PROJETO MÚSICA NO MUSEU (RJ)

Isabela Francisco estampa a capa do projeto MM de maio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Rio de Janeiro e a arte de Isabela Francisco têm lugar cativo no mês de maio, quando o projeto Música no Museu apresenta o celebrado Rio Harp Festival.

Reencontros muito bem vindos com a arte de Isabela, que tem o maior carinho com o projeto de Sergio da Costa e Silva:

“O Rio Harp Festival já faz parte do calendário cultural carioca, promovendo shows com artistas do mundo todo em torno do som desse instrumento tão especial, a HARPA. Grande a minha alegria de mais uma vez participar desse lindo projeto, que a cada ano vem nos surpreendendo e superando-se.” Declara Isabela Francisco.  

 

 

”  Gostei muito dos trabalhos da artista plástica Isabela Francisco.

Fogem do exibicionismo que tantas vezes desmerece as artes

plásticas em nosso país. São composições em relevo simples e

brancas, bonitas, transmitindo aos ambientes onde são expostas

um pouco da serenidade que a vida moderna reclama. “

Oscar Niemeyer

 

 

 

A PAISAGEM ENCANTADA de Isabela Francisco, por Marcus Lontra:

 

           ” Há, entre a paisagem carioca e a personalidade de Isabela Francisco, uma perfeita simbiose. O Rio recusa a linha reta, a forma aberta e definida e a amplidão espacial. Seus morros projetam-se sobre o mar e a cidade se espalha – e se espraia – por essas frestas, por essa infindável sucessão de dobras e recortes. A pintura para Isabela Francisco é instrumento de beleza e sedução. Ela se projeta sobre o suporte, seja linho ou alumínio, com a ferocidade daqueles que fazem da paisagem a sua razão de ser, o seu corpo, suas vísceras, seu desejo.

 

          Essa é a permanente presença do barroco tão bem compreendido e vivenciado pela artista. Tudo aqui conspira, inspira, aspira ao espetáculo. Toda a pintura da artista é palco de formas e cores contrastantes, composição aberta aos olhares inquietos. 

 

             Para Isabela Francisco, conceito e emoção dialogam e se integram através da práxis. Para ela a arte é um permanente exercício de experimentação, e para que ocorra a necessária transcendência do real – essência da arte – é fundamental um profundo conhecimento dos meios técnicos que permitem à artista construir imagens de forte impacto e contundência visual. Por isso, o conhecimento técnico, o amplo domínio das tintas e pincéis, não se torna jamais um impedimento. Ao contrário, a necessária ação artesanal pictórica contribui efetivamente para o surgimento de um universo de cores, formas e volumes que, integrados transcendem a realidade objetiva e encontram eco e abrigo no universo da arte.

               Sobre ícones da paisagem carioca, a artista acrescenta uma alegoria arrojada composta por círculos e retângulos articulados como um colar de estrelas coloridas e vibrantes. A artista percorre tempos e espaços variados, visita o barroco e a arte pop, caminha pela alegoria e pelo construtivismo, elaborando uma musicalidade de notas dissonantes que, graças a seu talento, acabam por criar uma obra íntegra e curiosa que permite ao espectador inquieto descobrir belas relações entre a forma e a cor. Nesse sentido, dentro de um certo espírito matissiano, Isabela não teme o kitsch nem o popular. A sua pintura, sofisticada na sua composição formal, incorpora o tropicalismo, a aura carnavalesca e sedutora que simboliza e sintetiza o Rio de Janeiro.

 

               Se nas telas tradicionais a artista parece entender – dentro do sentimento barroco – o espaço branco e vazio como um inimigo a ser vencido e superado com o auxílio da matéria pictórica volumosa e, na maioria dos casos, de cromatismo vibrante, a estratégia se diferencia quando Isabela atua com suportes metálicos. A superfície prateada e impessoal do suporte é inteligentemente apropriada pela artista, que usa a cor como elemento contrastante ao mesmo tempo em que interfere com incisões que a aproximam de determinados procedimentos técnicos relacionados com a gravura em metal. Tais ações revelam uma artista sensível e corajosa com domínio de seus meios técnicos e que a partir deles consegue criar um repertório diversificado e pessoal. O estilo Isabela Francisco não surge como uma imposição; ele é o resultado de um processo determinado pela pesquisa e pelo compromisso com a experimentação.

 

                  Num determinado momento do século passado as estratégias da vanguarda pareciam condenar o artista a uma eterna e injusta luta contra o tempo. Passado o tempo das Utopias, o artista contemporâneo encontra-se liberto para retomar os rumos de sua própria história. Isabela Francisco atua nessa nova realidade: as suas pinturas são objetos belos e sedutores que procuram encantar os olhares cansados do Ser contemporâneo. Aqui, o que se evidencia é a ação humana, a construção de uma realidade encantada, construída com tintas e pincéis, mas também, e principalmente, com o talento e a coragem de uma artista que acredita na força transformadora da arte e cumpre, com seriedade e modéstia, o seu papel de agente transformador do mundo e da nossa realidade.

                Hoje a artista se encontra numa nova fase onde o corpo é o assunto principal das suas pinturas . Nesse mundo repleto de imagens e eventos virtuais, a artista faz da poética corporal o seu principal instrumento de valorização da realidade pictórica. Seja através de pinceladas carregadas de matéria e potência, seja através de impressões sobre a tela crua, realizadas a partir de movimentos de seu próprio corpo desnudo.

 

 Isabela cria obras de grande impacto visual, incorporando uma gestualidade que dialoga com J.Pollock e a ela incorpora propostas estéticas de sensível relação com ícones da arte de nossos dias atuais como Yves Klein e Ana Mendieta.

 

Isabela cria, transforma, transfigura e processa essas informações com a sofreguidão e a virulência de um moedor; tudo aqui é regido pelo ímpeto, pela gestualidade expressiva e contundente, que corporifica o talento e a ousadia da artista.

 

 É um sensual e poderoso discurso sobre o amor e a vida construído com as armas da arte: tintas, lágrimas, suores, violência, ternura, paixão. ”

 

Marcus Lontra  

Crítico de arte e curador

 

 

 

 

Agradecimentos à Isabela Francisco, que hoje reside em Lisboa, onde desenvolve o seu trabalho. “Vida que segue”.

 

Veja : www.isabelafrancisco.com.br  

 

 

*****

Sonia Madruga

cuidadora da arte que ilustra mensalmente as capinhas do Projeto Música no Museu.

 

 

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*