ENTREVISTA ESPECIAL POR OCASIÃO DO DIA DOS NAMORADOS COM AIRTON GONTOW, DIRETOR DO SITE “COROA METADE”.
Airton Gontow – jornalista, cronista, repórter especializado em Turismo. Trabalhou nos jornais “Folha de S. Paulo”, “Folha da Tarde” e “Jornal da Tarde”. Há 30 anos diretor de redação da Gontof Comunicação. É diretor do site de relacionamento “Coroa Metade” https://www.coroametade.com.br/ , voltado para pessoas maduras, que idealizou e lançou ao final de 2012. A seguir, entrevista feita pelo WhatsApp uma vez que Gontow está em Israel, para onde viajou após se recuperar de uma forte Covid, seguido por trombose, embolia pulmonar dupla e pneumonia. Recupera-se bem e está colocando em prática alguns projetos engavetados.
O Cupido, deus do amor, desperta interesse nos enamorados por disparar fechas em corações que instantaneamente ficavam apaixonados. Vocês se sentem meio “cupidos”?
Sim e não! É mágico e gratificante ajudar alguém a encontrar seu par no mundo. Gosto de imaginar que sou um dos poucos empresários que festeja a cada cliente que perde. É sempre muito bom quando um usuário ou usuária avisa que está saindo do site por ter conhecido alguém. Ao mesmo tempo, não somos nós que flechamos os corações. São as próprias pessoas que colocam seus perfis e o perfil de quem procuram e “flecham-se” mutuamente…
Para nós, simples mortais, parafraseando Vinícius de Moraes, desejamos que seja eterno enquanto dure, mas hoje o tempo de um relacionamento é muito efêmero. Quais são as vantagens de um relacionamento maduro?
Ter mais idade e experiência nem sempre traz vantagens. Depende muito do aprendizado de cada um. Muitas pessoas levam as dores e traumas das relações anteriores para as seguintes. O relacionamento é mais fácil para a pessoa que, após colocar no “outro” toda a culpa do fim de um namoro ou casamento, aos poucos percebe também erros que ela própria cometeu. Esse é o verdadeiro segredo para que uma nova relação! Claro que todos têm questões tristes e mesmo traumáticas dos relacionamentos que acabaram, mas, como diz aquela velha frase, “o segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência”. Acredito que é importante não repetir os relacionamentos anteriores! Infelizmente a maioria das pessoas repete situações e modelos nas novas relações. Está sempre procurando, inconscientemente, pessoas parecidas com o companheiro ou a companheira anterior. As mulheres, em especial, têm que tomar cuidado com essa história. Conheço mulheres que tiveram durante anos um relacionamento ruim. Com um homem casado que sempre dizia que ia deixar a esposa depois que a filha se formasse, depois que…Ou com um chefe que não podia assumir a relação! São mulheres que passaram anos sofrendo, pensando o tempo todo no homem amado. “Será que ele vem aqui no Natal?”, “Será que finalmente ele vai assumir-me diante dos outros”… Anos e anos sofrendo e pensando o tempo todo em seu amor. E quando finalmente conseguiram se livrar dessa relação neurótica e encontraram um novo companheiro, legal, fiel e apaixonado, simplesmente sentiram que faltava alguma coisa na relação. “Eu gostaria de estar apaixonada por você, mas falta algo”, disseram. Sabe o que faltava? A neurose! O sofrimento! Isso porque quando a gente ama e é amado de verdade não pensa 100% do tempo no amado. A gente é livre para ler, para curtir estar com os amigos, para visitar os irmãos… Somente em uma relação neurótica e infeliz a gente pensa 100% no outro. Não é amor; é doença! Uma pessoa madura tem objetivos individuais, paixões, amigos, uma boa família, tudo isso ajuda demais na hora em que encontra um amor. Ter uma vida social antes do relacionamento, torna a pessoa menos dependente. Quando é inexistente, quando a solidão apavora, o cenário está montado para a gente se apaixonar pela primeira pessoa que aparece e também para um relacionamento neurótico e infeliz. Mas ressalto que teria um pé atrás em uma relação onde a mulher que conheci não abdicasse em nada da sua vida social pela nossa relação. É preciso manter os amigos, é preciso ter momentos individuais, mas quase todos os casais que conheci onde os dois viajavam sozinhos com os amigos, saíam para dançar sozinhos…acabaram se separando.
Casamento é objeto de consumo, especialmente para mulheres jovens, que geralmente desejam: usar vestido de noiva, fazer uma festa (ou diria, promover um evento), ter uma casa, ter filhos, entre outros. O que leva uma mulher madura a desejar um relacionamento sério?
