Ateliê Aberto discute as fronteiras da cidade

 

Um lugar ao sol. Gabriel Mascaro. still do filme

Mostra de vídeos e bate-papo nos dias 24 e 25 de abril abordam o duplo
sentido de inclusão e exclusão das fronteiras da cidade. Entrada gratuita

Nos dias 24 e 25 de abril, o Ateliê Aberto promove o CineCaverninha, com exibição de vídeos e também conversas com os curadores da mostra no porão do edifício, no bairro campineiro Cambuí. Parte da programação do Módulo I do projeto Código Aberto, patrocinado pela Petrobras, a mostra avança na discussão da cidade, atrelada à exposição de artes em exibição – coletivo SHN (aberta a visitação até o dia 23 de maio). A programação do CineCaverninha do mês de abril se atém as possibilidades e as fronteiras do espaço urbano, para além de políticas públicas. Para tanto, foram convidados a artista e curadora mineira Francisca Caporali e o arquiteto venezuelano Alejandro Haiek, que assinam sua curadoria.

Segundo os curadores, “a crítica às organizações espaciais impermeáveis, pouco fluidas, que nos conduziram aos trabalhos audiovisuais que compõe esta mostra. Todos, cada um a sua maneira, mostram que a fronteira é sempre dupla, nunca uma única linha de separação ou transgressão que chega a um vazio, e sim uma linha que beira dois lados e que tem a função de inclusão e exclusão”.

 
“Como pular uma cerca” explora os limites quase invisíveis que separam a paisagem natural dos arredores de Belo Horizonte e os condomínios de luxo. Já “Um lugar ao sol” evidencia uma fronteira de altimetria existente mesmo entre os condomínios mais ricos, mostrando moradores de coberturas que se gabam de nunca serem vistos por outros. Em “Danger keep out”, um homem desrespeita regras e se expõe ao perigo anunciado, e “Newtown Creek” mostra a falta de cuidados com as fronteiras urbanas naturais. “Circunvalación” trata de uma fronteira concreta e de um urbanismo contemporâneo que, assim como o blindex dos edifícios ricos, tenta separar áreas das cidades de uma maneira mais imperceptível, mas não menos eficaz.
 
Além de um debate com os curadores da mostra, Alejandro Haiek participa de uma Conversa Aberta referente ao seu projeto “The Public Machinery”, propondo a produção de novas práticas e modelos de gestão urbana, refletindo sobre o papel disciplinar do arquiteto, do urbanista e do artista na construção da cidade como um suporte físico e operacional da sociedade contemporânea.
 
A exposição Módulo I – Cidade do coletivo SHN (Americana) continua aberta a visitação do público até o dia 23 de maio, com entrada gratuita.
 
Programação:
 
24.04, quinta-feira – programa I – Sessões: 14h00 / 16h30 / 18h30
 
“Um lugar ao sol”, de Gabriel Mascaro (duração 71′ / Brasil, 2009)
Sinopse: O documentário aborda o universo dos moradores de coberturas de prédio das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O diretor obteve acesso aos moradores das coberturas através de um curioso livro que mapeia a elite e pessoas influentes da sociedade brasileira. No livro são catalogados 125 donos de cobertura. Destes 125, apenas 09 cederam entrevistas. Através dos depoimentos dos moradores de cobertura, o filme traz um rico debate sobre desejo, visibilidade, insegurança, status e poder, e constrói um discurso sensorial sobre o paradigma arquitetônico e social brasileiro.
 
25.04, sexta-feira – programa II – sessões: 14h00 / 17h00
 
“Como pular a cerca”, de thislandyourland*, (duração 05’28″/ Brasil, 2010)
Sinopse: Para realizar um passeio ecológico de domingo foram necessárias negociações, jeitinhos, invasões, pular muros e cercas para garantir o acesso a diversas áreas pertencentes a empresas, condomínios, mineradoras e reservas ambientais. Com a privatização das terras da região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), os acessos aos bens naturais são cada vez mais restritos. Temos dificuldade em ver o que é público como nosso. Podemos ver o que é privado como nosso?
*Thislandyourland é formado pelas artistas Ines Linke e Louise Ganz e desenvolve trabalhos em diversas mídias que relacionam arte, natureza e cidade.
 
“Danger keep Out”, de Ricardo Mehedff e Francisca Caporali (duração 4′ / Nova York, 2009)
Sinopse: Em uma típica manhã, os percalços de um homem que procura um lugar para ler seu jornal ao sol. O video foi criado durante o workshop com a artista iraniana Shirin Neshat, que lançou ao grupo o exercício de pensar bordas e fronteiras.
 
