COLUNA KATIA VELO – JORNAL FOLHA DA MULHER – JAN/2016
O RECONHECIMENTO É SEMPRE UM GRANDE INCENTIVO
O crítico, professor de arte e jornalista Oscar D’Ambrosio escreveu sobre meu trabalho.
O APREÇO PELO DETALHE E PELA COR
As cores são para Katia Velo uma forma de expressão e, acima de tudo, de diálogo com o mundo, por meio de seu trabalho, ela permite que se pense a cor não apenas como uma manifestação perceptível ao olhar, mas como uma interpretação da realidade. * Oscar D’Ambrosio
O grande desafio de todo artista plástico é encontrar uma linguagem diferenciada que traduza uma identidade visual. Atingir esse patamar demanda uma pesquisa constante, mas não pode deixar de lado aquilo que existe de mais autêntico, ou seja, a força motriz de criar que mobiliza cada um de nós.
Em séries como Corpus, onde predomina a cor amarela, em homenagem a Kandinsky, e no conjunto Utensílios, Katia Velo, paulistana radicada em São José dos Pinhais, PR, obtêm os melhores resultados quando se propõe a perscrutar detalhes do assunto que enfoca.
É o que ocorre no conjunto denominado Arabescos. São mais frequentes temas florais e as curvas de inspiração árabe, além da conversa plástica com Beatriz Milhazes que se tornou um ícone deste começo de século. Novamente, parece ser na exploração dos detalhes que essas configurações sugerem que se revela uma linguagem genuína.
Quando o primeiro plano de seus quadros exige a composição e o apreço pela minúcia, a artista gera telas marcadas pela intensidade cromática e riqueza de composição. Estabelece assim uma poética bastante pessoal e diferenciada que lhe permite alcançar um espaço próprio no panorama artístico nacional.
A intensidade da cor é o universo no qual se desenvolve boa parte do trabalho de Katia Velo. Lidar com as tonalidades é um grande desafio, pois se trata de um conjunto tão amplo que sempre há o risco do artista se perder, sem saber em qual direção pode desenvolver a sua pesquisa visual.
Katia Velo opta por percorrer a jornada das manchas e dos diálogos cromáticos. Existe um caminho diferenciado por um movimento interno, intuitivo, mas que também se caracteriza por uma sucessão de escolhas, em que cada uma delas alerta para um questionamento do próprio significado da criação.
Ao se contemplar o resultado da pesquisa, é possível dizer que as cores são para a artista uma forma de expressão e, acima de tudo, de diálogo com o mundo, por meio de seu trabalho, ela permite que se pense a cor não apenas como uma manifestação perceptível ao olhar, mas como uma interpretação da realidade.
Desse ponto de vista, ou seja, de um amadurecido processo de reflexão sobre aquilo que vem fazendo ao longo de sua trajetória, Katia Velo traz, em suas veredas coloridas, um fértil lirismo particular, marcado pela coragem do arriscar e pela liberdade de dizer aquilo que deseja por meio das conversas entre o que pretende e o que realiza.
Oscar D’Ambrosio é doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie e mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp.
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