É possível ser feliz sozinho. E é claro que dá para ter uma boa vida sexual mesmo sem ser casado. De modo geral, quem reclama quando está solteiro, também reclama quando se casa. A felicidade também depende de como encaramos a vida. Um dos aspectos positivos da sociedade atual é existir menos cobranças no tocante aos modelos familiares. Você não precisa se casar para corresponder às expectativas dos outros. Você não precisa ter filhos só porque a sociedade assim exige. São opções de cada um. Mas ao mesmo tempo não tenho dúvidas em afirmar que de modo geral as pessoas um dia percebem que precisam ter alguém para compartilhar a vida. Até mesmo a maioria dos solteiros convictos.
Ter como objetivo achar um amor no site “Coroa Metade” ajuda a ter mais determinação e realmente encontrar o que se procura?
Sim, querer encontrar um amor ajuda muito na busca. Existe uma ideia errada de que a pessoa mais madura sabe o que quer. Isso é uma balela! Ninguém sabe exatamente o que quer! Mas uma das grandes vantagens da pessoa ser mais velha é ao menos saber o que não quer. Saber que não quer ter um casinho e que não quer encontrar alguém simplesmente para ficar ajuda muito na hora de se encontrar um amor.
Em geral, as pessoas hoje querem compromisso ou curtir a “solteirice”?
Depende do grupo ou mesmo do momento de cada um. No site Coroa Metade, como é voltado para pessoas acima dos 40 anos, há uma tendência de se buscar um compromisso mais sério. No site observamos que muitas vezes as mulheres separadas já querem, poucos meses após a separação, querem conhecer alguém. Já o homem, por dois ou três anos quer curtir a solteirice, até que cai a ficha de que está sozinho. Ele vê que ontem estava em uma festa cheio de companhias e que agora está com febre em casa e não tem ninguém para ficar com ele, que não aparece ninguém para dividir os momentos difíceis. Na maioria das vezes, como respondi há pouco, a maioria ainda quer alguém para dividir os grandes e pequenos momentos, as horas boas e as horas difíceis da vida.
As mulheres se interessam mais por relacionamentos sérios, mesmo com a maturidade. Mito ou verdade? E qual o perfil dos homens que procuram o site “Coroa Metade”?
Assim como acontece no mundo lá fora, depende do lugar frequentado e da postura de cada um. Se você está em um site de relacionamento com homens de 60 anos e jovens de 20, há mais chances de relacionamentos ocasionais. O mesmo vale para alguns aplicativos. Mas não é uma regra. Nem há o certo ou o errado. Depende também da busca de cada um. Se falarmos em estatísticas, podemos ver que no site Coroa Metade a porcentagem de mulheres em busca de um relacionamento sério é maior que a dos homens e, também, que os homens tendem a procurar mulheres mais jovens que eles.
Eu sou favorável ao amor! E acredito em amor eterno, amor à primeira vista, alma gêmea etc., mas, acho que como qualquer coisa na vida é preciso dedicação e disposição. Quais são suas dicas para ser uma pessoa verdadeiramente interessante?
Uma das melhores formas para conhecer alguém é se tornar uma pessoa cada vez melhor. Ler bons livros, assistir a bons filmes, acompanhar as notícias do Brasil e do mundo através de portais, jornais, revistas e bons programas de rádio e televisão, conviver com pessoas boas, que tenham o que dizer e que, mais que palavras, tenham atitude e se preocupem com os outros; fazer esportes e procurar ter uma vida saudável. Se você for uma pessoa mais completa, terá mais chances de se interessar por pessoas com conteúdo e de atrair quem é realmente legal. Mais uma dica, deixando claro que não existem fórmulas e que mais uma vez falamos em termos genéricos: quando as pessoas são parecidas, valores, gostos e objetivos semelhantes, os relacionamentos tentem a ser melhores e mais duradouros. Na maioria das vezes, quando os opostos se atraem, a atração dura pouco. Talvez até possamos dizer que “os opostos se traem”. Claro que a outra pessoa não precisa ser igual. Ninguém deseja ou deveria casar com o próprio espelho, embora o mundo moderno seja tão convidativo ao narcisismo. O fato é que é mais provável que se eu gostar de cinema europeu e a minha esposa de teatro, um acabe acrescentando uma nova paixão no outro, do que se eu gostar de cinema europeu e a minha companheira adorar pagode, existir uma soma verdadeira. Mas é claro que não basta ter valores e objetivos semelhantes. Se uma mulher não tem atração por baixinhos, é difícil dizer que ela tem que investir na relação, porque ele é sério, estável e será um bom marido. Se a conversa com a mulher que o cara está saindo não flui, se o cotidiano não é gostoso, não dá para dizer para que como ambos querem casar e ter filhos, devem continuar juntos porque no futuro serão felizes. Um casal de namorados que não é feliz hoje não será feliz depois de casado! Aqui vai mais um conselho: se possível, se aproxime de alguém com valores e objetivos semelhantes. E não deixe que a carência afetiva faça você ficar com alguém que não tem nada a ver com aquilo que procura.