“Newtown Creek”, de Laura Chipley (duração 10′ / Nova York, 2010)
Sinopse: O Newtown Creek é uma das massas de água mais poluídas nos Estados Unidos. O vídeo revela um mundo oculto das águas que separam os distritos de Brooklyn e Queens. Newtown Creek foi inicialmente criado para compor a instalação “Forest” do coletivo Urban Homesteading Project.
 
“Circunvalación”, de Pilar Ortiz (duração 22’01 / Chile, 2010)
Sinopse: o documentário mergulha nas novas vias urbanas de Santiago e seu impacto sobre a paisagem, bairros e comunidades. Viajando pelo Circunvalación Américo Vespucio, o vídeo explora através observação do espaço urbano e entrevistas com pessoas envolvidas e afetadas por este grande projeto. Através da navegação de paisagens e narrativas, podemos evidenciar os conflitos decorrentes do grande desenvolvimento econômico do país e da forma como o espaço urbano é criado em Santiago (Chile).
 
25.04, sexta-feira | conversas abertas
 
“The Public Machinery”, das 15 às 16h30, conversa aberta com o arquiteto venezuelano Alejandro Haiek. The Public Machinery se concentra na produção de novas práticas e modelos de gestão urbana, refletindo sobre o papel disciplinar do arquiteto, do urbanista e do artista na construção da cidade como um suporte físico e operacional da sociedade contemporânea. Propõe um inventário de ações que permitam trazer um novo olhar para a noção de mecanismos de cidadania e participação dentro do que chamamos de urbanismo tático, que é promovido por seus habitantes, e não unicamente por políticas públicas.
 
18h30. Bate-papo com os curadores da mostra, o arquiteto Alejandro Haiek e Francisca Caporali
 
Alejandro Haiek é diretor do LabProFab e do projeto The Public Machinery. Mestre em Projeto Arquitetônico pela Universidade Central da Venezuela, já atuou como professor convidado no Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Japão, México, Nova Zelândia, Porto Rico, EUA e Venezuela. Sua atividade está focada em projetos que promovem dinâmicas sociais e culturais, incluindo a arte, ciências aplicadas e inteligência local.
 
Francisca Caporali é uma das fundadoras do JA.CA – Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia, onde, atualmente, exerce a função de Coordenadora Artística. Desde 2012 é professora da Escola Guignard – UEMG. Francisca graduou-se em Comunicação Social pela UFMG, tendo concluído Master em Arte, pelo MECAD / ESDi, em Barcelona e em Fine Arts, pelo Hunter College de Nova Iorque, com bolsa da American Association for University Women. Participou de várias residências como artista e gestora, além de ter organizado exposições e eventos, destacando-se o Noite Branca no Parque, em 2012.
 
Ateliê Aberto
 
O Ateliê Aberto é um organismo que investiga, idealiza e fomenta novos processos de gestão e criação em cultura contemporânea. Este laboratório permanente de processos colaborativos e de convívio é estruturado em três frentes coexistentes que se relacionam: espaço cultural, criação de projetos e prestação de serviços.
 
Para se relacionar com o seu entorno, o Ateliê propõe residências, ações, exposições, intervenções, mostras e debates ampliando as possibilidades de criação e pesquisa dentro do circuito da arte contemporânea. Com o objetivo de desenvolver essas relações e formar público, o espaço se tornou um articulador de ideias e experiências, promovendo reflexão social, cultural e política, trazendo à tona novas possibilidades de compreender nosso contexto.
 
Nessa busca constante, o Ateliê Aberto expande o espaço físico de sua sede e os espaços expositivos convencionais, rompendo também o distanciamento entre diferentes áreas do conhecimento e aproximando o público dos artistas.
 
Serviço:
Evento: exibições Cine Caverninha
Dias 24 e 25 de abril
Entrada gratuita
 
Evento: exposição do coletivo SHN
Período expositivo: de 08 de abril a 23 de maio de 2014
Horários: de segunda a sexta, das 14 às 19 horas
Entrada gratuita
Para agendamento em outros horários e dias: atendimento@atelieaberto.art.br
 
Ateliê Aberto
+55 19 3251 7937
Rua Major Sólon, 911 – Cambuí
Campinas – SP – BR | CEP 13024-091

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