Kobra doou ao Instituto Butantan e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dois painéis (um para cada instituição) de um metro e oitenta por um metro e oitenta, que fez meses antes, inspirado na esperança do desenvolvimento de vacinas para imunizar as pessoas contra o Covid-19.

Em 2022, Eduardo Kobra (que desde o início da pandemia reduziu drasticamente o número de trabalhos e adiou ou cancelou 39 dos 40 convites que tinha para pintar no Exterior) presenteou o Hospital das Clínicas, em São Paulo, com o mural Metamorfoses, entregue em 14 de junho, Dia Mundial do Doador de Sangue. O novo mural ocupa uma imensa parede que começa no Espaço de Convivência, no primeiro andar do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo (onde está situada a Hematologia e a Fundação Pró-Sangue, maior banco de sangue da América Latina, com 10 mil doadores por mês) e se estende até o 8º e último andar. Antes, em janeiro do mesmo ano, Kobra inaugurou no Hospital das Clínicas, à rua Dr. Eneias de Carvalho Aguiar, 255, mural “Ciência e Fé”. Na obra, com as cores que caracterizam boa parte de suas obras, mostra as mãos de um médico, com o jaleco e o estetoscópio, em posição de oração. “A obra mostra que Ciência e Fé caminham lado a lado. Cada uma nos fornece algo que não se pode obter a partir da outra. Acredito demais na Ciência e na Medicina e agradeço aos médicos, enfermeiros e demais profissionais da Saúde que colocam suas vidas à nossa disposição. Eu e a maioria dos brasileiros também colocamos nossa fé em ação e o coração em Deus, para que ele abençoe nossas vidas e as vidas das pessoas que amamos e também a Ciência, para que ela encontre a cura. Não existe essa contradição, que tentam criar, entre Ciência e Fé. Não há por que acreditar só em uma ou na outra”.

Sobre Eduardo Kobra

           Kobra, 47 anos, é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 95 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.

             Muitos críticos afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o salvou.

             Kobra é autor de projetos como “Muro das Memórias”, em que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo.  Em meio ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor. 

            Hoje, os murais de Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o artista busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto.  Inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.

           Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.

Veja algumas das obras de Kobra no Brasil e no Exterior

Exterior:

1 – O Beijo, na High Line, em Nova York, EUA

2 – Arthur Rubinstein, em Lodz, na Polônia

3 – Artistas, em Wynwood, Miami, Flórida, EUA

4 – A Bailarina (Maya Plisetskaya), em Moscou, Rússia

5 – Malala, em Roma, Itália

6 – Olhar a Paz, em Los Angeles, Califórnia, EUA

7 – Sarasota Antiga, em Sarasota, Flórida, EUA

8 – Abraham Lincoln, em Lexington, Kentucky, EUA

9 – Fight for Street Art (releitura da cena clássica de Andy Warhol e Jean Michael Basquiat), em Williamsburg, Brooklyn, EUA

10 – Alfred Nobel, na cidade de Boras, Suécia

11 – MariArte, em San Miguel de Allende, México

12 – Ritmos do Brasil, em Tóquio, Japão

13 – O Beduíno, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos

14 – Mural ainda sem nome, Papeete, Taiti

15 – Bob Dylan, The Times They Are a-Changin. Minneapolis, Minnesota, EUA

16 – Hamlet, West Palm Beach, Florida, EUA

17 – Einstein vai à Praia, West Palm Beach, Flórida, EUA

18 – Give Peace a Chance, Wynwood, Miami, Flórida, EUA

19 – Stop Wars, Wynwood, Miami, Flórida, EUA

20 – The Fallen Angel (O Anjo Caído), Wynwood, Miami, Flórida, EUA

21 – Muddy Waters, Chicago, Illinois, EUA.

22 – Rio, Tóquio, Japão

23 – Armstrong (nome não definitivo), Cincinnati, Ohio, EUA 

24 – Dante Alighieri, Ravenna, Itália

25 – Let me be myself, Amsterdã, Holanda

26 – Ziggy Stardust (sobre David Bowie), Jersey City, New Jersey, EUA.

