COLUNA KATIA VELO – JORNAL FOLHA DA MULHER – OUTUBRO/2014

FOLHA DA MULHER SJP – ED 32 – OUT-14 – Coluna Katia Velo

 

“O objetivo da Arte não é explicar as coisas, e sim, fazer com que possamos compreender nossas ações, sentimentos e emoções. E como é difícil compreendê-los!”.  Katia Velo

ARTE OU ANTI-ARTE?

Esta ideia de anti-arte, não é algo tão novo assim. Surgiu mais precisamente em torno de 1905 com Duchamp (aquele que virou ao contrário um urinol, lembra-se?) que percebeu e identificou em suas obras os primeiros indícios da sobrevalorização do conceito. O que veio a seguir foi a automação que de certa forma, esgotou o processo criativo, impulsionando o indivíduo (e por consequência, o artista), a valorizar o descartável, o banal, e o comum.
Dentro deste panorama de arte contemporânea (pós-moderna), surgiram várias tendências: “hard edge”, “actionpainting”, “art pop”, neofiguração, neo-expressionismo, minimalismos, e outros, são tantos que seria difícil descrevê-las, neste momento, e não é o foco em questão.

Longe do obter uma resposta, mas possíveis e indefinidos caminhos, a Arte como reflexo de manifestação e inquietação humana, parece não haver lugar para a abordagem destes temas, pelo menos de forma tão distinta. Talvez o argumento fosse que o homem moderno não vivencia mais a necessidade da experiência religiosa? E como explicar o fenômeno mundial de crescimento e disseminação das religiões e o aumento do fanatismo? Houve uma ruptura entre as questões religiosas, intelectuais, filosóficas a tal ponto que não existem resquícios entre um e outro?
O homem moderno se coloca como um ser absoluto do universo, será possível ainda pensar a experiência do sagrado? Será que o homo religiosus ainda sobrevive? Podem-se observar suas reminiscências nos rituais como: casamento, festas de debutantes, velórios, e outras mais.  Mas, o que virá depois?

31ª Bienal de SP

A Bienal de São Paulo está entre os três eventos  de Arte mais representativos no mundo, juntamente com a Bienal de Veneza (Itália) e a Documenta na cidade de Kassel (Alemanha). Diferentemente de uma exposição ou mostra que buscam apresentar a produção artística mais recente de um artista ou grupo de artistas,  estes eventos buscam provocar questionamentos. Neste ano, o título da 31ª Bienal de São Paulo – Como (…) coisas que não existem – é uma invocação poética do potencial da Arte e de sua capacidade de agir e intervir em locais e comunidades onde ela se manifesta. E, como acontece em todas as edições das Bienais de SP, esta também está cercada de manifestações. Se assim não fosse, não seria a Bienal como conhecemos.  A Bienal apresenta pensamentos, sentimentos e emoções do momento em que vivemos. E vivemos tempos complexos.

 “Dentro e em torno da 31a Bienal, por meio do que são fundamentalmente atos artísticos da vontade, as coisas que não existem podem ser trazidas à existência e, assim, contribuir para uma visão diferente do mundo. É provável que seja este, no fim das contas, o potencial da arte.” Texto extraído do catálogo da 31ª. Bienal de São Paulo

Informações:
Parque Ibirapuera • Portão 3 • Pavilhão Ciccillo Matarazzo
04094-000 • São Paulo • SP • Brasil
http://www.31bienal.org.br
http://www.bienal.org.br

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