Estudantes de Jornalismo da PUCPR ganham prêmio internacional com webdocumentário sobre trabalho escravo no Paraná
Premiação Lorenzo Natali é organizada pela Comissão Europeia e ocorreu em junho, em Bruxelas, na Bélgica
A jornalista recém-formada pela PUCPR Fernanda Maldonado foi uma das dez vencedoras do Prêmio de Jornalismo Lorenzo Natali 2017, com o webdocumentário “Trabalho Invisível”. O projeto, que aborda o trabalho escravo no interior do Paraná, foi desenvolvido junto com os novos jornalistas Alan Silva, Fabrício Calixto Jonatan Lavor e Patricia Martyres, como Trabalho de Conclusão de Curso. O concurso, organizado pela Comissão Europeia e realizado em Bruxelas, na Bélgica, contou com participação de trabalhos de diversas partes do mundo.
Para o professor Julius Nunes, orientador do trabalho, é gratificante ver que um projeto brasileiro, de estudantes, reconhecido como um dos melhores do mundo, concorrendo com outras produções de jornalistas mais experientes. “Quando soube que o trabalho havia ganho este importante prêmio fiquei muito feliz porque a gente não produz algo pensando em premiações, mas sim para retratar uma realidade, neste caso triste, e que apesar de remontar ao início da história do Brasil, ainda está presente em várias regiões do país. É o reconhecimento por um ano de pesquisas e muito trabalho, e também pela preocupação que este grupo em especial tem com a nossa sociedade e nação”, conta.
Segundo Fernanda, a temática apareceu depois de muita pesquisa. “Descobrimos que o Sul apresenta altos índices de escravidão contemporânea na área rural e como funcionam as fiscalizações o combate pelo Ministério Público do Trabalho e Emprego, atrás de denúncias. Então vimos nessa pauta um bom tema para um trabalho em profundidade”, destaca.
O webdocumentário é um produto que mistura diferentes mídias, com narrativa não linear, e que têm o intuito de fazer o internauta imergir na história. Foi a opção encontrada pelo grupo para trabalhar com um pouco de tudo que aprenderam ao longo dos quatro anos de curso, e também por querer apresentar um material inovador.
As ideias foram surgindo com o passar das orientações do trabalho. “Quando os estudantes chegaram com a proposta havia dúvidas sobre o formato, então sugeri misturar história em quadrinhos às gravações tradicionais em vídeo porque era preciso contar coisas que eles não teriam imagens e não conseguiriam captar de nenhuma forma, então a HQ veio para narrar acontecimentos, e também complementar a estética inovadora do webdocumentário”, destaca o professor.
A produção foi viabilizada por crowdfunding e contou com o apoio do webdesigner Marcos Jaski e do ilustrador Robson Vilalba. O trabalho conquistou nota dez e também foi premiado no Sangue Novo, concurso realizado pelo Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Paraná. A equipe decidiu inscrever a produção do Prêmio Lorenzo Natali para aumentar a visibilidade sobre a causa social, que é apenas uma das tantas existentes ao redor do mundo. “Foi incrível representar o Brasil, pois os trabalhos premiados vieram literalmente dos quatro cantos do planeta. Alguns países da África, Índica, Egito, França, todos os continentes foram contemplados na premiação. E nós fomos representando a América Latina e Caribe, que possuem centenas de questões sociais muito latentes”, explica Fernanda.
Prêmio Lorenzo Natali
Foram 500 trabalhos inscritos. Os vencedores foram escolhidos por jornalistas e profissionais especializados em direitos humanos. Uma das avaliadoras foi a diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) Alana Rizzo. O prêmio foi criado em 1995 e é realizado anualmente pela Comissão Europeia.
Para conferir o webdocumentário “Trabalho Invisível”, acesse o link http://trabalhoinvisivel.com.br/.
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