REVISTA PLACE 25
A artista plástica Katia Velo em Manifestações da Arte que estreia na Revista Place.
A Revista Place destaca Arquitetura, Interiores e Design com conteúdo por meio de imagens de alta qualidade, jornalismo diferenciado que enriquecem a linha editorial. A edição 25 (jan/fev) apresentou com exclusividade o apartamento projetado por Ana Cristina Ávila que priorizou uma cartela de cores mais neutras, esbanjando sofisticação e contemporaneidade.
A 25ª. edição da Revista Place estreia com dois temas convidativos: Arte e Verão. “Preparamos um especial sobre as diversas manifestações da arte, incluindo desde pinturas, mosaicos, artesanatos até grafites em paredes.” Descreve Bruno Macarini, Publisher da Revista Place.
Manifestações da Arte apresenta reportagens exclusivas com artistas plásticos, galeristas e pessoas envolvidas diretamente com a arte. “Diferentes estilos e inspirações retratam a magnitude do ser humano através de pinceladas e trabalho manual.” Louise Zeni.
Em destaque os artistas: Celso Coppio, Janete Mehl, Katia Velo e Luiz de Souza; e os espaços culturais e artísticos: Galeria de Arte Zilda Fraletti, Largo das Artes, SIM Galeria e Turn To Art – Arte on-line. “Um quadro tem alma, vida própria, não precisa combinar com sofá ou cortina. Um bom quadro, feito por um bom artista, deve ser atemporal”. Declarou Katia Velo. Confira na Revista Place 25!
Abaixo, entrevista completa por Louise Zeni:
Há quanto tempo é envolvida com arte?
Eu sempre estive envolvida com arte. Minha primeira formação foi Letras e a literatura é uma forma de arte. Quando fui professora concursada em São Paulo, eu sempre incluía arte na disciplina de Literatura. Tanto que em 2000, quando houve a comemoração dos 500 anos com a megaexposição “Mostra do Redescobrimento: Brasil+500”, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, eu fui selecionada para ser uma das mediadoras. Quando pequena eu sempre estava envolvida com desenhos, lápis de cor, canetinhas. E, pintava papel, parede, meu rosto, enfim, achava que poderia mudar a cor de tudo o que eu quisesse. Como é bom ser criança! E o artista não pode perder este lado lúdico.
Quando se tornou artista plástica?
Artista plástica profissionalmente me tornei quando vim morar no Paraná, há 12 anos. A minha mudança para cá, entre outras coisas, fizeram-me repensar em minha vida e tomar esta decisão. Foi um momento muito importante e significativo, afinal, estava deixando muitas coisas para trás, minha cidade natal São Paulo, mas buscando novas expectativas e com o coração cheio de esperança. Definitivamente, se não ocorresse esta mudança, não teria me tornado artista plástica, pois tinha dois empregos, dois bons empregos, um como professora efetiva do Estado de SP e outro numa empresa de importação e exportação de aeronaves. E em situações confortáveis é sempre difícil fazer escolhas. Mas, a vida se encaminha e traça um bom destino, pelo menos no meu caso.
Quem são suas influências artísticas?
Tudo me influencia, um filme como aconteceu na minha exposição Adornos baseada em Maria Antonieta, pintores como Monet, Matisse, Beatriz Milhazes como ocorreu nas exposições Arabescos e Tapisserie e até a morte como aconteceu com o falecimento do Papa João Paulo II na exposição Símbolos. Além de artista plástica, sou fotógrafa, professora de arte na Escola Evolutiva e escrevo para o jornal Folha da Mulher e tenho minha coluna www.katiavelo.com.br , sou ensaísta e tenho duas crônicas publicas. Portanto, este contato frequente com outras artes e outros artistas me influencia sempre. Sempre estou aprendendo. Sempre.
O que lhe inspira para criar?
Esta é sempre uma pergunta difícil de responder. Sempre tenho vontade de pintar e criar, o tempo todo. Acho que todo mundo tem sempre ideias, porém o mais difícil é colocá-las em prática, organizar-se. Preciso andar com um caderninho na mão para anotar tudo (ou quase) que desejo. Tenho certeza que sairiam muito mais coisas do que já produzi. Por outro lado, é importante ter um tempo para gestar, primar pela qualidade. Afinal, já participei mais de 100 exposições (nacionais e internacionais), quinze individuais, além de participações e premiações em Salões de Arte. Neste momento, estou questionando muito meu trabalho, quero que ele possa alcançar mais pessoas, tenha mais visibilidade e que possa ter um efeito transformador, principalmente os sentimentos. Sou uma eterna apaixonada.
Qual é o seu estilo de trabalho? Como define suas criações?