Há muitos casos de pessoas que se apaixonam pelo site e depois se decepcionam.
Sim, não dá para quantificar quanto, mas existem. E quando não dá certo, o jeito é partir para outra. Ninguém precisa suportar uma relação ruim por medo da solidão. Ao mesmo tempo, é necessário ter sabedoria para conviver no cotidiano. É preciso saber viver o dia a dia. Todo mundo é perfeito à distância! Todo mundo tem uma vida maravilhosa pelas Redes Sociais! O Facebook do vizinho é sempre mais verde e atraente! Na vida real existem problemas, existem momentos desgastantes e não dá para ser feliz o tempo inteiro. A vida não é uma propaganda. O verdadeiro amor implica também em tolerância, em compreensão e em ser companheiro nos grandes e pequenos momentos, nos instantes de plenitude e nas horas difíceis.
Participam do site apenas pessoas que desejam um relacionamento íntimo e sério ou também para amizade?
Há todo o tipo de gente. Há quem busca amor. Há quem busca esquecer um amor. Quem busca sexo. Quem busca amizade. Mas a maioria sempre foi, sem dúvidas, quem busca namoro e casamento. Durante a pandemia, devido à impossibilidade de encontros pessoais, aumentou o número de pessoas que colocavam amizade como um dos motivos da sua entrada no site.
Sedução é uma palavra doce e que se encaixa muito bem no contato entre homens e mulheres (e outros tipos de relacionamento amoroso). As pessoas maduras gostam do jogo de sedução, ou querem um relacionamento íntimo mais rápido?
A sedução faz parte do site, na medida em que as pessoas procuram mostrar o melhor de si para chamar a atenção de parceiros ou parceiras em um site de relacionamento com o Coroa Metade. Eu não utilizei o termo Relacionamento Virtual porque não acho que ele seja completamente correto. Afinal, apenas o meio é que é virtual! O site serve para aproximar as pessoas, mas o que continua fundamental é a hora do encontro real. O que vale é o olhar, o cheiro, o toque, o beijo, a energia. Não somos máquinas! Mesmo com toda a mecanização do mundo moderno, continuamos a ser, felizmente, humanos. Humanos em busca de carinho e de amor!
Você tem uma estatística sobre os relacionamentos que deram certo por meio do site “Coroa Metade”?
Temos oficialmente 112 casamentos e centenas de namoros no site. Mas é difícil saber o número exato, que deve ser bem maior, já que na maioria das vezes quem começa a namorar sai do site e depois, quando casa, não volta para contar.
Para finalizar, eu adoro uma história de amor, conte-nos um pouco sobre a sua.
Quando me separei, aos 43 anos de vida, achei que nunca mais casaria. Eu tinha casado poucos anos antes, aos 39. Após a separação achei que a vida a dois não fosse para mim. Alguns anos antes eu havia criado no Avenida Club, conhecida casa de São Paulo, um baile de Carnaval chamado “Carnaval à Moda Antiga”, apenas com marchinhas e sambas-enredos famosos. Hoje parece quase uma festa normal, já que felizmente as marchinhas estão de volta, mas aquele foi durante alguns anos o único baile do gênero em São Paulo. Dois anos após a minha separação, eu estava trabalhando em um dos bailes, quando numa noite vi uma mulher no meio do salão. Foi como aquelas cenas de filme em que o cenário para tudo parece que fica desfocado e você não vê mais nada, além daquela pessoa, no salão. Parecia que havia somente duas pessoas na multidão: ela e eu! Ela olhou-me também. Corajosamente, dei uma volta em torno do salão e, depois, iniciei uma segunda volta em torno ao salão. Ela continuava olhando e eu, como sou muito confiante, fui em direção a…mais uma volta no salão. Finalmente fui até meu camarote e procurei um cinegrafista de uma televisão de Guarulhos, programa “Bate-Papo com Malvina Russo” e perguntei se ele poderia ir comigo até o salão, para ver se uma mulher estava de fato olhando para mim. Ele foi comigo, fingindo que estava filmando, até que eu apontasse, discretamente, para a mulher. Quando vimos, ela estava dançando com um homem alto, forte, que a levantava com perfeição de bailarino. Neto, o cinegrafista, bateu-me no ombro e disse, jocoso: “sim, ela está olhando para você”. Voltei acabrunhado para meu canto. Mas após umas três horas, pensei. Será que ela está ainda dançando com aquele homem? Será que não foi só uma música e ela não curtiu? Fui até a pista de dança não a vi. Dei duas voltas e nada. Percebi apenas que o homem estava em uma mesa, conversando com amigos. Fui até o café, próximo à porta e quando olhei, ela estava descendo as escadas rumo à rua, preparando-se para ir embora. Fui correndo e toquei-a levemente no braço. “Oi”, eu disse. Ela olhou com simpática. Continuei: “Eu não sei dançar, mas sou bom de papo. Tu aceitas tomar um café comigo?” Ela, Maria, disse: “sim”, Fomos até o café ali mesmo do Avenida Club, e estamos juntos até hoje. Adoramos viajar, estar em casa sozinho assistindo televisão, passear de mãos dadas, ler juntos, cada um com seu livro, na sacada e, veja só, às vezes até saímos para dançar.
