Designer curitibana expõe em Veneza arte em vidro inspirada na natureza do Brasil
Por Emanuelle Spack
O encanto que a borboleta Morpho anaxibia causa por seu formato e cor magnifica, foi a inspiração que a designer e artista visual Désirée Sessegolo, ítalo-brasileira nascida em Curitiba, teve para criar suas peças em vidros para participar pela segunda vez a The Venice Glass Week em Veneza, na Itália. A instalação Morpho apresentou peças em tamanhos e formas variadas, confeccionadas exclusivamente em placas de vidro, montadas em estruturas de aço suspensas por fios, que representaram a borboleta azul das florestas brasileiras. Désirée levou o tema para um importante evento porque quis “destacar a beleza da fauna brasileira por meio da espécie endêmica Morpho anaxibia, como forma de valorizar a exuberante natureza do Brasil”, explica a artista.
Dentre os grandes eventos da região do Vêneto, no norte da Itália, The Venice Glass Week é um festival que reúne artistas de todo o mundo, avaliados e selecionados por um comitê científico presidido pela historiadora de vidro veneziano Rosa Barovier Mentasti e composto pelos críticos e curadores Isabelle Rehier e Jean Blanchaert, pela jornalista Uta Klotz e pelo professor Marco Zito.
A terceira edição do festival aconteceu em Veneza, Mestre e Murano, entre 7 e 15 de setembro de 2019, com 180 eventos incluindo exposições, workshops, atividades didáticas e visitas guiadas que receberam mais de 90.000 visitantes. Um sinal seguro do dinamismo e vitalidade do cenário cultural veneziano e um forte indicador do renovado e crescente interesse internacional pelo vidro artístico. Désirée conta que suas peças encantaram o público pela originalidade e leveza.
O festival é promovido pelo município de Veneza e organizado pela Fundação dos Museus Cívicos de Veneza, Le Stanze del Vetro – Fundação Giorgio Cini, Instituto Vêneto de Ciências, Letras e Artes e Consórcio Promovetro Murano, com o objetivo de celebrar, apoiar e promover a arte do vidro, atividade artística e econômica pela qual Veneza é conhecida mundialmente há mais de 1.000 anos.
De acordo com a artista, “participar deste festival foi importante porque difunde a produção artística brasileira e, ao mesmo tempo, estimula outros artistas, dentre tantos talentos que temos no Brasil, a mostrarem sua arte”. A obra de Désirée foi exibida no The Venice Glass Hub, coração do festival, que expôs o trabalho de 20 artistas nos dois edifícios do Instituto Vêneto de Ciências, Letras e Artes – Palazzo Loredan e Palazzo Franchetti, com curadoria de Rosa Barovier Mentasti.
Morpho, a borboleta azul das florestas brasileiras:
Morpho é um projeto que contempla uma instalação composta por um conjunto de peças criadas com a utilização da técnica denominada Vidro Celular, a qual proporciona texturas e espaços vazios com formas orgânicas no vidro e que remetem a macroestruturas celulares. As peças propostas se apresentaram como obras abstratas com formas orgânicas em tons de azul, inspiradas na exuberante borboleta Morpho anaxibia.
Desse modo, o trabalho mostrou uma relação poética entre arte e natureza que vai além da beleza visual, ao propor a leveza e a fragilidade das borboletas como metáfora para a fragilidade do meio ambiente, especialmente nas atuais circunstâncias geopolíticas.
O voo azulado:
O azul metálico da borboleta Morpho anaxibia é resultado da refração da luz em minúsculas escamas inseridas na parte superior das suas asas. Já a parte inferior das asas é predominantemente castanha e decorada com ocelos, num tipo de mimetismo. Outra característica importante desta espécie é o tamanho avantajado das asas em relação ao corpo, que podem ter uma envergadura de 7cm à impressionantes 20 cm, que resultam num padrão de voo lento e saltitante.
O voo da Morpho remete à linguagem cinematográfica, com frames em formas azuladas de diferentes intensidades, entrecortados por espaços escuros provocados pelo lado castanho das asas, numa sequência imprevisível e de rara beleza, onde a artista buscou inspiração. Peças em vidro com diferentes formatos foram suspensas for fios presos ao teto em diversas alturas, para representar o efeito percebido do voo da borboleta.
Poética sob a ótica de Silvio de Bettio a respeito da obra Morpho de Désirée Sessegolo
“A confluência das artes visuais e da natureza é um dos aspectos poéticos do trabalho proposto, dada a possível associação das formas e cores do vidro com as formas e cores presentes nas asas de certas borboletas que habitam as florestas tropicais brasileiras. A artista estabelece uma relação que vai além do pensamento estético, propondo também uma reflexão sobre a presença frágil e delicada da vida nos ecossistemas e sobre suas contínuas transformações. Do ponto de vista material, ou talvez melhor, imaterial, pode-se pensar também no potencial poético dos ‘vazios’ presentes na obra, campos invisíveis e imateriais reais inseridos no meio da dureza e rigidez da estrutura vítrea, que, entre outras coisas, o tornam possível trabalhar, de maneira paradoxal e em conjunto com a transparência do vidro, para expressar leveza e delicadeza como resultado final. Além disso, o trabalho também pode convidar a reflexão sobre os conceitos de matéria e não-matéria, bem como a ideia do vazio onipresente no universo.” – Silvio De Bettio – artista e curador.
Obras exibidas no The Venice Glass Week HUB 2019:
Palazzo Loredan:
– Azoici | Babled Design
– Tra | Tanja Pak
– Genezis | Péter Borkovics
– Frammenti di Riflessi | Leslie Ann Genninger
– Le Città Invisibili, LA MASCHERA Installazione di Claudia Virginia Vitari
– Relitti | Eva Moosbrugger
– Ridefinire la tradizione | VENINI
– Collettiva Venini 2019 | VENINI
Palazzo Franchetti:
– Aqua | Ivan Baj
– Elements of Thought | André Laurenti
– Icebergs | Sini Majuri
– Imperfezioni | Lara Luetke
– LACRIMA | Stéphanie Henry-Seguin
– Mythos | Marcello Panza
– STRATA | Lucia Massari
– The glass colour in Art – Novel Glasses with Different Optical properties
Sobre a artista:
Desirée Sessegolo é designer formada pela UFR é artista multidisciplinar nascida em Curitiba – PR, Brasil. Na arte vidreira a artista utiliza de uma técnica própria, com a qual transforma a superfície do vidro em texturas impregnadas de espaços vazios e formas orgânicas. Sua obra é reconhecida pelo Museu Alfredo Andersen e Casa João Turin, de Curitiba, e pelo Museo del Vidrio de Bogotá, tendo conquistado diversos prêmios e participações em salões de arte contemporânea, como The Venice Glass Week 2018/2019 e International Biennale of Glass na Bulgária 2019.
Désirée Sessegolo
E-mail: desiree_sessegolo@hotmail.com
Instagram – @desireesessegolo
Whats App +55 41 99963-2784
The Venice Glass Week
https://www.theveniceglassweek.com/it/listing/senza-titolo-2/
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