CENTRO CULTURAL DANTE ALIGHIERI HOMENAGEIA IDA HANNEMANN

Os filhos da artista plástica Ida Hannemann recebem a medalha em homenagem à mãe.
Crédito: Katia Velo

Na última segunda, 10 de novembro, às 19h30 com apresentação do Coral Dante Alighieri e do pianista Thiago Lima foi aberta a exposição Mostra D’Arte 2014, evento realizado pelo Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Comitato Dante Alighieri, com o apoio do Consulado Geral da Itália, a Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná – APAP/PR e a Fundação Cultural de Curitiba por meio da Corrente Cultural.

A artista plástica curitibana, Ida Hannemann de Campos, foi aluna em 1941 do Instituto Dante Alighieri. Ida do alto dos seus 91 anos, 71 deles dedicados à arte: pintura, desenho, tapeçaria e poesia. A artista foi aluna de Guido Viaro de 1942 a 1944 e frequentou os cursos de gravura com Fernando Calderari e de escultura com Francisco Stockinger. Em seu extenso currículo com premiações nacionais e internacionais, no ano passado, foi realizada uma retrospectiva dos 70 anos da sua trajetória artística na exposição “Ida Hannemman de Campos, entre o pincel e a pena” no Museu Oscar Niemeyer com curadoria do professor Fernando Bini.

Ida Hannemann devido a um mal súbito não pode comparecer, mas em outra ocasião ela havia feito uma carta onde destaca as pessoas e uma época que devemos tratá-la como um  documento. Segue abaixo:

ANTIGO CASARÃO DA SOCIEDADE DANTE ALIGHIERI – CURITIBA

Ida Hanenemann de Campos

 

Recuando no tempo, lembro que quando estive pela primeira vez no na antiga Dante Alighieri em 1941, lá encontrei o artista italiano e professor Guido Viaro em seu ateliê/escola.

Naquela velha casa de esquina, na Praça Zacarias, teto baixo, assoalho frouxo, entulhada de telas, quadros, cavaletes, carteiras escolares, objetos de gesso, caveira, garrafas, que serviam de modelo, lampiões etc., chovia muito, além de goteiras, a enchente da Praça Zacarias era calamidade. A escola enchia e era acudir as telas, levantando-as; Quantas se perderam!  Nos fundos da casa, entre grossas paredes, entre luz e sombras perfeita geometria cubista.

Os modelos vivos eram pacientes, pés, mãos, rostos, barbas, risos, piadas espalhavam-se no alegre ambiente onde intelectuais ali se reuniam. Foram momentos especiais, ouvindo Erasmo Pilotto, Osvaldo Lopes, Turim, Serafim França, Nelson Luz, e outros.

Bakun na sua assiduidade, sempre com a sua pastinha debaixo do braço, sua vida particularmente comentada. Alunos, Nilo Previdi, Esmeraldo Blasi, saudosos Dalton Trevisan que já escrevia e Viaro ilustrava-os, Euro Brandão, Jeanna Gaboardi, Leonor Botteri e muitos outros. Dona Iolanda, esposa de Guido Viaro com seu filho Constantino, sempre apareciam na escola. Assim, neste ambiente pleno de poesia, sempre com um ar festivo de camaradagem e saber, frequentamos um curso livre, sem pretensões, apenas com o desejo intenso de aprender, desenha e pintar.

 Ainda não possuíamos a Escola de Belas Artes e ali no casarão Dante Alighieri, o mestre Viaro foi a estrela que surgiu entre nós, dando nos apoio, sempre na maior sinceridade, expandindo seu espirituoso saber, em palavras escritas no desenho, “inigualável” opinião de Freyesleben.  Um dia perguntei ao mestre que era também um aquarelista excelente, genial, o porquê de não pinta-las, pois todos admiravam suas aquarelas. E disse-me “justamente por isto”. Hoje compreendo perfeitamente o porquê.

Certa vez, chamou-nos a atenção pelo desenho muito certo, certíssimo: “Mais espontaneidade – Façam o espírito das coisas”! Não copiem, interpretem!

Se o desenho era fraco: “Falta fermento!”.

São inúmeros os casos significativos e as lembranças carinhosas do mestre e daquele ambiente artístico. Não me lembro no momento, sei apenas, que seus ensinamentos ficaram para sempre.

Continuemos, pois, neste processo, acompanhando a vida neste ato espontâneo e decisivo que é a evolução. Tudo vem na hora certa.

Serviço:
Exposição: Mostra D’Arte 2014
Local: Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Comitato Dante Alighieri
Endereço: Rua Desembargador Westphalen, 15 – Centro – Curitiba -PR
Visitação: De 11 a 21 de novembro de 2014
Horário: De segunda a sexta, das 10h às 19h. Aos sábados e domingos das 10h às 18h.
Entrada Franca
Classificação: Livre

 

Ida Hannemann representada pelos seus filhos e sua obra (ao fundo).
Crédito: Katia Velo

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