Semana Internacional dos Surdos: Escola de Curitiba ensina libras desde o berçário

Mesmo sem alunos surdos matriculados, a instituição considera o ensino de Libras essencial e com diversos benefícios cognitivos

Semana Internacional dos Surdos: Escola de Curitiba ensina libras desde o berçário / Divulgação

O final de setembro marca a Semana Internacional dos Surdos, com datas dedicadas a essa população e também à Língua Brasileira de Sinais (Libras). Mas na Escola Interpares, de Curitiba, a dedicação ao tema é diária. Desde 2019 a instituição incluiu o ensino de Libras na sua grade curricular regular, envolvendo todos os alunos, mesmo os não alfabetizados, desde o berçário.

“Não temos alunos surdos matriculados e também entendemos que não é necessário que isso aconteça para daí começarmos a pensar nisso. Libras é a segunda língua oficial do nosso país, que segundo o IBGE tem 10 milhões de pessoas com deficiência. Ou seja, não precisamos esperar mais motivos para iniciar esse processo de inclusão”, conta Dayse Campos, diretora da Interpares.

Dados do Censo Escolar de 2020 apontam que apenas 156 mil alunos com deficiência, incluindo aqueles com deficiência auditiva, frequentam escolas especializadas. “Ou seja, os dados demonstram que a grande maioria está no ensino convencional, então as escolas precisam estar preparadas”, afirma Dayse.

A coordenadora da Interpares, Caroline Brand, explica que a escola promove o ensino de Libras para integrantes da equipe e na sequência para os alunos. “As crianças menores têm dificuldade para fazer os sinais corretamente, porque sua coordenação motora ainda está em aperfeiçoamento. Porém, é igual aprender a falar: elas começam a falar errado as palavras para só depois dominarem a oralidade. O mesmo acontece com os gestos”, explica.

Em relação aos benefícios cognitivos do ensino de Libras, a coordenadora frisa diversos ganhos. “Ao ensinarmos Libras para crianças não surdas, estamos estimulando nelas também habilidades de associação, socialização, de coordenação motora e expressão corporal. É um super exercício cognitivo”.

Caroline faz, ainda, uma comparação com outras línguas. “Se ensinamos às crianças, por exemplo, as bases do inglês, por que não as preparar também para dizer “olá, desculpe, com licença ou seja bem-vindo” em Libras? Isso pode fazer uma enorme diferença para muitas pessoas”.

Conquista recente

No último dia 4 agosto o Diário Oficial da União publicou a Lei Ordinária 14.191, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e dispões sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos.

A educação bilíngue de surdos tem a Libras como primeira língua e o português escrito como segunda. A nova lei prevê a implantação, quando necessário, de serviços de apoio educacional especializado, como esse atendimento bilíngue, para atender os estudantes surdos.

Prevê ainda que a oferta dessa educação bilíngue de surdos comece ao zero ano e se estenda ao longo da vida. Além de garantir o acesso ao conhecimentos em geral, a lei fala em proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades e a valorização de sua língua e cultura.

“A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação bilíngue e intercultural às comunidades surdas, com desenvolvimento de programas integrados de ensino e pesquisa”, prevê o texto, que pode ser lido na íntegra no site do Governo Federal.

Enviado por Maria Emilia Silveira / Assessora de Imprensa / Souk

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