Litercultura: o mundo a partir da leitura
A organizadora do Litercultura Manoela Leão abriu a terceira edição do evento na noite de sexta-feira, dia 28 de agosto e convidou para o palco da Sociedade Garibaldi o autor e cineasta argentino Alan Pauls para a abertura. Pauls se considera um ‘doble impostor’ enquanto ator, pois atuou não por se considerar talentoso mas porque diretores acreditaram que daria certo.
A segunda mesa também foi uma conversa descontraída. A antropóloga Lilia Schwarcz brincou e perguntou se podia falar significação, palavra ‘proibida’ em Brasil: uma Biografia escrito em conjunto com a historiadora Heloisa Starling. Ambas vêm da academia e comentaram do cuidado com a linguagem, que deveria atingir um público amplo. A obra apresenta um Brasil complexo e ambíguo.
O segundo dia começou com histórias sobre dois autores de Curitiba, contadas por Joca Reiners Terron e Christian Schwartz. Terron falou dos ‘vários’ Karams no Manoel Carlos Karam, desde seu primeiro contato enquanto leitor, até as conversas telefônicas e o convívio pessoal. Schwartz contou algumas das marcas pessoais de Jamil Snege, entre elas o humor ácido e um de seus métodos de venda – ele mencionava uma pessoa no livro e a convidava para o lançamento.
A mesa seguinte foi com João Anzanello Carrascoza e Marcelino Freire. Marcelino contou do projeto Quebras, em que viajou para capitais fora dos grandes centros urbanos. “Leitura é reescritura da gente” disse Carrascoza, que comparou a escrita ao moldar esculturas, um trabalho para tirar os excessos. Isso tem relação com seus microcontos, feito Vigília: “pronto nos olhos, o pranto só espera a notícia”.
Na terceira sessão de sábado, José Castello e Paulo Venturelli falaram de como suas leituras influenciam na escrita. Venturelli se descreveu como obsessivo, mesmo em outras atividades é como se escrevesse. Por sua vez, José Castello considera toda escrita uma organização interna, pois os pensamentos são zonas de combate para ele.
O Litercultura abrigou neste terceiro capítulo o sarau erótico Sex Libris, um evento novo em Curitiba cuja primeira edição foi em junho. Reinaldo Moraes e Eliane Robert Moraes dialogaram a relevância do erotismo na literatura, bate-papo sucedido por uma performance das atrizes Chiris Gomes, Katia Horn e Melina Mulazani.
O último dia teve um debate entre o filósofo Luiz Felipe Pondé e o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, graças às explicações das posições políticas de cada um a instigantes comentários sobre as ligações entre política e sociedade. “Acho boa a polarização em alguma medida”, afirmou Pondé, para quem a liberdade tende a acentuar conflitos.
A segunda mesa realçou a literatura de Teixeira Coelho, autor conhecido por obras voltadas às políticas e reflexões culturais. Em seguida o músico Zé Miguel Wisnik apresentou uma aula-show, com explicações do casamento entre ritmo e verso, e até pediu para o público cantar alguns versos. A última sessão foi com os holandeses Arnon Grunberg e Tommy Wieringa, que vieram pelo Café Amsterdã, apresentação da literatura holandesa, ainda nova no Brasil. O encerramento do festival foi um show de Jards Macalé na sede Concórdia do Clube Curitibano.
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