Ybakatu Espaço de Arte abre a individual, O Norte e o Lugar, do artista André Rigatti.
Abertura: 29 de julho, Terça-feira, das 19H às 22H.
Período de exposição: de 30 de julho a 22 de agosto de 2014.
A Galeria Ybakatu Espaço de Arte inaugura no dia 29 de julho, terça-feira às 19h a mostra individual O Norte e o Lugar do artista André Rigatti. A exposição reúne trabalhos inéditos realizados entre 2013 e 2014, um conjunto de 11 pinturas em óleo e acrílica sobre tela. O curador e crítico de Arte Mario Gioia assina o texto da exposição. Sobre o artista: André Rigatti, artista visual, possui mestrado e graduação em artes visuais. A cor e o espaço estão entre seus principais interesses e são desdobrados em pinturas, gravuras, desenhos e vídeos. já realizou mais de 10 exposições individuais, entre elas na Galeria Vírgilio em 2013 e no Centro Universitário Maria Antonia em 2012, ambas em São Paulo. Participou de diversas exposições coletivas como BR 2013 na Galeria Virgílio e Espelho D’agua na Coleção Particular em SP e na mostra Novas Aquisições do Museu Oscar Niemeyer em Curitiba em 2012. Possui trabalhos em acervos e coleções públicas como do Museu Victor Meirelles em Florianópolis, Museu Oscar Niemeyer e Fundação Cultural de Curitiba.
Riscos interditos
O Norte e o Lugar, nova individual de André Rigatti, marca um momento de transformações e (por que não?) crise, num bom sentido, na produção do artista catarinense que se radicara em Curitiba. Pois em breve ele se instalará em Porto Velho, Rondônia, dando adeus ao Sul e fincando raízes no Norte deste país continental. A grande mudança não deixa de contaminar as telas apresentadas agora na galeria Ybakatu, na capital paranaense.
Por outro lado, O Norte e o Lugar atesta, mais uma vez, o contexto positivo em que a pintura se desenvolve atualmente no Brasil. Por tantas cidades e formações, é admirável a multiplicidade de investigações no meio e a consistência dessas proposições artísticas Brasil afora.
Posto essas duas linhas, expliquemos um pouco mais. Em mostras anteriores, como a apresentada no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, no ano de 2012, Rigatti parecia dar ao observador um vislumbre do além-superfície, do extraquadro, ?buracos?, como ele mesmo frisa, que se ligavam a uma cultura do fragmento, do não absoluto, do antiépico. Neste plano fora do chassi, o público poderia encontrar silhuetas de skylines, traços de telhados assobradados. Porém, sob outra visada, também projeções e rebatimentos de figuras geométricas com ritmos e elos próprios.
Em O Norte e o Lugar, o artista rasga tais procedimentos e parte para efeitos mais físicos e relacionados ao que podemos chamar de ?assunto pictórico?. Nos trabalhos de menor escala, em especial, linhas construídas pela deposição constante de camadas de tinta formam e sugerem alguns horizontes. O gênero paisagem, assim, é mais evidente e sobressai. Em um jogo de sedimentação e extirpação, construção e destruição, Rigatti utiliza procedimentos variados, alternando o uso do óleo e da acrílica, além da criação de campos de cor e a aceitação de acidentes mais próximos ao universo gráfico que ao pictórico. Nesses duelos esparramados em tais superfícies, vários duos têm embate: o abstrato e o figurativo, o orgânico e o geométrico, o matérico e o transparente, o carnal e o asséptico, a memória e a ?página? em branco, o grosso e o tênue.
Pois dessa ?crise? advinda da mudança, algo alquímica, a obra de Rigatti pulsa por sobre um vetor poético instável. Parece perceber a infinidade e o sem número de possibilidades em um mundo transbordado por imagens e informações, em circulação e velocidades recordes. É o campo de uma pintura expandida, que flerta com o tridimensional (não seria claramente para onde os ?buracos? anteriores caminhavam?), pisca para o desenho e, ao mesmo tempo, potencializa o mais singular do pictórico.
Num contexto mais amplo, a sólida obra do artista também encontra ecos em pares de geração e de linguagem, a destacar os de fora do eixo Rio-SP. É o feminino de Clarice Gonçalves, em Brasília, o fantástico e o autobiográfico de Thiago Martins de Melo, em São Luís, a expressão potente de Gelson Radaelli, em Porto Alegre, o imaginário refletido de Alan Fontes, em Belo Horizonte, entre tantos outros exemplos. Todos com pesquisa forte e resultados poéticos muito interessantes, mesmo que, por vezes, não ganhem tanta visibilidade.
E como a Amazônia ressoará em Rigatti? Ele optará por outros meios na trajetória? Algumas questões podem ser colocadas à tona, e as respostas, caso venham, devem apontar para outros nortes, movediços e inquietantes.
Mario Gioia, julho de 2014
Graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade deSão Paulo), coordena pelo quarto ano o projeto Zip’Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos de curadoria. Em 2013, assinou por tal projeto as curadorias das individuais de Ivan Grilo, Layla Motta, Vítor Mizael, Myriam Zini e Camila Soato. No mesmo ano, fez as curadorias da coletiva Ao Sul, Paisagens (Bolsa de Arte de Porto Alegre) e dasintervenções/ocupações de Rodolpho Parigi e Vanderlei Lopes na praça Victor Civita/Museu da Sustentabilidade, em SP. Foi repórter e redator de artes e arquitetura no caderno Ilustrada, no jornal Folha de S.Paulo, de 2005 a 2009, e atualmente colabora para diversos veículos, como a revista Select. É coautorde Roberto Mícoli (Bei Editora), Memória Virtual – Geraldo Marcolini (Editora Apicuri) e Bettina Vaz Guimarães (Dardo Editorial, ESP). Faz parte do grupode críticos do Paço das Artes, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), deDaniela Seixas. É crítico convidado do Programa de Fotografia 2012/2013 e do Programa de Exposições 2014 do CCSP (Centro Cultural São Paulo).
Ybakatu ? Espaço de Arte
Rua Francisco Rocha, 62 Lj. 06 Batel ? Curitiba ? PR
Tel: +55 41 32644752 | ybakatu@ybakatu.com.br | www.ybakatu.com
Skype: Ybakatu
Visitação de segunda a sexta, das 10h às 17h
Entrada franca.
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