Observatório da Cultura do Brasil apresenta estudo sobre o abandono de trabalhadores da cultura do Paraná, fruto da malversação de recursos da Lei Aldir Blanc

Iniciativa defende o modelo de bolsas para que recursos da lei cheguem a cerca de 10 mil artistas e técnicos que estão em situação de fragilidade social e econômica durante a pandemia

Lei Aldir Blanc – foto documento

Estudo emitido pelo Observatório da Cultura do Brasil, com dados, indicadores sociais e aspectos jurídicos, demonstra as irregularidades ocorridas na aplicação dos recursos da lei Aldir Blanc no Estado do Paraná.

O estudo visa noticiar a denúncia de malversação do uso de recursos públicos, envolvendo as verbas da Lei Aldir Blanc (Lei no 14.017, de 29 de junho de 2020), sua origem no orçamento de guerra (PEC 10/2020) e seus usos equivocados no Estado do Paraná, através da sua Superintendência da Cultura, que promoveu a distribuição de recursos apenas pelo formato de editais de arte, premiando os inscritos com exigências de currículo, mérito, contrapartidas e certidões negativas.

Essa série de exigências acarretou em uma excessiva burocracia (análoga à lei 8.666/93 que se refere a licitações e contratos públicos), que foi inadequada diante da necessidade emergencial das vítimas da pandemia, que foram excluídas de seus direitos e benefícios garantidos em lei da proteção do Estado, diante do reconhecimento de estado de calamidade pública (Decreto Legislativo no 6, de 20 de março de 2020).

Origem dos recursos, aponta o relatório, não seriam do Fundo Nacional de Cultura, mas do orçamento de Guerra do Combate ao COVID (PEC 10/2020).

A análise da rubrica, origem dos recursos no tesouro nacional (Lei no 13.982 de 2020, em que foi editada a Medida Provisória no 937, de 2020, que abriu crédito extraordinário no valor de R$ 98,2 bilhões), decretos, lei e outros instrumentos legais, contidos na peça de denúncia protocolada no Ministério Público, demonstram que estava destacada a função da Lei Aldir Blanc, com objetivo de proteção dos trabalhadores da cultura dos riscos da pandemia, o que não foi executado – ao menos no estado do Paraná – em que os editais se mostraram excludentes.

Além da exclusão social de milhares de trabalhadores da cultura, sobraram R$ 55 milhões no estado, que não foram repassados às vítimas.

Por terem sido excessivamente burocráticos, os editais resultaram em afastamento dos trabalhadores da inscrição, alegando os prejudicados, da impossibilidade de preencher os requisitos exigidos e certames obrigatórios. Como resultado disso, o Estado não conseguiu dotar e promover pagamentos dos recursos, que sobraram em caixa, de R$ 55 milhões.

Mais de 84% dos montantes disponíveis retornaram ao Tesouro Nacional sem uso, em plena pandemia. Só para comparativo, segundo o Ministério do Turismo, estados como Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Roraima executaram próximo de 99% das verbas, enquanto o Paraná teria pago apenas 15,09% dos recursos. A média nacional foi de 70% de pagamentos de recursos da Lei Aldir Blanc.

Trabalhadores da cultura ficaram sem auxílio, podendo ser considerado o caso como gestão temerária com recursos em estado de calamidade pública, em que a não aplicação das verbas gerou omissão aos direitos fundamentais da constituição (trabalho digno, saúde e direitos a moradia e alimentação) relatadas quase que diariamente por membros do meio artístico no Estado.

Os dados fornecidos são apenas alguns poucos elementos analisados pelo Observatório da Cultura do Brasil, de um conjunto muito maior de documentos enviados pelo Fórum de Cultura do Paraná solicitando investigação interna e externa, inquérito e sindicância para apuração de todos os editais, bem como dos atos da Superintendência da Cultura do Paraná. O caso está depositado em protocolos em diversos órgãos de controle externo e interno, inclusive Ministério Público.

Redes sociais do Observatório da Cultura do Brasil:

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Fonte:
Rodrigo Duarte

1 Comentário on Observatório da Cultura do Brasil apresenta estudo sobre o abandono de trabalhadores da cultura do Paraná, fruto da malversação de recursos da Lei Aldir Blanc

  1. Nilda da Conceição Pedroso // 21 de abril de 2021 em 13:08 //

    Concordo em parte, porque realmente foram pedidos aos artesãos para criarem projetos onde a maior parte do herário seria gasto na sua execução, ficando uma pequena parcela ao artesão, quando sabemos que a verba foi destinada como AJUDA EMERGENCIAL. Por outro lado, as Prefeituras durante o ano de 2021 Não terão despesas com a Cultura, porque os artesãos prepararam seus trabalhos e, durante a apresentação, fica ressalvado o direito da Prefeitura de tirar fotos, filmar e promover divulgação em seu nome, como se isso fosse um trabalho por ela trabalho por ela realizado. Desculpem -me os organizadores dos Editais, mas foi que eu entendi.

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