No nosso primeiro encontro em casa, fiz a um jantar em casa com tapas espanhóis e fondue. Antes, perguntei a três críticos de gastronomia de veículos importantes qual bebida harmonizaria com os queijos que eu havia comprado. Pedi três dicas para cada um. Todos aconselharam vinhos brancos. Foram ao total seis vinhos, já que alguns escolheram os mesmos. Olhei os vinhos, também o custo-benefício e quando eu estava quase no caixa pagando os dois brancos escolhidos, pensei: “poxa, tudo bem que vinho branco harmoniza com queijo. Mas vinho tinto harmoniza com beijo! Com paixão! Nem sei se beijei bem naquela noite, mas a harmonização do astral com o vinho foi tão perfeita que estamos juntos há 15 anos!
Um dos momentos mais lindos, entre tantos, da nossa relação, foi quando estávamos em Paris, em uma viagem que ela havia dado para mim, para festejar meus 50 anos de vida. No último dia da viagem, antes de voltarmos ao Brasil, meia hora antes da meia-noite de 11 para 12 de dezembro, pedi que voltássemos à Torre Eiffel, que já tínhamos visto várias vezes, para uma última visita. Ela achou que não deveríamos ir, já que estava chovendo. Fui insistente e ela concordou, um pouco a contragosto, mas de bom humor. À meia-noite, as luzes da Torre se acenderam e lembrei Maria de que era seu aniversário. “Nossa, que sorte estarmos aqui”, exclamei. Sugeri que ela fechasse os olhos para fazer um pedido. Quando abriu os olhos eu estava de joelhos, segurando uma caixinha com as alianças de noivado. Depois do beijo, ela pediu que eu colocasse o anel na roda-gigante que ficava próxima. Saímos correndo e conseguimos entrar na última volta. E foi em de cima, vendo Paris do alto e a mais linda das paisagens, Maria na minha frente, que coloquei a aliança em seu dedo.
Há cerca de dois anos, logo no início da pandemia, antes do surgimento das vacinas, tive uma Covid muito forte, seguida por trombose, embolia pulmonar dupla e pneumonia. Na maca do hospital, a caminho do quarto, pensei muito nos nossos sonhos de viver fora do Brasil e fazer cursos. Agora talvez eu não sobrevivesse e não teríamos essa chance. Também senti um imenso sentimento de culpa. Eu havia saído do carro da Maria gritando de dor e nem tinha dito “eu te amo”, “tu és a mulher da minha vida”. Será que tinha sido nosso último encontro? Depois, já no quarto, consegui escrever: “se eu conseguir sair do hospital, vamos mesmo para o exterior?” Ela respondeu que venderíamos tudo o que tínhamos para fazer essa “aventura”, quase aos 60 anos de idade. Eu tinha lido e visto muitas matérias sobre mortes devido à Pandemia e, mesmo com um atendimento médico excepcional, tinha medo de morrer, especialmente nas madrugadas. Por isso, antes de dormir, toda noite eu escolhia no Facebook algumas fotos minha com a minha amada e ficava olhando e repetindo, sem parar, até adormecer: “Maria, Maria, Maria...“ Queria que meu corpo e minha alma lembrassem que havia alguém me esperando e que eu não queria deixar sozinha. Que que torcida desesperadamente para eu voltar. Isso foi fundamental. Tenho certeza de que os médicos e a força do amor foram fundamentais para que eu me salvasse.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre o site de relacionamento maduro “Coroa Metade” é só entrar https://www.coroametade.com.br/
DICAS DE SEGURANÇA
Leia as dicas de segurança por Aiton Gontow acesse:
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