27 – Sonho de um Menino, Dubai, Emirados Árabes Unidos.

28 – Mandela (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi

29 – Desmond Tutu (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi 

30 – Dalí, em Múrcia, Espanha

31 – Davi, em Carrara, Itália

32 – Cacique Raoni (ainda sem nome definitivo), em Lisboa, Portugal.

33 – Etnias – Todos Somos Um, em Sandefjord, Noruega.

34 – Locomotiva, em Londres, Reino Unido

35 – Família Monet (dois murais que conversam entre si), em Boulogne-sur-Mer, na França.

36 – Imagine, em Bristol, Inglaterra.

37 – Em 2018 o artista fez 20 murais nos EUA, 18 deles em Nova York.

38 – Ayrton Senna, Ímola, Itália.

Brasil

1 – Oscar Niemeyer, Praça Oswaldo Cruz, av. Paulista, em São Paulo, São Paulo

2 – A Arte do Gol (projeto Muro das Memórias), av. Hélio Pellegrino com av. Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo

3 – Belém Antigo, esquina da rua Castilhos França com a rua Portugal, em Belém, Pará

4 – Candango, no Complexo Bancário, em Brasília.

5 – Chico e Ariano, na avenida Pedroso de Morais, Pinheiros, em São Paulo, São Paulo.

6 – Novos Ventos, nos tanques da Linde Gases, na rodovia Cônego Domênico Rangoni, no trecho do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga Cubatão a Guarujá, São Paulo.

– Mural da 23 de Maio (projeto Muro das Memórias), próximo ao viaduto Tutóia, em São Paulo, São Paulo.

8 – Murais do Parque do Ibirapuera, ao lado do MAM, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

9 – Pensador, Senac Tatuapé, em São Paulo, São Paulo.

10 – Muro das Memórias Caixa d’água, Senac Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo.

11 – AltaMira (projeto Greenpincel), rua Maria Antônia, São Paulo, São Paulo.

12 – Muro das Memórias, Senac Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.

13 – Gonzagão, Recife, Pernambuco.

14 – Viver, Reviver e Ousar, Igreja do Calvário, em Pinheiros, São Paulo, São Paulo.

15 – Brasil!, muro da usina termelétrica de Macaé, Rio de Janeiro.

16 – Sem Rodeio (Projeto Greenpincel), av. Faria Lima, em São Paulo, São Paulo.

17 – Muro das Memórias Senac Tiradentes, av. Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.

18 – Racionais MC’s, Capão Redondo, São Paulo, São Paulo

19 – Genial é Andar de Bike, Oscar Freire, São Paulo, São Paulo

20 – A Lenda do Brasil, rua da Consolação, São Paulo

21 – Etnias – Todos Somos Um, Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro, RJ

22 – Sobre Bike e mobilidade, rua Tavares Cabral, São Paulo, SP.

23 – Mural do Chocolate, km 35 da rod. Castelo Branco, em Itapevi, São Paulo;

24 – Escadão das Bailarinas, em Pinheiro, São Paulo, São Paulo

25 – Mario Quintana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

26 – Ayrton Senna – Superação, em Interlagos, São Paulo.

27 – Escola Professor Raul Brasil (ainda sem nome definitivo), em Suzano, São Paulo.

28 – Coração Santista, em Santos, São Paulo.

29 – A Mão de Deus, São Paulo, São Paulo

30 – A Linha da Vida. – km 44 da rod. Castelo Branco, São Paulo

31 – Escadateca, em Sorocaba, São Paulo.

32 – Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19, São Paulo, SP.

33 – Seja Luz, em São Paulo, São Paulo.

34 – Ciência e Fé, em HC de São Paulo, São Paulo.

35 – Metamorfoses, HC de São Paulo, São Paulo.

36 – Janelas Abertas para o Mundo, em frente ao Museu da Imigração, em São Paulo, SP

Enviado por Airton Gontow – Gontof Comunicação

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