Já fui workaholic. Hoje, como falei, estou num momento introspectivo. A arte sensibiliza e humaniza. A arte promove a inserção social e cultural, torna o sujeito reflexivo, questionador, promove o autoconhecimento e o conhecimento do mundo com autonomia. Meu trabalho é hedonista, busco o belo, a alegria, quero contagiar. Acredito no poder das cores. Quando estou criando, muitas vezes, fico com raiva do que estou produzindo, tenho que parar e até guardar o quadro, mas depois, olho novamente e, tenho um insight e quando termino tenho um prazer enorme. Sinto que coloquei minha alma, meu coração no quadro.
Geralmente, o que suas obras retratam?
Todo mundo tem uma necessidade de explicar tudo e colocar tudo dentro de caixinhas. E o artista justamente extrapola isso. Nem sempre ele quer falar ou justificar alguma coisa. É lógico que você tem vontade de colocar seu sentimento para fora, meu trabalho é este. Mas, quem vê, pode entender de outra forma. Então, eu diria que é sempre uma obra aberta. E este sentimento e entendimento do que faço do que o outro vê ou sente é o que me motiva a pintar. Mas, na verdade, às vezes, o artista quer isso mesmo. Não tem essa necessidade de chegar a algum lugar, o que importa é a trajetória, o processo. Eu me expresso através das minhas emoções, cores e feminilidade.
Que tipos de tintas ou materiais costuma utilizar?
Comecei pintando com tintas à óleo. Atualmente uso tintas acrílicas devido à secagem rápida sem cheiro forte. Mas gosto muito de aquarela em papeis, outros tipos de tintas como automotivas que usei na confecção de troféus, já inclui esmalte de unhas nos meus quadros. Gosto muito de trabalhar com colagem, argila, desenho entre outras coisas. Lecionar abre um leque enorme para o uso de diversos materiais, mas só produzi para exposição o que realmente domino.
Onde suas obras estão expostas ao público?
Pelo número de exposições que participei dá para ter uma ideia que sempre estou expondo, apresentando minhas obras. No entanto, ainda sou uma artista sem galeria. Há aspectos positivos, pois eu mesma vendo meus trabalhos tenho liberdade, mas é evidente que a visibilidade de quem tem obras em galeria é maior. Eu aguardo convites.
Possui mais de quantas obras finalizadas?
Nossa! Ninguém nunca fez esta pergunta, nem mesmo eu. Vou tentar contabilizar sete títulos de exposições individuais: Símbolos, Adornos, Arabesques, Arabesques Nouveau, Arabescos Monocromáticos, Tapisserie e Minhas Cores em média para cada exposição produzo mais de 20 obras, portanto em média 150. E com mais de 100 coletivas, onde participo com uma até seis trabalhos, algumas com obras que já tinha, outras com temas selecionados, portanto, pelo menos umas 150. Há também as encomendas, obras com tamanhos especiais, no mínimo 50. E ainda obras que foram feitas especialmente para doações ou presentes para pessoas especiais, familiares, mais uns 50. Contabilizando, pelo menos 400.
Em sua opinião, como é o consumo de arte em Curitiba?
O Curitibano é muito exigente e gosta muito de cuidar da sua casa. Isto é fantástico! Por outro lado, há certo conservadorismo e a eleição de um grupo específico de artistas, muitos deles valorizados demais em Curitiba e desconhecidos em outros lugares. Portanto, ao adquirir uma obra de arte, que também é um investimento, é muito importante o currículo do artista. Favoravelmente há muitas coisas, o curitibano gosta muito de arte e há muitos artistas bons, realmente bons por aqui.
O que falta para a arte ganhar mais força e entrar na casa dos curitibanos?
É uma questão de foco, de importância que se dá à arte. É essencial dar maior espaço, visibilidade e divulgação para os artistas plásticos curitibanos. É importante também dar um novo olhar para os novos talentos. Um quadro tem alma, vida própria, não precisa combinar com sofá ou cortina. Um bom quadro, feito por um bom artista deve ser atemporal.
Que estilo de arte está em evidência no momento? O que o público está consumindo?
As Feiras, Bienais e exposições é um termômetro. Felizmente, os artistas brasileiros estão tendo maior visibilidade no exterior o que acaba refletindo no Brasil. Artistas como Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Os Gêmeos, Kobra e Romero Britto são bons exemplos de artistas que fazem sucesso comercial, mas nem todos, sucesso de crítica. Vejo com otimismo que as pessoas estão tendo uma maior proximidade com a arte. Há pessoas que me procuram para comprar meus quadros que sei que não é uma prioridade, ou até que não tem dinheiro sobrando para isto. Mas, são pessoas especiais, que viajam para conhecer novos lugares e não comprar perfumes, que compram livros ao invés de sapatos e adquirem quadros ao invés de gastar em andanças exageradas em Shoppings. São pessoas que valorizam o ser e não o ter. E ter uma obra de arte de alguém que você admira é algo maravilhoso. Eu mesma adoro adquirir uma nova obra de quem aprecio.
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