LER PARA SABER E PARA SER
A literatura como parte formadora da vida acadêmica, social e intelectual.
A partir do questionamento Qual é o seu verso? proposto pelo professor “John Keating” no filme Sociedade dos poetas mortos (1990): Que pergunto: Qual é o meu, qual é o seu verso?
Todos temos os nossos versos, as nossas poesias.
Tendo isso quase que como um mantra, busco transmitir aos meus alunos o infinito prazer, descoberta e saber que a literatura é capaz de trazer para nossa vida.
O ato de ler na Escola Evolutiva é incentivado de modo que o estudante construa, não apenas um vocabulário mais amplo, mas sim opinião, de forma que se torne um cidadão crítico.
Por esse motivo, que os livros escolhidos como fonte de trabalho, são os clássicos, que mantém na sua essência o desenvolvimento do ser humano diante de sua sociedade e de suas adversidades.
Acredito que os alunos devem sim ter a liberdade de ler a literatura de seu tempo, de sua época e de seu meio, porém tenho também a certeza de que ele deve ter acesso a literatura clássica, pois esta, se não for apresentada ao jovem em período escolar, muitas vezes, este não terá outra oportunidade de conhecer, o que o privará de um saber de valor imensurável.
A Escola Evolutiva de forma muito consciente, permite que a literatura seja vivenciada de forma mais profunda, pois os alunos não demonstram o conhecimento adquirido em forma de avaliação formal (prova) e sim em forma de mesa redonda, interdisciplinaridade, apresentações, elaboração de periódicos.
Deste modo, o adolescente se envolve e se prepara para discutir o assunto proposto pela obra, e consequentemente aprende a apreciar uma leitura que exige um pouco mais do seu pensamento e da sua reflexão.
É um privilégio ouvir pelos corredores da escola e também quando entro em sala de aula, os meus alunos dizendo: “professora, vamos ler esse livro maravilhoso que você pediu pra gente”. O sentimento que tenho é de prazer indescritível, é a melhor sensação que um professor pode ter.
A literatura sempre foi considerada como a ligação do homem, com o seu interior, pois ela traz consigo a reflexão, os valores, as questões sociais e políticas de uma época, o que tem uma grande função na formação do indivíduo.
Lajolo (1993) discute em sua obra: Do mundo da leitura para a leitura do mundo, que algumas crianças e jovens desprezam as leituras e não reconhecem o valor dos livros, e por outro lado acabam atribuindo demasiado valor a ferramentas tecnológicas, sem qualquer fundo pedagógico ou cultural.
É importante esclarecer que a tecnologia é importante para a construção de jovem e consequentemente de um cidadão bem informado e que seu acesso contribui muito para a sua formação de um modo amplo, porém de modo algum o aspecto literário deve ser colocado em segundo plano, ou até mesmo esquecido.
Barthes (2013, p.18 – 19) afirma que, se por algum “excesso de socialismo ou barbárie, todas as nossas disciplinas devessem ser expulsas do ensino, exceto uma, é a disciplina literária que deveria ser salva, pois todas as ciências estão presentes no monumento literário”.
A partir desta reflexão entendemos a literatura como parte formadora da vida acadêmica, social e intelectual dos nossos alunos, de modo que a expressividade e a liberdade de pensamento estejam pautados em um saber refletido e concretizado.
Ler, portanto, vai muito além de uma obrigatoriedade acadêmica, ler deve ser, antes de tudo, uma necessidade individual. Por meio da leitura podemos quebrar as correntes de uma vida ordinária e ganhamos asas para uma vida extraordinária.
Texto de Juliana de França – Professora de Português. Especialista em Língua e Literatura.
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